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CAPÍTULO 3: AS DORES DE UMA TRAIÇÃO

         - Espero que não arrume confusão no grande dia de Izza, você não poderá arcar com as consequências caso isso aconteça. Avisou a madrasta, ao empurrá-la pelo ombro.

         - Apenas faça o que Margareth disse, e assim que passar o casamento de Izze e Lucas irei providenciar o seu casamento. Confortou o pai. – Agora vá dormir.

         Izza arrastou-se para a escada abaixo em direção ao quarto, sentia-se dentro de um furacão. Ao entrar no quarto não acendeu a luz e sentou-se na cama. Como poderia assimilar todo o acontecimento daquela noite? Seu noivo estava tendo um caso com sua irmã e estavam sendo acobertados pelo seu pai e sua madrasta. Um caso? Não, era um caso, era ela que sobrava na história, desde o inicio Lucas tinha apenas um objetivo: conseguir as ações da empresa que sua mãe havia deixado para ela. Como podia existir alguém tão baixo quanto Lucas e sua família?

         Recriminou-se, como pode ser tão tola? As peças do quebra-cabeça começaram a se encaixar, quando Izza e Lucas anunciaram a data do casamento, sua irmã e madrasta fizeram questão de acompanhar cada detalhe da organização da cerimônia. Desde horário, local, lista de convidados, buffet. De inicio Izza estranhou que ambas quisessem se envolver em algum assunto relacionado a ela, mas, estava tão feliz com as migalhas de atenção que recebia que teve a esperança que, enfim, pudesse ser uma família de verdade. Também estava se casando com Lucas Wilson, uma das famílias com maior riqueza e influência da cidade N, sua família não podia se dar ao luxo que o casamento não fosse à altura. O fato é que nunca foi por ela, o lugar, horário, convidados, buffet eram de acordo com o gosto de Izza. Até mesmo o convite de casamento, estava com o nome de sua irmã. Havia ficado chateada, mas, alegaram ser erro da gráfica e seu pai disse veemente que não gastaria com outros convites, Margareth alegou que não haveria tempo hábil para confeccionar outros convites e o mais importante: o convite havia sido enviado. Mesmo chateada aceitou a situação por que em breve tudo seria deixado para trás.

         Como pode ser tão otária? Secou as lágrimas. Todos os sinais estavam presentes, exposta na sua cara, mas, optou por ignorar todos eles por seu amor por Lucas, pela esperança de um futuro melhor. Outro pensamento ocorreu: suas ações haviam sido transferidas para a família Smith para que Lucas Wilson pudesse administrar, juntamente, com as empresas de sua família. Uma raiva sem igual percorreu o seu corpo. Tinha absoluta certeza que a aquele contrato não era válido, mas, seria a palavra de uma menina órfã contra a palavra de duas poderosas famílias. Uma batalha já perdida. O que seria da sua vida a partir daquele dia? O dia mais importante da sua vida transformou-se num inferno, sem as ações o tratamento da sua família seria ainda pior. Não possuía mais nada, o seu pai não transferiu a parte que tinha direito da casa, alegando que não havia nada escrito por parte de sua mãe. Sabia que seu pai estava errado, mas, na cidade N onde tudo girava em torno de poder, dinheiro e influência o seu pai levava nítida vantagem sobre ela. Suspirou fundo, como poderia sobreviver naquele mundo? Se antes era difícil, conviver com aquele casal de inescrupulosos seria impossível. Margareth parecia ainda mais determinada a tornar sua vida inviável e seu pai não era diferente dela.

         - E agora Izza, o que será de você? Questionou em voz alta.

         Não tinha uma resposta para aquela pergunta. Pegou o celular e verificou no aplicativo do banco o seu salvo bancário. Guardava toda a mísera mesada que ganhava por mês, também realizava alguns trabalhos, o valor em sua conta dava para sobreviver por uns seis a oito meses, isso economizando. Qualquer aluguel na cidade N tinha um cisto elevado e um processo burocrático, além do depósito de segurança. Também seria necessário encontrar um emprego e não tinha nenhuma experiência, apesar da boa formação acadêmica, poderia tentar empregos de meio períodos, mas, nunca eram bem remunerados. E sair da família Wilson não seria tão fácil, com a influência que tinham poderia dificultar que ela encontrasse qualquer emprego, mesmo de meio período e até mesmo de alugar uma casa. Margareth nutria um verdadeiro ódio por ela, e Izze seguia o mesmo caminho da mãe. Evitou que as lágrimas caíssem. Não era hora de chorar Izza, repreendeu-se, precisava dar um outro rumo para sua vida.

         Lembrou-se da mãe, Camilla Williams sempre foi uma pessoa carinhosa com a filha, uma mãe protetora, mesmo que na presença do marido fosse reservada era uma mulher que não se deixava humilhar. De uma inteligência rara, administrava a empresa com maestria, uma empresa que ela mesma criou. Uma rede especialista em joias exclusivas e de alto custo. O começo foi bem complicado, mas, com persistência Camilla Williams conseguiu firmar seu nome no mercado. E, agora o seu pai aproveitava das conquistas de sua mãe. Seu coração ficou apertado, como queria que sua mãe ainda tivesse viva, sua vida seria totalmente diferente. Ficar órfã de mãe aos cinco anos, impactou seu destino, ainda não conseguia entender como uma mulher saudável como a mãe morreu de forma tão repentina de uma doença misteriosa, e como o pai foi capaz de se casar com a amante três meses depois. Ainda com uma filha com idade tão próxima de sua idade.

         Izza voltou novamente ao presente, precisava ser mais forte que antes, amanhã não seria o seu dia, Lucas não seria seu marido, mas, não poderia deixar sua vida cair um precipito de lamentações. Ainda mais que antes necessitava de ter o controle da sua vida e parar de aceitar qualquer coisa, seu futuro não podia ser definindo pelo seu passado. O passado não poderia ser mudado, mas, o presente podia contar uma história diferente. Izza não ia ser vítima eterna de sua família, nem ia aceitar um casamento de consolação. Precisava se organizar para sair da mansão dos Smith, e recomeçar sua vida longe da toxidade do que chamava de família. Mas, por enquanto precisava suportar por mais um tempo, ia encontrar um emprego em primeiro lugar e assim que conseguisse ia locar um apartamento mobiliado, não precisava de muito para viver, mas, era essencial estar longe de Lucas, Izza, Margareth e Thomas.

         Sentiu o cansado invadir o seu corpo, e deitou-se. Quase meia noite. O dia de amanhã seria agitado, e tinha plena consciência que não suportaria passar o dia na mansão. Esses sentimentos por Lucas ainda gritavam dentro dela, assim como o seu sentimento de indignação pela traição de ambos. Presenciar como expectadora o dia que deveria ser seu, ainda recordar a maneira vil que o casal usou para usurpar as ações da empresa de sua mãe. Iria sair da mansão pela manhã e só voltar quando toda aquela presepada acabasse. Também pensaria em como reaver suas ações e dar uma lição ao casal. Sim, queria vingança. Esperou desde os oito anos por justiça e essa nunca lhe foi favorável, agora queria vingança de cada humilhação que passou. Ainda não sabia como, mas, aquele dia seria o último como vítima. Fechou os olhos antes de se entregar ao sono e seu último pensamento e que queria ser tão forte quanto sua mãe.

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