Capítulo 4

ALEXIS

Assim que eu despertei, eu apenas senti aquela luz bater nos meus olhos de forma completamente cruel, o meu corpo se virando enquanto eu espreguiçava os braços, a minha mão procurando por aquele corpo delicado, pálido.

Mas… não havia ninguém ali.

Basicamente, sem sinal de Claire LeBlanc.

— Eu fui deixado? — Eu me questionei com puro ultraje tomando conta do meu ser, — logo… eu? — Eu tentava confirmar aquilo comigo mesmo, olhando em volta, vendo se eu não escutava nenhum barulho de chuveiro, contudo… novamente, não tinha nada dela.

Pelo menos… até eu ver um recado, que havia escrito com uma letra excessivamente… perfeita.

Ele havia sido dobrado ao meio para ficar em pé naquela mesa de cabeceira, a parte da frente com as palavras: “Para o meu querido estranho.” Escrito nele.

E sim, eu ainda me encontrava revoltado por ter sido abandonado, mas ao mesmo tempo? Eu não podia negar que aquilo foi um tanto… fofo.

— Querido estranho, peço que por favor use a parte dos fundos para ir embora entre as 11:00 e 11:20 ou entre as 14:30 e 14: 50 (que é quando ninguém está no quintal e nem passando pelos quartos). Muito obrigada pela noite, beijinhos. — Eu li aquilo em voz alta, e o sentimento de fofura que eu havia sentido antes? Havia ido completamente para as profundezas do inferno.

Eu não acreditava que precisava de um horário para não ser pego, e muito menos, que ela teve a ousadia, de praticamente me dizer que eu não devia ser notado ao sair do seu quarto, e da sua casa.

Eu era um Gallagher.

Eu era o próprio Alexis Gallagher, e ela achou que podia me dizer os horários que eu tinha que me esgueirar? Isso só podia ser brincadeira.

“Isso é tão… adolescente tendo que fugir do quarto da namorada…” Teve uma hora que eu não evitei de comprar em meio a minha desgraça, enquanto eu cogitava a ideia de que tudo aquilo, era apenas uma puta de uma pegadinha do senhor universo.

Contudo, obviamente, não era.

— Bom, acho que eu preciso saber que horas são... — bufei ao dizer, porque mesmo não gostando da ideia de ter que ficar fugindo pelos cantos parecendo um rato, me sobrava o mínimo de cavalheirismo para pelo menos, atender o desejo da mulher que me largou de forma fria, — certo, são exatamente… 11:09.

Suspirei.

Eu tinha sido extremamente sortudo por ter acordado naquele horário, tanto que eu apenas peguei as minhas roupas que haviam sido jogadas naquele tapete felpudo, caçando para ver se eu achava o meu celular, a tela com sorte acendendo, demonstrando que ele ainda tinha bateria — o que era um grande alívio, se não eu não voltaria para casa com dignidade.

De qualquer forma — assim que eu terminei de me arrumar —, eu me vi saindo daquele quarto de forma silenciosa, tentando fazer alarde nenhum, me escondendo toda vez que uma alma viva parecia que ia me ver, ou se aproximar de mim.

Aquilo era ridículo.

Aquilo era hilário para dizer o mínimo.

Porém, o importante era que eu consegui sem ser notado em algum momento, certo? E também que deus — se ele existia — teve piedade o suficiente do meu ser, para fazer com que aquele enorme portão de ferro, estivesse aberto, bem quando eu precisava.

— Missão impossível, concluída. — Soltei junto de um tom sarcástico, o meu celular sendo pego pela minha mão enquanto eu chamava o meu motorista para vir me buscar, e ele respondia com prontidão logo depois.

Respirei fundo.

Agora o que me restava era esperar, esperar e tentar não agir como uma donzela indignada porque foi deixada, depois de ser usada.

CLAIRE

Quando eu acordei, eu vi aquele rosto que parecia ter sido esculpido pelo próprio Apollo, enquanto possuía aquelas mechas loiras caindo por ele, e a pouca luz do sol que batia em seu rosto? Fazia os seus cílios e cabelos brilharem.

Ele não parecia humano.

Ele era bonito demais para ser humano.

— Ai… — eu soltei depois de me mover, o meu corpo inteiro parecendo doer, principalmente as minhas costas, as minhas pernas, — merda…

Eu estava quebrada.

Bom, mas como eu não estaria, ainda mais…

Céus.

O meu rosto corou.

— A única coisa angelical em você, é o seu rostinho… — eu falei ao tirar uma mecha de seus olhos, o que fez ele resmungar, e me fez quase pular da cama.

Mas por sorte, ele não havia acordado.

— Bom, hora de levantar, e… esquecer que isso aconteceu, — eu falei para mim mesma, porque no fim? Era realmente isso que eu tinha que fazer, já que no fim… aquilo havia sido apenas uma noite, uma que eu precisei para desestressar, e uma que… esse loirinho não iria nem mesmo lembrar, até porque… ele era um homem, e homens? Geralmente não ligam para coisas do gênero, certo?

Sendo assim, eu tomei um banho e me preparei para sair dali, com isso me arrumando, colocando os meus brincos enquanto eu torcia de todo o meu coração, para aquele lindo ser que estava na minha cama, não acordasse. Porque eu não sabia se iria conseguir lidar com o diálogo vergonhoso que se seguiria.

Afinal, o que eu diria se ele olhasse para o meu rosto? Bom dia, a foda foi boa? Claro que não!

Mas de qualquer forma, o que aquele loirinho tinha de bonito, ele também parecia possuir de sono pesado, e eu agradeci aos céus por isso. Porque além de ter me arrumado por completo sem ele sequer abrir o olho, eu ainda consegui deixar um recado na mesa de cabeceira.

Eu não sabia qual seria a reação dele ao ler aquilo, mas de qualquer forma… talvez ele tenha escondido da casa de alguém diversas vezes, certo? Sempre diziam que os que tinham cara de anjo, sempre eram os piores, e até mesmo, os mais problemáticos dependendo do caso. Sendo assim… por que no caso desse loirinho, seria diferente?

Bom, de qualquer forma, eu sai do meu quarto depois de me arrumar, e assim que eu estava planejando tomar um café da manhã em uma cafeteria nova que havia aberto perto da minha casa, eu recebi uma mensagem.

Era Ethan.

[Ethan <3]: Adivinha quem voltou para a Inglaterra?

Eu fiquei encarando aquela mensagem por um tempo, porque aquele filho da puta tinha sumido por anos — porque ele me fez a proeza de ser enviado para um reformatório — e do nada, e também no momento que eu mais precisava, voltar pra minha vida.

Parecia até mágica, ou até mesmo… que ele tinha sentido, assim como quando éramos crianças.

[Eu]: Onde você está? Eu vou ai te buscar agora!

[Ethan <3]: Acabei de chegar na frente da sua casa, agora desce!

[Ethan <3]: Eu to morrendo tanto de fome, que eu conseguiria comer um boi!

Admito que eu ri com aquela mensagem, e aquela sensação de nostalgia que me invadia por finalmente poder ver Ethan de novo, não tinha preço.

Tanto que quando eu desci e realmente vi ele no portão da minha casa, eu praticamente pulei nele, e o abracei forte, como eu não fazia a muito tempo.

— Gente, quanto bom humor, o seu namoradinho George tá aí por acaso? — Ele me perguntou, e tudo o que eu consegui fazer, foi corar.

Porque a pessoa que estava no meu quarto agora, poderia ser qualquer um, menos… George Collins.

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