A semana passou mais tranquila do que Elisa imaginava. Seu trabalho fluía, as noites estavam mais leves, e Rafael continuava presente, mas sem invadir seu espaço. Tudo parecia estar se encaixando. Até que, numa tarde de quinta-feira, Elisa saiu de uma reunião e decidiu passar em uma cafeteria que costumava frequentar nos tempos antigos — antes da separação, antes das viagens, antes da reconstrução.Assim que empurrou a porta de vidro e sentiu o aroma de café fresco misturado ao som calmo de jazz, foi tomada por uma lembrança súbita: ela e Diego sentados na mesma mesa do canto, discutindo sobre o futuro, planos que nunca se concretizaram. Sacudiu a cabeça levemente, afastando o pensamento. Já havia aprendido a lidar com o passado. Ou ao menos, achava que sim.Fez seu pedido e se dirigiu à mesa próxima à janela. Abriu seu caderno de anotações e começou a escrever ideias soltas, pensamentos sobre o que havia vivido na casa de campo. Estava absorta, quase esquecida do mundo ao redor, quan
Havia algo diferente na forma como Rafael tocava Elisa. Não era apenas desejo — embora ele existisse, intenso e pulsante — mas um respeito quase sagrado pelo corpo e pela alma dela. Toda vez que ele a beijava, parecia que dizia, sem palavras: “Eu te vejo. Por inteiro.”Naquela noite, o quarto deles estava banhado pela luz suave do abajur. Elisa usava uma camisola de seda azul-marinho, simples, mas que realçava o brilho que já vinha de dentro. Rafael, ao vê-la, não conteve o sorriso.— Você é linda. Mas o que mais me encanta é a paz que você carrega no olhar.Elisa se aproximou e tocou o rosto dele com os dedos quentes e delicados.— Nunca me senti tão desejada e, ao mesmo tempo, tão respeitada, Rafael. Com você, eu não preciso fingir nada. Posso ser inteira.Ele a puxou para si, devagar. O beijo veio suave, carregado de carinho. Não era pressa, era presença. As mãos se procuravam, os olhos se mantinham fixos, como se cada gesto dissesse: “Estou aqui. Só pra você.”A camisola escorrego
A noite caiu devagar, tingindo o céu de tons quentes que se misturavam às luzes da cidade. Elisa e Rafael estavam em seu apartamento, um refúgio de silêncio e cumplicidade. A música suave tocava ao fundo enquanto ela terminava de acender algumas velas espalhadas pela sala. Rafael a observava com um sorriso discreto, encantado com cada gesto, cada curva, cada expressão. — Você sabe que não precisa fazer nada disso pra me conquistar — ele disse, com a voz rouca, caminhando em direção a ela. Elisa se virou lentamente, os olhos brilhando na penumbra das chamas. — Eu não tô tentando te conquistar, Rafael. Só quero que essa noite seja... nossa. E foi. Em todos os sentidos. Ele se aproximou, os dedos percorrendo devagar o rosto dela, contornando os lábios, descendo pelo pescoço. Elisa fechou os olhos, sentindo a pele se arrepiar sob o toque quente. Rafael a beijou com delicadeza, mas havia urgência ali — não de pressa, mas de entrega. O desejo entre eles não era apenas físico, era e
Apresentação dos Personagens Elisa Oliveira Elisa é uma mulher de 35 anos, decidida e independente, mas marcada pelas feridas de um casamento que terminou em traição. Ela sempre foi uma sonhadora, acreditando no "amor para a vida toda", até que seu mundo desabou com a descoberta de mentiras e infidelidades. Após o divórcio, Elisa decide se afastar do caos da cidade grande e recomeçar em um lugar tranquilo. Inteligente, reservada e com um charme natural, ela guarda uma mistura de fragilidade e força que a torna única. Ainda que relutante em abrir seu coração novamente, Elisa esconde uma paixão latente pela vida e um desejo profundo de encontrar felicidade, mesmo que tenha medo de arriscar. Diego Martins Diego é o ex-marido de Elisa, um homem de 37 anos, bem-sucedido profissionalmente, carismático e, à primeira vista, encantador. Sempre foi sociável e sedutor, características que o ajudaram a conquistar Elisa no passado. Durante anos, eles formaram o casal perfeito aos olhos de t
Os primeiros meses de casamento foram marcados por uma paz ilusória. Elisa estava radiante. Mesmo com o início tímido da carreira de Diego em uma empresa de investimentos, ela acreditava que juntos venceriam qualquer obstáculo. No entanto, para Diego, o desejo de ascender no mundo corporativo já crescia como uma força interna incontrolável. Ele não queria esperar anos para alcançar o sucesso. Queria tudo agora. Foi durante uma confraternização no escritório que ele conheceu Roberto Mendonça, um dos diretores mais respeitados e, também, mais perigosos da empresa. Roberto era conhecido por fechar negócios lucrativos e usar métodos que poucos ousavam questionar. Diego, observando de longe, soube de imediato que aquele era o tipo de homem com quem precisava se aliar. Roberto também percebeu Diego. Jovem, ambicioso e sem medo de se arriscar — um perfil que poderia ser útil em seu círculo de confiança. Após uma breve conversa sobre investimentos e estratégias de mercado, Roberto lhe fez
Elisa estava cada vez mais inquieta. Depois de encontrar o recibo do hotel e ouvir a explicação de Diego, ela tentou acalmar sua mente e acreditar no marido, mas algo dentro dela não estava em paz. Aquele homem que, no passado, era amoroso e presente agora parecia um estranho. A sensação de que Diego escondia algo começou a crescer como uma sombra constante em sua vida. Naquela manhã, Elisa tomou uma decisão: ela precisava estar mais atenta. Se algo estivesse errado, ela não iria ignorar. Não mais. Enquanto Elisa lidava com suas dúvidas, Diego continuava mergulhando cada vez mais fundo no mundo que agora o fascinava. Os negócios obscuros que fechava com Roberto e outros aliados estavam rendendo lucros exorbitantes. Ele ganhava comissões altas, recebia presentes caros e aumentava rapidamente seu patrimônio, mas tudo à custa de sua integridade. O poder e o status o deixavam embriagado. Diego não apenas queria estar no topo — ele queria ser temido, respeitado e admirado por todos. E,
Diego acordou cedo naquela manhã, mas o peso de suas escolhas parecia maior do que nunca. A promessa que havia feito a Elisa estava começando a desmoronar. Ele sabia que, para cumprir o que dissera, precisaria abandonar o mundo que havia construído com tanto esforço – e isso era algo que ele não estava disposto a fazer. Ao descer as escadas, encontrou Elisa na cozinha, mais uma vez envolta em silêncio. Desde o confronto que tiveram, a distância entre os dois parecia insuportável. Ele tentou sorrir, mas ela desviou o olhar, como se já não acreditasse em qualquer gesto dele. Diego não gostava daquele clima. Sentia-se acuado, encurralado entre a expectativa de Elisa e as pressões externas que não paravam de aumentar. — Elisa, ainda está brava comigo? — perguntou, tentando soar mais suave. Ela suspirou e cruzou os braços. — Não é uma questão de estar brava, Diego. É uma questão de não saber Elisa suspirou e cruzou os braços, tentando conter o cansaço emocional que sentia. — Não é u
O sol nasceu no horizonte, mas a luz que entrava pelas janelas da casa de Diego e Elisa não dissipava a escuridão que pairava entre eles. A noite anterior fora um divisor de águas, e Elisa sentia que algo dentro dela havia mudado. Ao sair do quarto e passar a noite na sala, refletiu sobre tudo o que estava acontecendo e percebeu que, se Diego não mudasse, ela precisaria tomar uma decisão definitiva. Na cozinha, Elisa preparava o café em silêncio quando ouviu os passos de Diego. Ele desceu as escadas com a expressão fechada, sem nem tentar esconder o cansaço e o aborrecimento. — Bom dia — murmurou ele, sem olhar para ela. Elisa apenas assentiu, sem responder. Diego notou o silêncio frio e sentiu um desconforto. Mesmo assim, decidiu ignorar, pensando que talvez o tempo resolvesse as coisas. Pegou uma xícara de café e se sentou à mesa. Após alguns minutos de silêncio sufocante, Elisa finalmente quebrou o gelo: — Diego, nós precisamos conversar. Ele suspirou, já esperando mais