Henrico parecia petrificado. Seu rosto não expressava nenhuma reação, o que a princípio preocupou Benjamim bastante. Ele não deveria se sentir assim, afinal desprezava Antonela e não a considerava mais sua filha, porém Henrico foi perdendo as forças nas pernas e só não caiu porque o próprio Benjamim o aparou. — Não precisávamos ter essa conversa agora – Alessia estava histérica e não havia nenhuma preocupação com o estado do seu pai – eu iria contar a ele, mas você não confiou em mim. — Temos muito o que conversar – Benjamim olhou para ela com desprezo. Era inacreditável que ela não se importasse com o estado de Henrico – mas agora preciso socorrer o seu pai. Carlota foi chamada às pressas pela empregada e sugeriu que chamassem um médico, mas Henrico logo foi se recuperando e seu rosto ganhou tom de cores que limpava toda a palidez. Seu olhar recaiu sobre Alessia. Ela se encolheu, sabendo o quanto ele estava furioso. A última coisa que Alessia pretendia era deixar Henrico frustrado
Quando ela chegou na fazenda a pé, ventava bastante, indicando que uma tempestade cairia em breve. Antonela enxugou a última lagrima que caiu do seu rosto, prometendo que não choraria mais devido a Benjamim. Ainda inconformada, ela se lembrava das palavras de Vladir ao dizer a ela que Benjamim havia a abandonado no altar porque ela era defeituosa e incapaz de lhe dar herdeiros. Se ele soubesse que Antonela não somente era capaz, como havia dado um filho a ela, morreria de arrependimento. Quem inventaria tal mentira sobre ela ao ponto de fazer Benjamim desistir do casamento? E, porque mesmo sabendo que ela era perfeitamente capaz, não retrocedeu? Eles tiveram uma noite juntos. Benjamim pode constatar que ela não tinha defeito algum. Como ele pode ser tão arrogante naquele ponto? Ela entrou da casa sentindo seus pés arderem de dor. Havia caminhado mais de oito quilômetros a pé. Adam correu na direção dela, a abraçando e era como se aquele abraço aliviasse toda a tensão que havia s
Benjamim levantou uma sobrancelha ao perceber que Antonela continuava parada no mesmo lugar. Seu rosto não era nada amigável. Seus olhos cinzentos emitiam uma áurea fria e mortal. Dominique balançou Antonela, para que ela se movesse e obedecesse às ordens de Benjamim. Entendendo o recado e um pouco resignada, ela caminhou até ele, passando entre o vão da porta e sem perceber, encostando seu corpo no dele. O toque foi rápido, mas causou arrepios involuntários nela que foi impossível de evitar. Embora fizesse muito tempo, Benjamim ainda conseguia mexer com os sentimentos que Antonela negava sentir por ele. Assim que a porta se fechou e eles ficaram sozinhos no escritório bem iluminado, a expressão no rosto dele mudou. Com as mãos enfiadas nos bolsos, ele deu um passo à frente, ficando próximo demais dela. Antonela odiava a sensação que ele causava nela. Queria fugir, ficar o mais longe possível dele, mas era impossível. Benjamim jamais a deixaria em paz. — Por que não obedeceu
Antonela saiu da sala tão desnorteada, que esbarrou na secretaria de Benjamim, fazendo a moça derrubar as várias pastas que segurava. Ela olhou para trás, imaginando Benjamim vindo atrás dela, mas a porta do escritório permanecia fechada. — Me desculpa – ela gaguejou quando seu olhar se encontrou com o da moça, que inclinava o corpo para pegar as pastas do chão – vou ajudá-la com isso. — Você parece estar com medo – ela comentou, quando Antonela desviou o olhar e entregou para ela a última pasta – o senhor Benjamim assusta às vezes, mas ele é um bom homem. Antonela discordou silenciosamente. Se levantou, limpando as mãos soadas na calça de alfaiataria e saiu de perto da mulher sem dizer uma palavra sequer. Voltou para sua mesa, mas sabia que não conseguiria se concentrar no trabalho. Fechou os olhos, concentrando nas batidas do seu coração, para se acalmar, quando a voz de Dominique rompeu com todo o seu esforço. — Como foi com o chefão? Ela soltou o ar com urgência e demorou pa
Quando o fim do expediente terminou, Antonela segurou pelo braço de Dominique e saiu a arrastando pela rua. — Antonela, o que você está fazendo? – livre de suas mãos, Dominique respirou aliviada – isso tudo é medo do Benjamim? Antonela revirou os olhos e entrou no Chevette. Quando Dominique sentou-se ao seu lado e ligou o veículo e dirigiu, ela finalmente respondeu à sua pergunta. — Por que todo mundo acha que eu tenho medo dele? – o deboche se insinuou na expressão de Antonela – ele quer que eu vá a uma reunião na casa dele, vestida de gala. Dominique ficou momentaneamente atordoada com a revelação dela. Boquiaberta e a surpresa piscando em seus olhos. — O Benjamim realmente quer você por perto – as palavras de Dominique provocaram uma mudança na expressão de Antonela – então precisamos nos apressar, e procurar algo para você vestir. — Ele está me castigando, não tem outra explicação – ela bufou, jogando a cabeça para trás e fechando os olhos – onde vou arrumar um vestido de g
Antonela Bianchi, sentou-se no pequeno banco que ficava no balcão do bar mais badalado da cidade. Requisitou um copo de conhaque, bebendo-o de uma só vez. Ela não se importava se ainda estava vestida de noiva ou se seria o assunto principal da cidade, ela só queria esquecer que havia sido abandonada no altar. Pediu outra rodada, para afastar os pensamentos sobre aquele dia. Antonela foi conduzida a aceitar um casamento arranjado, com um homem que ela só conhecia o nome. Embora não conhecesse suas origens, ela ficou animada. Benjamim era um homem rico, ofereceria a ela um futuro bom e ela esperou ansiosamente por aquele casamento, terminando frustrada. A igreja estava lotada, a música alta preenchia o ambiente, camuflando o tumulto interior que Antonela sentiu quando recebeu a notícia que o noivo já não viria. Aos vinte e dois anos, ela viu os seus sonhos de construir uma família e ter filhos reduzido a nada. Saiu da igreja e ao invés de se trancar em um quarto, ela foi para o bar.
— Como conseguiu fazer isso? – O rugido furioso de Henrico fez Antonela se encolher. Ela mal havia colocado os pés em casa e o seu pai já descontava toda a sua frustração. — Olhe para você – os olhos furiosos dele, passeou por cada centímetro do corpo dela – está uma maltrapilha, desfilando pela cidade com esse vestido de noiva rejeitada. Você é uma vergonha para nossa família. Francesca se aproximou com rosto vermelho de vergonha, mas Antonela não se deixou abater. Deveria estar acostumada com o modo arrogante que o próprio pai a tratava, mas ela ainda tinha esperança de amolecer aquele coração tão duro, isso se esvaziou quando ela foi abandonada no altar. — Não fale uma coisa dessa Henrico – Francesca recriminou o marido, com um olhar severo e depois se virou para olhar para Antonela – que culpa a menina tem de ter sido abandonada? Do outro lado da sala, Alessia, a irmã mais nova, ria baixinho, mas não o suficiente para que todos ouvissem. No fundo, ela vibrava por Antonela nã
— Precisamos sair daqui – Antonela se rastejou agachada, enquanto agarrava na mão de Dominique e ia pela escada de emergência. — O que você está fazendo amiga? – ela interceptou Antonela no meio do percurso, olhando em seus olhos assustados – você tem uma entrevista de emprego. — Eu não posso trabalhar aqui – disse e, quando sentiu que o coração iria explodir, parou, encostando na parede atrás dela e deslizou o corpo até os degraus – eu sei que o meu pai vai querer me matar quando souber que eu não fiz a entrevista, mas eu não posso trabalhar para o Benjamim. Para o homem que me abandonou no altar e depois, fingindo que não me conhecia, me levou para a cama. — Você não é tão inocente assim, Antonela – Dominique se agachou e, percebendo o desespero da amiga, tentou ser solidária – mas ele é um deus grego, quem resistiria a tanta beleza? Seus olhos se estreitaram em reprovação ao comentário de Dominique. Percebeu que, no fundo, ela só tentava ajudar. Mas naquele caso, não havia mu