Despedida dos meus dias mais normais
Despedida dos meus dias mais normais
Por: Ilana Patrícia
Antes de te conhecer

Antes de conhecer ele, o único objetivo e foco da minha vida era estudar. Fazia questão de ignorar qualquer interação com as outras pessoas. Algo assim, apenas iria atrapalhar os meus sonhos. Estudar, basicamente era o único significado que dei para minha existência, mas aquele garoto me fez questionar a minha vida, de uma forma que jamais pensei que fosse capaz.

Já estamos no quinto dia que as aulas se iniciaram, desde uma luta sangrenta que ocorreu no primeiro dia de aula envolvendo um dos meus colegas de classe, a cadeira do lado da minha continuava vazia. Mesmo com sua detenção finalizada, ainda assim, o garoto problemático não voltou para escola. Talvez seja algo bom. Poderia ser desconfortável ter alguém assim do meu lado. Mesmo assim, como representante de classe, fui basicamente obrigada pelo professor, a entregar as apostilas com anotações das últimas aulas para aquele garoto.

— Com licença, me chamo Gabriela, sou representante de classe. Fui designada para entregar algumas apostilas com anotações das últimas aulas. O Danilo está? — Estava irritada. Fui obrigada a pegar um caminho diferente de casa para entregar apostilas para alguém que sequer deve se importar com nada disso. Apenas um delinquente. E aliás, o que é esse lugar? Uma Lan house? Isso ainda existe?

— Danilo! Alguém está te... — O homem na recepção gritava, mas foi interrompido ao ver alguém sendo jogado em sua direção.

— Seu maldito! Te avisei várias vezes. Olha o que você fez. Por sua causa eu perdi a minha classificação. — Um garoto alto, de cabelos tão escuros quando seus olhos gritava com aquele que havia sido arremessado e agora estava no chão.

— Danilo! O que diabos você está fazendo? Eu já avisei para você não brigar dentro da loja. Assim ficarei sem nenhum cliente. — O recepcionista disse claramente sem paciência.

— Aquele idiota não sabe jogar! Por causa dele fui morto. Não tenho culpa. — Danilo gritou irritado.

— Você não pode culpar os outros por perder sua classificação. O único culpado é você mesmo, certo? Afinal, a marca é sua. Quem deve cuidar dela é você. Deixando esse drama inútil de lado, você tem uma visita. — O homem disse apontando para mim.

— Quê? — Danilo me olhou por um segundo com bastante raiva, depois sei rosto se transformou em medo. Em questão de segundos, o garoto se virou e pulou a janela.

— Bom, vou deixar isso com o senhor. São as apostilas enviadas por todos os professores. — Não vou mais perder tempo com esse deliquente. Ele tinha acabado de pular a janela do segundo andar. Quem em sã conciencia faz algo assim? Não faz sentido.

— Muito obrigado. E desculpe tudo transtorno. Danilo é um pouco... Excêntrico. — O recepcionista tentava se desculpar, mas eu realmente não me importava. Fiz o meu trabalho, entreguei as apostilas, agora posso voltar para casa e estudar.

Para falar a verdade, nunca sequer havia encontrado com Danilo. Sabia bem pouco sobre ele. Ele é calouro, assim como eu, depois de sua briga no primeiro dia de aula, virou tópico nas conversas das meninas. Todo os tipos de barbaridades eram ditas ligadas a ele, desde se banhar no sangue dos inimigos até ter pacto com o demônio. No fundo, nada era certo, sequer ele chegou a assistir um dia de aula. Ninguém conhecia ele. Bom, não que isso me importe. Não tem nada haver comigo.

Eu tenho um sonho, não posso parar enquanto não realizar ele. Para isso, preciso me dedicar bastante nos estudos. Meu único interesse é esse. Fora isso, não posso me dar ao bel prazer de me distrair com a vida de outras pessoas. Bom, ao menos era isso que eu sempre pensei... Mas o que esse louco está fazendo parado na minha frente?

— Você é uma espiã enviada pela escola para me investigar, certo? — Danilo perguntou apontando o dedo para mim. Me olhava com uma expressão ameaçadora. Certeza. Ele é louco. Preciso sair daqui.

— Que? Do que diabos você está falando? — Me pergunto que ele acha que é para a escola se dar ao trabalho de querer investigar ele.

— Não se faça de inocente. Eu sei se tudo. — Danilo segurou meus braços. Sem dúvidas, esse garoto precisa de intervenção psiquiátrica.

— Você é Idiota? Está me machucando. Me solta! Só vim aqui deixar suas apostilas com anotações. — Gritei irritada. Maldito professor que me colocou nessa situação.

— Caderno? — Danilo me olhou surpreso soltando meus pulsos — Você não está mentindo para mim, né?

Danilo não era um deliquente, ele era completamente surtado. Quem pula uma janela do segundo andar, acha que a escola envia espiões e ainda segura o pulso dos outros com cara de ameaça?

— Ah! Então... Você veio entregar o conteúdo que eu perdi. Confundi você com uma professora que sempre vem tentar me convencer a voltar para escola. — Danilo se explicava, mas eu não queria perder mais um segundo da minha vida com essa loucura, apenas acelerei o passo. Queria apenas fugir daquele lugar — Espera! Qual seu nome?

— Me chamo Gabriela. — respondi tensa.

— Oh! Você se chama Gabriela. — Danilo olhava para o céu, parecia está em outro mundo. Passou de amedrontador, para um garoto tímido em segundos. — Está certo. Costuma funcionar assim, né? Quando os alunos não podem ir para a escola, enviam seus amigos para entregar as anotações. Nesse caso, você pode me chamar de Danilo, já que somos amigos, afinal. Obrigado pelas anotações, Gabriela. Te vejo depois.

Meu cérebro bugou. Será que ele tinha dupla personalidade? Enquanto me afastava ainda em choque com o que tinha acabado de acontecer, claramente, meu cérebro não estava conseguindo lidar com a informação, Danilo acenava animado para mim enquanto me afastava dele.

Pensei que ele era apenas um deliquente despreocupado, que não estava nem aí para nada, mas minha impressão dele foi ainda pior, ele é assustador, insondável, instável e totalmente surtado. Definitivamente, não quero mais ver aquele cara na minha frente novamente. Não importa.

— Professora, entreguei as apostilas para Danilo. — Falei com a professora no outro dia.

— Sério? Eu não posso acreditar que você conseguiu. Muito obrigada! Eu nunca consigo encontrar com ele quando vou lá. Aquele menino é bastante problemático. — A professora confessou parecendo cansada. — Você tem ideia dos rumores que circulam por aí sobre ele? Será que são verdadeiros?

— Mesmo sabendo disso, o quão ele é perigoso, você ainda me enviou para encontrar com ele? Que tipo de professora é você? — disse surpresa. A professora basicamente me mandou para toca do leão.

— Algo aconteceu? — A professora perguntou preocupada.

— Ele surtou, disse que somos amigos. Totalmente aleatório. Quem diabos quer ser amigo de uma pessoa como ele. — Respondi.

— Sério? Melhor ainda. Você pode aproveitar e convencer ele a voltar a estudar. A suspensão dele acabou tem bastante tempo, mas ele não quer vir para escola. Já tentei conversar inúmeras vezes, mas fui ignorada totalmente. A suspensão dele foi totalmente injusta, o que criou uma enorme rejeição dele em relação a escola. — A professora sugeriu.

— Eu? Não mesmo! Não quero nunca mais encontrar com aquele cara na minha vida. — Impossível. Não quero problemas.

A professora tentou me convencer a ajudar ela de toda forma possível. Parecia realmente desesperada. Que problemático! Mesmo assim, tenho que recusar, não posso imaginar ter qualquer envolvimento ok aquele garoto.

Na saída da escola, acabei sendo puxada para um beco, senti apenas uma mão na minha cintura e outra na minha boca. O que diabos estava acontecendo?

— Não se mova. Se fizer qualquer barulho, vai se arrepender. — Danilo disse olhando ao redor. Isso é sério? M*****a professora. Olha o problema que me meteu.

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