Escovo meus cabelos com cuidado, sentindo a tensão que havia se acumulado em meus ombros. Prendo os fios em um coque rápido e eficiente antes de vestir meu casaco e pegar minha bolsa. Procuro na bolsa o comprimido para dor de cabeça, já sabendo que estou atrasada para minha aula no studio.Desço as escadas apressadamente, agradecendo a Isotta pelo gesto gentil de me entregar minha garrafa de água. Nos despedimos rapidamente e saio de casa, entrando no carro. Suspiro pesadamente e em seguida tomo o comprimido com um gole de água, esperando que a dor de cabeça diminua em breve. A discussão com Charlotte, antes da partida da nossa família para Chicago, me abalou mais do que eu havia imaginado. Eu sabia que mais cedo ou mais tarde, ela iria falar, opinar, criticar.Charlotte foi desagradável. Ela falou sobre ter poucos empregados na casa, do tamanho da casa, e insistiu para que eu pedisse ao meu pai um imóvel maior. Ela também se mostrou desgostosa com o fato de que, segundo ela, eu apare
Nos dias que se seguiram, minha curiosidade me fez buscar os outros diários de Chiara. Eu os lia atentamente, e de alguma forma, me sentia como se estivesse conhecendo a falecida esposa de Bosco. A professora que gostava de jardinagem, sonhava com um casamento feliz, uma casa espaçosa para uma família grande, cachorros e muito amor. Foi como ver do ponto de vista dela, como foi que os dois se apaixonaram, e como no início ela não concebia a ideia de se aproximar de alguém como Bosco. Primeiro, ela o detestava, pelo meio ao qual ele pertence. Depois, porque ele aparentemente começou a passar semanalmente para cobrar seu pai, e como se não bastasse, ainda ficava por lá, bebendo com mais um ou dois soldados. Então, uma tarde ele apareceu na porta da escola em que ela trabalhava, chovia muito, e então, mesmo relutante, Chiara acabou aceitando a carona que ele a ofereceu.Então vieram as conversas um pouco mais longas, até ele chamá-la para sair. Seis meses depois, Bosco e Chiara se casara
Depois de uma rápida reunião com o Sr. Villani, desço para o Saint's, a ideia é beber um drinque, e em seguida buscar Diana no studio. Ela está bem empolgada com a apresentação que estão organizando, o que acho ótimo, principalmente porque não a vejo mais com a preocupação estampada em seus olhos, e com a pressão de ter a senhora Charlotte em nossa casa. Sei que Diana sente falta da família, principalmente do pai e da irmã, mas minha sogra, sendo como é, agradeço todos os dias por morarmos longe!Bebo enquanto dou uma olhada nas mensagens que recebo de alguns soldados. Não gosto de como as coisas estão se desenhando, a semanas estamos tentando encontrar alguma relação entre os Carvelli, a Tríade e a extinta West Vipers. Não acredito que o atual Cabeça de Dragão esteja por trás dos últimos acontecimentos, e sei bem que é comum pequenas facções agirem por conta própria dentro da organização. O que também não seria tolerado. Tenho a impressão que estão tentando nos envolver em algum tipo
Apressada, chego ao estúdio de dança com o coração batendo acelerado. Perdi a noção do tempo enquanto conversava com Alessa por vídeo chamada, ao passar rapidamente pela recepção, não paro para cumprimentar ninguém. Subo as escadas rapidamente, meus passos ecoando pelo corredor até o segundo andar. Chegando ao banheiro no final do corredor, prendo os cabelos rapidamente em um coque, tentando recuperar um pouco de minha compostura antes do ensaio.Ao sair do banheiro, deparo-me inesperadamente com Landon, parado bem à minha frente. Congelo por um instante, surpresa e desconfortável com a proximidade dele. — Com licença — digo, tentando passar, mas ele não se move.— Acho que é a última vez que nos vemos — diz ele, olhando-me intensamente. Percebo que ele não veste as costumeiras roupas manchadas de tinta, nem traz consigo suas ferramentas.— Vocês fizeram um excelente trabalho — falo, mantendo um tom educado, tentando esconder minha apreensão.— Eu estava pensando, vou ficar fora por a
Eu sempre tive a impressão que a vida é mais que a gaiola dourada em que estou presa desde que tenho lembrança. Uma vida confortável, luxuosa, e sem maiores preocupações. Eu percebi que beleza e a posição que meu pai ocupa em nosso meio fazia de mim alguém que estaria rodeada de proteção, adulação e cuidados, e quanto mais o tempo passava eu entendia o porque. Quando um homem como meu pai não tem filhos homens, se sente na obrigação de garantir que se algo de ruim acontecer com ele, e isso é um risco real, estaremos seguras. Dizem que as mulheres da máfia são elos frágeis, e que temos funções bem determinadas, quando nascemos, uma coisa é certa, em algum momento o homem da casa vai definir o destino de cada uma de nós. Meu pai diz que a máfia é um legado, que nos acompanha até o fim de nossas vidas. E com raríssimas exceções, nosso papel fundamental é fortalecer nossas famílias através de um casamento. Meu pai, é o capo de Chicago, e eu sou Diana Cavalieri. Todos nós passamos por u
Confesso que não sou o tipo de pessoa que acredita em adivinhações, porém, depois do encontro na casa dos Marchese, como a Sra. Perret, devo admitir, que parte de mim ficou muito feliz com a suposta previsão. "Um homem poderoso, vindo de Nova York", segundo a previsão dela é o homem com quem irei me casar. E é muita coincidência que eu estivesse por perto a alguns minutos e pudesse escutar a conversa entre meus pais. Meu pai convidou Michael Villani para a nossa casa e isso significa que os dois devem chegar a um acordo.Acordos de casamento são tratados com frequência em nosso meio. E por mais que eu soubesse que um dia isso iria acontecer, estou um pouco nervosa, principalmente porque sei que não será uma conversa fácil ou amena. Nossas famílias carregam rivalidade, ódio e ressentimento a décadas, desde que uma tentativa de aliança entre Nova York e Chicago não aconteceu porque minha tia Donatella Cavalieri, tida como uma das mulheres mais bonitas e cobiçadas entre as famílias, deix
Estou desde cedo me preparando para ser apresentada ao capo de Nova York, e apesar do comprimido para dormir, tenho que admitir que minha noite não foi tão tranquila, nem meu sono tão reparador. Me sinto ansiosa, pois sei que tenho a responsabilidade de fazer Michael Villani considerar se casar comigo. Entre os vestidos, sou aconselhada a não escolher o preto, mais justo, mas não gostaria que Michael tivesse a impressão que costumo me vestir muito diferente disso. Danço desde muito jovem, e vou a academia todos os dias, tenho sim um corpo bonito e não vou ficar escondendo-o propositalmente só para que ele tenha impressão que sou tão inocente quanto supostamente deveria ser.Não sou Giulia. Na ocasião em que ela passou alguns dias conosco, ficou óbvio o quanto somos diferentes. Em aparência, personalidade, e apesar que já se passaram cinco anos desde a última vez que a vi, não acredito que ela tenha mudado muito, já que esteve aparentemente exilada em algum lugar, escondida do resto do
Os dias seguintes na casa dos Cavalieri não foram fáceis para mim. E as coisas não melhoraram quando chegamos a Nova York. Charlotte estava uma pilha de nervos, e eu sou seu principal alvo. Principalmente depois do nosso encontro com Giulia, na casa de Linda Villani. Giulia ainda se parece com a imagem que eu tinha dela, de anos atrás, mas tenho que admitir, ela está tão bonita que dá raiva. E tem aquele ar inocente que encanta muito alguns homens do nosso meio em busca de uma esposa jovem e virgem, o que é exatamente o que a maioria deles quer. Michael parece não conseguir desviar o olhar dela cada vez que está por perto, e honestamente não vejo como eu poderia ter alguma chance quando o cara surge no meio da tarde com jeito de que precisa dela com urgência depois de ter passado boa parte do dia com ela. O que vai contra as regras impostas pelo acordo de casamento, a principal delas, que o casal não pode ficar sozinho. Como se Michael Villani fosse apenas cumprir, quando é óbvio que