Eliza é uma garota inteligente e talentosa, que encontrou nos palcos o sucesso e a fama sob o pseudônimo Lisa. Obrigada pelo destino a se mudar para o vilarejo de Siram, um pequeno clã de lobisomens, passa a estudar em um colégio onde é menosprezada por seus colegas por vir do mundo humano. Sem revelar sua verdadeira identidade, acaba criando uma amizade com a banda da escola e conhecendo o seu companheiro predestinado, que a menospreza por considerá-la indigna de se tornar sua Luna. Inconformada com a indiferença e a frieza de seu companheiro, ela busca maneiras de contornar sua situação, escolhendo por si mesma, o seu próprio destino.
Ler maisDepois de mais algumas semanas, já conseguia chamar minha nova casa de lar. Tinha me acostumado bem com a nova rotina que estabelecera para mim. Era madrugada do dia vinte e nove de janeiro, uma data que deveria representar uma ocasião especial, mas que, para mim, só aumentava a tristeza. A primeira coisa que fiz ao acordar foi ir conversar com o senhor misterioso. — Faço aniversário hoje. Mereço um presente, não? — Não planejava fazer festa, até porque não teria quase ninguém para convidar. Os únicos parabéns que recebi até agora foram de Marcos e sua família, que mandaram felicitações por mensagem assim que o dia começou. Provavelmente, minha mãe só me mandaria mensagem tarde da noite, se é que ela se lembraria. Quanto aos meus amigos, não contei para nenhum deles sobre esse dia. Tinha um pouco de receio que soubessem e, mesmo assim, não me mandassem felicitações, assim como os colegas da minha antiga escola faziam. Ser ignorada era muito doloroso. Assim, se eles não soube
— Lisa... — Annie sorriu timidamente. Era a típica cara que ela fazia quando pensava demais sobre algo que queria me perguntar. — Vá em frente! — Incentivei-a. — Estou acompanhando o seu perfil da Lisa oficial e vi que há muita atividade e interação com os fãs recentemente. Por acaso você... — Sim, sou eu. — Abri o perfil da Lisa no meu celular e mostrei para Annie. — Me obrigaram, mas até que estou gostando de fazer isso. Acho que a reação de Annie só não foi tão exagerada quanto quando lhe contei que eu era a Lisa. Ela se levantou bruscamente e tampou a boca para tentar suprimir os gritos de empolgação. — Lisa na ativa, isso é incrível! Precisa me contar tudo! — Não pude deixar de rir ao ver o quanto ela estava animada. Não fui a única; Liam estava achando isso tão divertido quanto eu. Comecei a narrar tudo que fiz em Heington e até lhes mostrei as fotos que tirei com Nicolas e Caroline. Podia notar um pouco de ciúme no olhar de Anni
Já era por volta das dezessete horas quando decidi me arrumar e sair. Usando um mapa que comprei em uma loja de conveniência, consegui encontrar a casa de Annie com facilidade. Era um pequeno apartamento em um prédio próximo à área central de Siram. Toquei o interfone e esperei. — Oi, quem está aí? — Era a voz de Liam. — Liam, aqui é a Eliza. Imediatamente a porta se abriu. Subi as escadas até o terceiro andar. Annie já estava na porta com Liam me esperando. — Oi. — Falei cumprimentando individualmente a cada um deles com um abraço. Desculpe chegar tão cedo, queria aproveitar e conversar um pouco antes do restante da banda vir. — Que bom que veio mais cedo! Queria mesmo falar com você... — Disse-me Annie com um sorriso tímido. Ela me convidou a entrar e me mostrou a casa. Era praticamente do mesmo tamanho do lugar em que eu estava morando. — Você foi a única que não veio quando estávamos nos mudando. — Reclamou Annie fazendo um
Se eu dissesse que o fato de William e Lorraine estarem namorando não me afeta seria uma grande mentira. Eu não poderia enganar os sentimentos da minha loba, tampouco poderia voltar no tempo e me impedir de vir para Siram e conhecê-lo. Chorei a maior parte da noite, abraçada ao manto do senhor misterioso. Naquele manto, eu buscava o consolo de uma presença, a sensação de que não estava sozinha, que tudo ficaria bem. Eu só queria dormir um pouco para ter um momento de paz, mas não conseguia. Desisti de tentar e me obriguei a correr. A dor não passaria tão cedo, não importa o quanto eu chorasse. As águas correndo, o lugar que se tornou o meu refúgio, é ali que eu precisava estar. — Senhor misterioso, estava me esperando? — Após uma semana afastados, ele estava aqui, bem no dia que lhe falei que estaria de volta. — Não faz ideia do quanto trabalhei em minha viagem... Comecei a contar para ele sobre tudo que aconteceu nesse tempo fora, desde as coisas boa
Enquanto eu caminhava a passos rápidos pelo estacionamento, William me parou. — Não vai me apresentar para o seu amigo? — Perguntou William. Parecia estar com raiva. — Ele não é meu amigo, é só um colega de trabalho. — Respondi, descendo Caroline até o chão. — Ele é um modelo também? Não tem perfil para isso. — Não, ele não é modelo! Apenas fez parte da equipe. — E por que está fugindo assim dele? O que está me escondendo? — William se aproximou ficando a poucos centímetros de mim. Toda sua postura corporal, bem como sua expressão, era autoritária e acusadora. — Irmão, é verdade! A tia me apresentou ele no trabalho. — Caroline tentou se colocar em minha defesa. William pegou a chave e destrancou o carro. — Caroline, entra no carro. Eliza e eu precisamos conversar um pouco, tudo bem? — Não vou entrar! Você vai brigar com a tia, posso ver isso. — Caroline se agarrou em mim. Ela estava bem ciente de como William podia ser
— Eu nunca tinha ido ao cinema antes. É tão legal! — Disse-me ela enquanto saímos do shopping. Ela caminhava de mãos dadas comigo, enquanto me falava das partes que mais tinha gostado do filme. Após isso, fomos direto ao parque. Comprei um passe livre para Caroline ir em todos os brinquedos que quisesse e alguns ingressos individuais para mim. Depois disso, a levei aos brinquedos infantis para que sua primeira experiência com o parque fosse tranquila. Enquanto ela rodava toda feliz no carrossel, tirei o celular da bolsa para tirar algumas fotos dela. Ela acenava a cada vez que passava por nós, rindo e chamando nossos nomes para que olhássemos para ela. — Nem parece minha Caroline. — Comentou William ao meu lado. Ele estava de pé com as duas mãos no bolso da calça. Ele olhava para sua irmã com tanto brilho nos olhos que não pude deixar de sentir um pouco de inveja. Mesmo sendo meu companheiro, ele nunca tinha me olhado assim. É por essas e outras que desisti d
— Você não estava com fome? — Perguntei para Caroline. Estávamos olhando para a vitrine da cafeteria do shopping por um tempo, mas ela não fazia esforço algum para escolher o que queria.— Vou pegar o mesmo que a tia. — Disse timidamente.— Certo! Quero o capuccino de chocolate, sanduíche de frango e um pedaço da torta de morango. Tudo em dobro, por favor! — Fiz o pedido no caixa. Assim que eu ia pagar, William se aproximou de mansinho.— Viajei a madrugada toda e cheguei não faz tanto tempo. Também estou com fome. — Sussurrou ele no meu ouvido. — Acho que você me deve depois de me mandar para o inferno e me bloquear.Suas palavras saíram irritadas e em tom de ameaça, e algo me dizia que ele não esqueceria o que aconteceu tão facilmente. Pensando na minha própria sobrevivência, achei que o correto seria ceder naquele momento.— Três de cada, por favor. — Falei para a mulher no caixa. William pareceu ter se dado por satisfeito, já que saiu de perto de mim sorrindo. Ele se sentou numa m
— Por que sempre me esqueço? — Sussurrei enquanto bocejava. Caroline já estava acordada ao meu lado, me olhando com curiosidade.— Quem é o senhor fantasma? — Perguntou ela.— De onde você tirou isso? — Perguntei de volta. Não lembrava de ter comentado sobre o senhor fantasma com ela.— Você estava chamando esse nome enquanto dormia. Estava tendo um pesadelo? — Perguntou inocentemente.— Um pesadelo? — Questionei. Ela fez que sim com a cabeça e não pude deixar de sorrir. — Se eu estava sonhando com o senhor fantasma, então não pode ser um pesadelo. Fantasmas costumam ser assustadores, mas o senhor fantasma não é assim.Ela não perguntou mais nada, apenas sorriu docemente. Parecia estar tentando imaginar um fantasma do bem, não que isso fosse fácil. Peguei meu celular para verificar as horas e me surpreendi ao ver que já era quase dez da manhã.— Faz muito tempo que você acordou? — Perguntei para Caroline preocupada. Mais um pouco e estaríamos almoçando em vez de tomar café.— Acordei
— Eliza, hora de acordar! — A voz de Liliane estava insistente. Era o meu sexto dia em Heington e eu estava tão exausta que não queria nem sair da cama. — Vocês já não sugaram o suficiente da minha vitalidade? Vou morrer cedo assim! — Murmurei, virando-me para o outro lado. — Caroline está te esperando para tomar café. Vai mesmo deixá-la passar fome? — Que covardia! — Falei, sentando-me na cama e me alongando. Com um argumento desses não tinha como eu não me levantar. Bocejei várias vezes enquanto tomava o café. Liliane me descreveu a agenda da manhã, que consistia em gravar mais vídeos de respostas para o ‘Lisa responde’. Eu havia lido centenas de mensagens dos últimos dias para selecionar mais algumas perguntas. As últimas gravações da sessão ‘Lisa responde’ foram feitas com sucesso, e quando comecei a comemorar que isso tinha acabado, Liliane estragou completamente o clima. — O que está fazendo? — Perguntei a ela. Ela pedira para eu desbloquear meu celular e reclamou de não s