Capítulo 3

Vicente

Parece que os meus problemas não têm fim nunca. Acho que agora entendi o porquê dos meus pais tentarem evitar que eu viesse trabalhar hoje. Eles simplesmente contrataram uma idiota inexperiente para ser a minha secretária.

Depois do banho de café quente que ela me deu, mandei que ela resolvesse o problema com as minhas roupas e consegui o primeiro momento de descontração do meu dia, já que tive que me segurar para não rir quando ela ficou corada e assustada quando me viu praticamente sem roupa. Eu poderia ter sido mais cavalheiro, mas ela mereceu.

Quando finalmente estava apto a trabalhar novamente, descobri que o meu pai mandou adiar a minha agenda. Eu era o CEO daquela empresa e mesmo ele sendo o presidente, não tinha o direito de fazer aquilo, pois tirava a minha autoridade e fazia com que eu parecesse fraco e tudo o que eu não admito é me sentir fraco.

Depois que dispensei a secretária novata, fiquei sozinho por um tempo para organizar a minha mente e percebi que o Nick não estava ali e resolvi ligar para ele, afinal, ele é o meu assistente.

ㅡ Nick, por que razão eu estou olhando para a sua mesa e não estou te vendo?

ㅡ Vicente, não acredito que já voltou. O seu pai disse que iria te segurar em casa até o fim de semana.

ㅡ Até parece que ele iria conseguir. Já pode voltar para o trabalho, preciso organizar a minha vida o quanto antes.

ㅡ Foi mal, Vicente, mas não vai dar. Achei que o João tinha te falado, mas eu não vou voltar ao trabalho. O meu casamento é daqui a dois meses e eu preciso trabalhar em um lugar que me permita ter uma vida saudável. Você trabalha vinte e quatro horas por dia e ainda me arrasta junto. A Laura não pode nem ouvir o seu nome.

ㅡ Eu não acredito que você está largando o seu trabalho por causa de mulher! Será que a Laura vai gostar quando os luxos dela forem cortados, afinal, vai ser difícil arrumar um emprego que pague bem como eu te pago.

ㅡ Então... eu vou continuar trabalhando na firma, apenas fui transferido de função. Foi o presente de casamento do seu pai.

Eu não aguentei e desliguei o telefone. Parece que eu ia ter que começar tudo do zero, mas isso, apesar de chato, não era um problema para mim. Eu não ia parar o meu trabalho porque alguns funcionários da minha equipe não aguentaram a pressão. Agora, o que me restava era ir atrás da novata e reorganizar a minha agenda da semana e marcar algumas entrevistas para contratar um novo assistente.

Quando cheguei na recepção, não a encontrei e decidi esperar por ali mesmo, já que devia estar para o almoço, porém, depois de cinco minutos, não aguentei e desci até o restaurante da empresa, onde os funcionários faziam as suas refeições. Percebi o silêncio que se formou quando eu cheguei, mas ignorei e caminhei até ela que estava olhando distraída para o seu celular e disse:

ㅡ Vamos, já demorou tempo demais aqui.

Bela

Eu mal comi, mas ficar um pouco sozinha até que estava me fazendo bem porém, o meu telefone tocou e eu vi que era o Robert. Com toda a certeza não queria sair como o errado da história e iria contar a sua versão. Eu acabei não resistindo e atendi.

ㅡ Acho que não temos mais nada para conversar ㅡ disse a ele de forma seca.

ㅡ Se não tivesse nada para conversar comigo, não teria me ligado àquela hora.

ㅡ Eu queria conversar um pouco, achei que éramos amigos, mas pelo visto não passei de uma aposentadoria fracassada, já que agora eu sou pobre.

ㅡ Eu não estava fazendo nada demais, apenas me aliviando um pouco com uma mulher que vive dando em cima de mim. Não queria que você ouvisse nada daquilo, mas não pense que eu ia falar da mulher que eu mais amei na vida para uma mulher de fim de noite. Mais tarde eu vou passar no seu apartamento para a gente conversar.

Quando eu ia responder que não queria falar com ele, ouvi o som da ligação sendo encerrada. Ele não quis saber ao menos o que eu achava.

Definitivamente eu não queria vê-lo hoje, pois estava tão carente e cansada que corria o risco de não resistir a ele, assim como foi das outras vezes que a gente se encontrou após o término. Ele me evita e quando sente vontade, me usa, se satisfaz no meu corpo e some por um tempo. Eu me sinto tão suja quando isso acontece, mas não sei o que fazer, já que não vou conseguir impedir que ele vá até a minha casa.

De repente, ainda perdida em meus pensamentos, escuto uma voz que arrepia todo o meu corpo:

ㅡ Vamos, já demorou tempo demais aqui.

Eu dei um pulo da cadeira e respondi:

ㅡ O que o senhor está fazendo aqui? Poderia ter me ligado.

ㅡ Pelo o que eu sei, sou CEO da empresa e o principal herdeiro. Acho que posso ir aonde quiser. De qualquer forma, você está certa, eu poderia ter ligado, mas a minha competente secretária ao menos se apresentou. Se eu não sei o seu nome, acha que saberei o telefone?

Eu já estava constrangida o suficiente e por isso, encerrei logo aquela conversa e segui aquele brutamontes, que parecia estar gostando de toda aquela exposição.

Assim que entramos no elevador, ele começou a me dar ordens, como se nada tivesse acontecido, mas eu tomei coragem e o interrompi.

ㅡ Bela Porto, sou sua nova secretária. Estou à disposição para caso precise de alguma coisa ㅡ disse a ele enquanto entregava um cartão de visita com o meu telefone.

Ele então me olhou por um momento. Nunca um olhar me estremeceu tanto, mas não era medo, era como se ele pudesse ler a minha mente. Senti a minha respiração falhar, ainda mais quando ele deixou de olhar os meus olhos e começou a percorrer o meu corpo, como se pela primeira vez estivesse me olhando e não apenas ignorando a minha existência como estava fazendo antes.

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