Capítulo 08

Alguns dias se passaram até que Heven enfim chegasse aos portões de Tórus. Parecia um reino muito bonito e grande, como ela nunca viu. Nem se lembrava se um dia viu algo tão grandioso como aquilo, e deslumbrada, ela olhava para cada canto da cidade.

Voltando a si, ela observou a rua do comércio, andando por ali para ver o que tinha.

Quando avistou as jóias sendo vendidas mais a diante, abriu um sorriso animado, andando até lá.

Tudo o que ela precisava era andar naturalmente observando outras coisas até chegar na barraca de jóias. E quando enfim chegou lá, cumprimentou o vendedor e começou a olhar as jóias como se tivesse dinheiro para pagar.

Ali, exercendo seus truques enquanto pegava algumas peças sem ser vista, ela conversava com o homem, experimentando alguns colares e pulseiras.

Mas, o que ela achava que estava funcionando, foi rapidamente avisado por alguém que gritou apontando para ela.

— Sua ladrazinha! Ela está pegando as suas jóias! Veja a sacola dela!

E sendo pega no flagra, Heven se assustou, engolindo em seco. E então, a primeira coisa que fez foi começar a correr.

Heven conseguia correr rapidamente, e foi se despistando no meio das pessoas e das barracas, até se esbarrar em alguém e cair no chão. Ele porém, nem mesmo se moveu com tanta força.

Mas se virando para trás para ver quem se chocou contra ele, seu rosto se abaixou vendo a moça sentada no chão.

Quando viu o rosto daquele homem, Heven ficou impressionada por notar que ele era bonito, mas isso definitivamente não importava agora.

Ela escutou o barulho das pessoas se aproximando, e rapidamente se levantou ouvindo aquele homem falar com ela.

— De quem está fugindo, bela moça?

— Por favor me deixe passar... — Heven pediu, olhando naqueles olhos azuis profundos.

O homem negou com a cabeça, com um pequeno sorriso no rosto.

— Não antes de me dizer de quem está fugindo.

— Ah qual é? Por favor! Eu juro que não estava fazendo nada!

— Então por que está fugindo?

Heven fechou a cara, revirando os olhos, tentando passar por ele mesmo assim, porque estava escutando eles se aproximarem, mas o homem a segurou pelos braços a pondo no mesmo lugar.

— Se você não me soltar agora, grandalhão, eu te furo com a minha faca. — Ela disse sussurrando enraivecida, vendo o sorriso do homem crescer ainda mais em tom de deboche.

— Eu não sei se você viu, mas eu tenho uma espada bem aqui. — Ele disse sem tirar os olhos dela. — Então me diga agora, zangadinha, o que você estava fazendo.

— Eu digo... Se você me esconder...

— Estou perdendo a minha paciência...

— Eu também, querido. E aí?

O homem escutou o barulho dos homens chegando, e mesmo sabendo que saberia de uma forma ou de outra, ele puxou a garota até um pilar grosso a colocando atrás dele.

— Você fica aqui. — Ele disse a prensando contra a parede do pilar.

Saindo dali, o homem logo avistou os outros correndo em sua direção, e enquanto isso, Heven permaneceu no seu lugar sabendo que não iria conseguir sair dali sem ser vista.

— Com licença, príncipe, mas o senhor viu uma garota, de vinte anos talvez, correndo por aqui?

Quando ouviu aqueles homens chamarem aquele que a "salvou" de príncipe, seus olhos se arregalaram. Ela definitivamente não estava em boas mãos...

— Acho que sim... Eu a vi correndo na direção leste, mas o que ela fez?

— Ah... Ela roubou as minhas jóias... Com licença, quero tentar alcança-la. Na direção leste, o príncipe falou, não?

Heven ouviu o silêncio curto do príncipe, pensando que talvez ele a entregaria naquele momento, mas enfim ouviu sua voz grave novamente.

— Sim, na direção leste. Boa sorte.

— Obrigado meu príncipe! Com licença!

Heven ainda não sabia se poderia respirar aliviada ou não, mas ela definitivamente prendeu a respiração nervosa quando viu aquele homem loiro e bem vestido parar em sua frente a olhando como se fosse um mistério revelado.

— Então a mocinha é uma ladra...

— Quem garante que ele estava falando de mim?

O príncipe soltou uma risada nasal pegando a bolsa de Heven com brutalidade, abrindo a mesma. Ela não conseguiu dizer nada diante das evidências. E agora? Ela estaria perdida para sempre? O que iria acontecer?

Heven só conseguia ver o rosto de divertimento do príncipe que a olhava nervosa.

— Você... Vai me entregar? — Heven perguntou temendo por sua vida.

O príncipe olhou para ela e abaixou o olhar, pensando em algumas ideias que faziam parte de seus interesses...

— Acho que... Podemos fazer um acordo...

Confusa, Heven se descolou da parede e franziu o cenho, o olhando.

— Eu não vou contar nada sobre você, e em troca, você... — Ele pausou subindo o olhar desde os pés da garota até seu rosto novamente. — Vai seduzir o meu irmão.

— O... O quê?

— Olha, pensando bem você só vai ter vantagens em tudo isso, então... É burrice não aceitar.

— Vo-você está falando pra eu fazer o quê?

O príncipe chegou perto, abaixando levemente seu corpo e olhou bem nos olhos da garota, falando sério:

— Eu sou o príncipe Zack, e tenho um irmão chamado Klaus. Quero que você seduza o meu irmão pra que a noiva dele desista do casamento. E assim, eu a terei para mim.

Heven abriu um sorriso debochado, o empurrando pelo peito com a palma de sua mão.

— Você está achando que eu sou o quê em?

— Eu estou achando que você não está usando o seu cérebro, Zangadinha.

— Eu não vou fazer isso. E não me chame assim.

— Pense bem! — Ele se aproximou novamente a colando na parede, enquanto ele colocava seu braço a prendendo ali. — Você vai até poder se tornar a rainha, se fizer tudo direito! Meu irmão é o herdeiro de Tórus! E... Você terá muito mais do que essas jóias poderiam te dar.

Heven pensou por alguns instantes, sem entender como essa oferta tão boa poderia dar certo. Obviamente ela teria tudo do bom e do melhor e poderia ajudar sua família se tornando a rainha, mas por quê isso tudo parecia tão bom?

— E as consequências? Isso tudo me parece bom demais pra ser verdade. Quem me garante que você só está me iludindo pra poder me prender depois?

— Se eu quisesse te entregar eu faria isso antes quando tive a oportunidade. E não fiz. Estou poupando a sua vida e te dando a oportunidade de ter uma mil vezes melhor. O que vai me dizer.

Heven o olhava séria, pensando em tudo o que ouviu. Ela aparentemente não tinha escolhas... Teria que aceitar esse acordo que, parecia o céu.

— Seu irmão é bonito como você?

Zack sorriu abaixando o rosto enquanto umedecia seus lábios, não esperava por aquela pergunta.

— Tudo bem, você conseguiu me surpreender com isso... Sim, ele é bonito, você vai gostar dele.

— Já que não tenho escolha... Eu aceito.

— Ótimo. — Zack sorriu saindo de cima da garota.

— E... O que acontece agora?

— Agora você será a mais nova serva do palácio. Seja bem vinda, você tem muito trabalho pela frente.

[...]

Em ABAD, os soberanos andavam nervosos com o filho mais velho que há dias não aparecia no palácio.

 – Eu sei, eu sei... Mas olhando naqueles olhos, lá no fundo eu ainda acredito que ele possa mudar. Ele só precisa amadurecer! Veja, ele é apenas um rapaz! Deixe-o crescer. – Dizia a rainha andando de um lado para o outro ecoando seus sapatos pela sala do trono.

   – Querida, ele já é um homem! E você sabe disso! Em breve ele será coroado e o reino todo estará em suas mãos! O que pode acontecer quando Abnorú receber todo o poder que temos mantido com tanto cuidado?

   – Mas... Ele é o nosso filho, Akír...

   Quando percebeu que sua mãe segurava as lágrimas em frente ao pai, Atter a abraçou afagando seus cabelos. Ele de certa forma sabia o que sua mãe sentia naquele momento, pois ele amava muito o irmão, mesmo ele não dando oportunidades de uma aproximação duradoura.

   – Nós iremos resolver isso, mamãe. Eu também acredito que ele vá mudar, nós iremos ver isso no futuro.

   O rei soltou um longo suspiro ao escutar aquelas palavras. Akír o amava muito e tudo o que ele mais queria era poder voltar ao passado e consertar os erros que ele acreditava ter cometido ao ser pai. Além de suas preocupações com o filho, era inevitável não pensar também no reino que governava. Abnorú sendo seu sucessor, ABAD certamente seria levada às ruínas.

   – Eu sei o quanto tudo isso é preocupante e estressante, mas nós três temos que ficar unidos para tentar achar uma solução que seja melhor para todos. Mesmo que seja difícil de executá-la.

   Concordando com seus pais, Atter sentiu que seu dever naquele momento era achar o seu irmão que havia sumido há quatro dias. Imaginando um possível local no qual Abnorú poderia estar ele deixou seus pais e saiu do palácio indo em direção das aldeias. Enquanto andava apressado, seus olhos rapidamente o fizeram parar para ver mais um estrago que seu irmão fez.

 – Ele... Passou por aqui, não foi? – Perguntou o príncipe passando uma das mãos pelo rosto nervoso.

   – Está tudo bem, meu príncipe, eu perdoei a dívida dele. Ele não precisa mais me pagar. – Disse o mercador juntando suas mercadorias jogadas no chão.

   – Sinto muito por isso, sei o que ele fez para que você agisse assim. Mas não se preocupe, eu voltarei aqui mais tarde e lhe pagarei em dobro o que ele devia ao senhor. Quando eu estiver aqui novamente, iremos resolver o problema de suas mercadorias, agora, poderia me dizer em que direção ele foi?

   – Ah, muito obrigado príncipe! O senhor será recompensado por sua bondade! E quanto ao príncipe Abnorú, ele foi naquela direção, com certeza na casa dela...

   Atter apenas sorriu dando tapinhas no ombro do mercador, seguindo seu caminho até a última casa da aldeia, que ficava afastada o bastante das demais. Quase ninguém se aproximava daquela casa, pelo menos não os que temiam serem condenados pelo rei, mas como Abnorú sabia que um dia seria o próprio, que diferença faria? Já os outros homens que visitavam a moça, pareciam se divertir com o perigo, ainda mais sabendo que estariam com uma das mulheres mais bonitas do reino todo, Adelly.

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