Uma dor insuportável invadiu a cabeça de Antonela. Sua testa estava manchada de sangue, enquanto Dominique pressionava um guardanapo para estancar o sangue. — Vamos para o hospital – ela segurou pelo braço de Antonela na intenção de levá-la para cuidados médicos, mas Antonela estava irredutível. — Você está pedindo para perder esse emprego, Dominique – obrigou-a a parar e olhar em seus olhos – você precisa se preocupar em convencer o seu chefe a desistir dessa ideia maluca de saber onde moramos. Dominique revirou os olhos e sentiu que perderia a paciência com a teimosia de Antonela. — Você acredita que alguém pode convencer o Benjamim a alguma coisa? – Ela soltou um sorriso que deixou Antonela confusa – aquele homem é autoritário e consegue tudo o que quer. O que posso fazer é voltar para minha antiga casa e convencê-lo de que nós duas estamos morando juntas. — E o que faço com o Adam? – Antonela sussurrou, enquanto se certificava de que Benjamim não estava por perto para ouvi-l
— Pare o carro imediatamente – Antonela exigiu, mas foi completamente ignorada. Percebendo que ele não faria, ela puxou o freio de mão. As rodas do eixo traseiro travaram e o carro rodou no meio da pista movimentada, seguindo a direção do volante, quase causando uma tragédia. Quando o veículo finalmente parou, houve uma batida na traseira, fazendo Benjamim se machucar. — Você está louca, Antonela? – Ele colocou a mão na testa quando percebeu o sangue escorrer. Com a visão turva e os sentidos abalados, ele mal havia percebido o motorista do outro veículo se aproximando e, quando Benjamim saiu para conversar, levou vários socos no rosto. A polícia precisou ser acionada. Antonela correu para socorrer Benjamim, que agora sangrava, caído no meio do asfalto. Seus olhos ficaram glaciais quando ele a viu. — Agora nós dois vamos parar em um hospital – ele disse com arrogância, fazendo Antonela se assustar. Quando se recompôs do susto, ela se levantou. Não permitiria que ninguém a humilh
Benjamim balançava a cabeça enquanto olhava para as algemas que espremiam seus pulsos. Aquilo era gelado e dava a ele uma sensação de vulnerabilidade. Benjamim odiava se sentir assim. — É mesmo necessário tudo isso? – ele levantou os punhos, mostrando o objeto reluzente ao delegado – Não me lembro de ter machucado alguém hoje. Ao contrário, estou ferido e precisando de cuidados médicos. Exijo que me solte imediatamente. Ele se levantou para encarar Benjamim e parecia ter ressentimentos contra o bilionário mais famoso da cidade. Olhou para ele com desdém e um sorriso debochado surgiu em seus lábios. — Não é porque você é o homem mais rico dessa cidade que vou cumprir ordens suas, senhor Dylon – Benjamim já esperava por aquilo – você manda nos seus funcionários e eu não sou um deles. Benjamim se lamentou de ter que encontrar Vladir naquela situação. O delegado esperava apenas uma oportunidade para fazê-lo pagar por sua soberba. Ele jamais se esqueceria da humilhação que ele fez sua
Benjamim parou ainda no meio da rua, com o sol já se pondo entre as montanhas e mal pode acreditar que Antonela tinha tanto poder, para deixá-lo tão atordoado. Envolvido pelo tumulto dos jornalistas, que inacreditavelmente havia esperado ele sair, cercaram ele com perguntas. Ele não estava disposto e nem com muita paciência para responder nenhuma delas e depois de muito pensar, e conseguir finalmente se livrar da pressão jornalística ele decidiu voltar para casa. Que se dane o que eles dirão depois. Ainda que essa não fosse uma decisão inteligente, tudo o que Benjamim almejava naquele final de dia era tomar um demorado banho e descansar. Seus planos foram frustrados assim que ele entrou em casa e se deparou com Carlota aos prantos. — Os jornais diziam que você havia sido preso – ela o agarrou com força – o que está acontecendo com você Benjamim? Primeiro cancela a festa de noivado e logo em seguida é detido? — Não está acontecendo nada mãe – ele revirou os olhos e se afastou – foi
Henrico parecia petrificado. Seu rosto não expressava nenhuma reação, o que a princípio preocupou Benjamim bastante. Ele não deveria se sentir assim, afinal desprezava Antonela e não a considerava mais sua filha, porém Henrico foi perdendo as forças nas pernas e só não caiu porque o próprio Benjamim o aparou. — Não precisávamos ter essa conversa agora – Alessia estava histérica e não havia nenhuma preocupação com o estado do seu pai – eu iria contar a ele, mas você não confiou em mim. — Temos muito o que conversar – Benjamim olhou para ela com desprezo. Era inacreditável que ela não se importasse com o estado de Henrico – mas agora preciso socorrer o seu pai. Carlota foi chamada às pressas pela empregada e sugeriu que chamassem um médico, mas Henrico logo foi se recuperando e seu rosto ganhou tom de cores que limpava toda a palidez. Seu olhar recaiu sobre Alessia. Ela se encolheu, sabendo o quanto ele estava furioso. A última coisa que Alessia pretendia era deixar Henrico frustrado
Quando ela chegou na fazenda a pé, ventava bastante, indicando que uma tempestade cairia em breve. Antonela enxugou a última lagrima que caiu do seu rosto, prometendo que não choraria mais devido a Benjamim. Ainda inconformada, ela se lembrava das palavras de Vladir ao dizer a ela que Benjamim havia a abandonado no altar porque ela era defeituosa e incapaz de lhe dar herdeiros. Se ele soubesse que Antonela não somente era capaz, como havia dado um filho a ela, morreria de arrependimento. Quem inventaria tal mentira sobre ela ao ponto de fazer Benjamim desistir do casamento? E, porque mesmo sabendo que ela era perfeitamente capaz, não retrocedeu? Eles tiveram uma noite juntos. Benjamim pode constatar que ela não tinha defeito algum. Como ele pode ser tão arrogante naquele ponto? Ela entrou da casa sentindo seus pés arderem de dor. Havia caminhado mais de oito quilômetros a pé. Adam correu na direção dela, a abraçando e era como se aquele abraço aliviasse toda a tensão que havia s
Benjamim levantou uma sobrancelha ao perceber que Antonela continuava parada no mesmo lugar. Seu rosto não era nada amigável. Seus olhos cinzentos emitiam uma áurea fria e mortal. Dominique balançou Antonela, para que ela se movesse e obedecesse às ordens de Benjamim. Entendendo o recado e um pouco resignada, ela caminhou até ele, passando entre o vão da porta e sem perceber, encostando seu corpo no dele. O toque foi rápido, mas causou arrepios involuntários nela que foi impossível de evitar. Embora fizesse muito tempo, Benjamim ainda conseguia mexer com os sentimentos que Antonela negava sentir por ele. Assim que a porta se fechou e eles ficaram sozinhos no escritório bem iluminado, a expressão no rosto dele mudou. Com as mãos enfiadas nos bolsos, ele deu um passo à frente, ficando próximo demais dela. Antonela odiava a sensação que ele causava nela. Queria fugir, ficar o mais longe possível dele, mas era impossível. Benjamim jamais a deixaria em paz. — Por que não obedeceu
Antonela saiu da sala tão desnorteada, que esbarrou na secretaria de Benjamim, fazendo a moça derrubar as várias pastas que segurava. Ela olhou para trás, imaginando Benjamim vindo atrás dela, mas a porta do escritório permanecia fechada. — Me desculpa – ela gaguejou quando seu olhar se encontrou com o da moça, que inclinava o corpo para pegar as pastas do chão – vou ajudá-la com isso. — Você parece estar com medo – ela comentou, quando Antonela desviou o olhar e entregou para ela a última pasta – o senhor Benjamim assusta às vezes, mas ele é um bom homem. Antonela discordou silenciosamente. Se levantou, limpando as mãos soadas na calça de alfaiataria e saiu de perto da mulher sem dizer uma palavra sequer. Voltou para sua mesa, mas sabia que não conseguiria se concentrar no trabalho. Fechou os olhos, concentrando nas batidas do seu coração, para se acalmar, quando a voz de Dominique rompeu com todo o seu esforço. — Como foi com o chefão? Ela soltou o ar com urgência e demorou pa