Capítulo 1 •

-Atualmente.

O plano era simples, pelo menos em minha cabeça. Iríamos entrar na Mansão, estudar todo o lugar, achar possíveis pontos para um futuro roubo - sim, eu sei que é errado, mas segundo eles é necessário. - e sair como entramos. Parecia um plano perfeito e sem falhas, todos estariam dormindo, ninguém iria se machucar, ninguém seria visto. Bom, pelo menos foi o que pensamos que aconteceria. Ou melhor, eu pensei que seria assim, mas meus amigos não me deixaram a par de todo o plano. Infelizmente, nem tudo na vida acontece como planejamos e é aí que começa minha história. A partir do momento que pensei que tudo daria errado em minha vida...

— Ferrou, acho que nos descobriram. — Chace entra correndo no quarto e puxa a porta para fechar. Sem fazer barulho, claro. Todos arregalam os olhos, tensos com a notícia. Eu realmente não deveria ter topado isso.

— Como assim? Fizemos tudo direitinho. — Pergunto baixo e ele se aproxima de mim. Me fazendo recuar um pouco por invadir meu espaço pessoal. — Vocês disseram que não daria errado!

— Acho que perceberam a falha na segurança. — Comenta nervoso. — Ou alguma câmera nos pegou. Downie ... — Chama a atenção do garoto responsável pela tecnologia.

— Mas, isso não é possível! — O magrelo diz pegando o tablet e começando a mexer. — Eu fiz tudo certo. Trocou os seguranças e entramos. Desativei as câmeras e ... Ops.

— O que foi, Downie? O que você fez? — Samantha cruza os braços e encara ele seriamente. Vejo seus olhos castanhos tensos e seus cílios longos baterem a cada piscada irritada.

— Uma das câmeras deu interferência na hora que estávamos passando. Que merda! Isso é muito azar! — Diz andando para lá e cá. — Um mês planejando e cagar tudo por causa da bosta do sistema. Inferno!

— Qual câmera exatamente? — Pergunto ainda nervosa. — Sabia que isso ia dar errado. Eu definitivamente não deveria ter vindo. — Começo a surtar um pouco. — Mas... eles sabem sobre nós? Ou desconfiam que alguém invadiu? — Pergunto indo até a janela e olhando para baixo.

Vejo uma mulher a passar pelo quintal e também uma certa agitação. Céus, eu não quero ser presa.

— A câmera só pegou uma silhueta correndo por onde a Samantha passou. Eles devem estar procurando para saber o que ou quem é. — Downie continua.

Ficamos em alerta assim que escutamos um barulho. Posso decifrar pelo som que algumas portas estão sendo abertas e logo fechadas com certa força.

— Eles estão vindo!! — Samantha diz indo para seu esconderijo.

Downie e Chace fazem o mesmo. Subo na cômoda, coloco o pé nas partes elevadas da parede e pulo para a parte mais rebaixada do teto. Tomara que aguente meu peso, parece ser de gesso, porém parece ser firme e bom... não sou tão pesada assim.

Consigo observar o lugar que estou, que é bem estreito, mas não é tão sujo como imaginei. Na verdade, apesar do andar estar imerso em abandono, ele não é sujo ou regado a poeiras. Minha testa se franze no momento em que vejo uma caixa vermelha bem no cantinho. Sem fazer barulho, estico a mão e puxo o aparelho celular ao lado de uma pequena caixa. Está desligado e como sou curiosa, coloco para ligar torcendo para que não faça tanto barulho ao ligar. Finalmente ele liga e acho bem suspeito, modo avião e silencioso.

Confesso que a pessoa é meio burra, já que a falta de senha revela que talvez tenha pensado que ninguém jamais acharia seu esconderijo 'perfeito.' Entro na galeria e arregalo os olhos ao fazer isso. Não abro as fotos, apenas deslizo para baixo e vejo que tem centenas de fotos seminuas de uma mulher. Isso aguça mais minha curiosidade.

Saio da galeria e vejo as chamadas, vários vídeos call para diversos números diferentes. Que loucura. Deixo o celular de lado e puxo a caixa, ainda ouvindo as diversas portas desse andar da mansão sendo abertas. Na pequena caixa tem dez máscaras, perfeitamente alinhadas e de cores diferentes. Máscaras que antes estavam no rosto da mulher das fotos. Quem seria?

Pego o celular de novo e entro na galeria, rolo com rapidez até a última foto que vi de relance um rosto e concluo meu pensamento. É ela, a atual mulher do dono da casa, mas... o que significa isso? Ela está traindo ele? Isso pode ser bom para nós. Ou, as fotos são para ele, mas isso não explica os diversos números nas chamadas. Noto uma pasta com senha, mas não tenho tempo de tentar abrir.

Me encolho assim que abrem a porta do cômodo e fecho os olhos, assim como prendo a respiração. As vozes estão altas e bem tensas. Assim como chegaram com rapidez, eles se vão. Que seguranças bons esses que contrataram para trabalhar aqui. Sendo driblados por quatro jovens. Ficamos por um bom tempo em silêncio e esperando qualquer som lá fora sumir, talvez eles pensem que foi um animal correndo e não alguém tentando invadir. Tomara.

Quando por fim não escutamos mais nada, Downie diz que podemos sair pois os seguranças já estão no andar debaixo. Segundo as câmeras mostram. Demoro um bom tempo para sair do lugar e preciso que Chace me ajude a descer, minha perna acabou formigando e fico para morrer quando isso acontece.

— Olha o que achei. — Chamo a atenção deles. — Parece que a namorada não é tão fiel assim.

Eles se aproximam e mostro a caixa, eles olham as fotos e também mostro as mensagens com os endereços dos encontros da mulher, com dizeres bem pesados.

— Isso é melhor do que poderíamos imaginar. — Chace diz animado.

— Como ela pode trair aquele homem divino? — Samantha solta e atrai nosso olhar. A garota de cabelo loiro nem se abala com nosso olhar feroz. — Que foi? Posso ser ladra, mas não sou cega! — Cruza os braços e revira os olhos.

— Enfim, acho que precisamos ir agora. Eu definitivamente não quero ser pega. — Digo indo até a janela. Vejo os seguranças reunidos e um deles, que parece ser o líder, falando bastante e com gestos bem ameaçadores. — Eles estão distraídos.

— Eu guardo isso. — Downie diz pegando meu achado e guardando na mochila. — Talvez não tenhamos nos arriscado em vão. Isso pode nos ajudar. Chantagem é ainda melhor que roubar. — Observo o garoto de cabelos castanhos arrepiados com um brilho em seus olhos também castanhos.

— Pensei que nós iríamos apenas estudar o lugar para depois ...

— Vamos! — Chace me corta tomando a frente e vai ver os possíveis riscos de nossa saída.

Saímos no corredor deserto do andar inutilizado da mansão, o terceiro andar todo está 'lacrado', não sabemos bem o porquê, apenas que ninguém usa ele. Downie continua mexendo no tablet, tentando agora não deixar nossa localização à mostra em câmeras. Chegamos ao pé da escada para descer.

— A câmera que mostra a janela com a árvore está desativada, a da lavanderia também e as outras duas que vocês usaram também. — Aponta para mim e Chace. — Teremos cinco minutos para sair. Nos encontraremos na estrada. Cuidado, pois agora eles estão mais atentos do que quando entramos.

— Tudo bem. Boa sorte! — Digo e respiro fundo — De onde tiraram que seria uma boa invadir uma mansão? — Pergunto e eles dão de ombros, antes de ir cada um para sua saída de fuga e me deixar sozinha no imenso corredor.

Eu estou surtando? Sim, claro, mas preciso sair daqui o mais rápido possível. E não ser pega, está no topo da minha lista. Eu fui a que precisei entrar e agora sair pelo lugar mais arriscado, pois preciso passar pela cozinha para sair na garagem e aí sim, me esgueirar pela cerca e sair. Por eu ser mais magra e poucos centímetros menor que Samantha, fiquei com a parte mais difícil. O que não faz sentido algum, pois essa seria a minha primeira vez entrando com eles nas casas, geralmente fico do lado de fora vigiando o local.

A mansão é enorme, assim como o quintal, mas nem por isso ela é cem por cento segura e sem brechas. Foi até fácil entrar, apesar dos dez guardas que deveriam proteger muito bem esse lugar e que com toda certeza recebem uma fortuna por isso. Seis horas da manhã acontece a troca de turno com os seguranças e foi esse o horário que decidimos entrar. Somente depois das sete que os funcionários começam a chegar. O que vai ser, pelo relógio em meu pulso, daqui a vinte minutos. Preciso sair daqui logo. Esse foi definitivamente o pior plano que tivemos.

Quando chego ao primeiro andar, a casa está mergulhada em silêncio e com algumas luzes ainda apagadas. As poucas acesas, devem ter sido pela correria dos seguranças pouco tempo atrás. Quando escuto barulho de passos vindos da cozinha e barulho da porta da frente sendo aberta, a única coisa que consigo pensar é subir a escada de novo correndo e me enfiar em uma das diversas portas do longo corredor. É isso que faço, fecho a porta e apoio a cabeça nela, mas ao escutar certa movimentação. Me viro lentamente e encaro três pares de olhos, dois infantis e um arregalado.

— Oi. — Abro um sorriso bem medroso e respiro fundo. — Por favor. Não é o que está pensando. — Digo calmamente a mulher que suponho ser a babá.

— Quem é você? — Pergunta ficando de pé, pois estava ajoelhada ajeitando a roupa de uma das crianças, a menor.

Que, aliás, me encara com seus grandes olhos cor de mel, que parecem vasculhar cada parte do meu ser. Os olhos da mulher não estão arregalados como antes e sim com muita curiosidade.

— Eu sou... uma... amiga. — Tento sorrindo forçadamente, mas ela ri disso, cruzando os braços em seguida — Eu estava com o pai deles e ... — Ela arqueia a sobrancelha — Quer saber? Estou tentando fugir. — Falo baixo para o menino maior não ouvir e ela se afasta, agora me encarando com medo e vejo que está bem tensa. — Por favor, não grite. Me chamo Cassandra e moro no quadrante C, da comunidade 9. Meus amigos acharam que seria uma boa invadir para roubar. Eu acabei topando e bom, parece que levei a pior. — Sussurro e ela se afasta. Não quero que as crianças escutem isso e saiam gritando que tem bandidos na casa. — Pelo amor do bom Deus, não me entrega. Eu faço o que quiser, menos me entregar, é claro. Tem um policial desse distrito, ele me odeia e se me pegar...

— Quantos anos você tem? — Seu olhar antes assustado e sua postura antes tensa, mudam consideravelmente e agora ela me encara com mais curiosidade ainda. Mal fico irritada por me interromper. Até fico grata, pois quase expus toda a minha vida a ela, por puro medo.

— Vinte e quatro. — Vejo um lampejo de tristeza passar por seu olhar. — Eu sei que pareço ter menos e também sei que deveria estar fazendo algo de útil da vida, mas...

— Concordo. — Diz arqueando a sobrancelha e me encarando com certa fixação. Outra vez me interrompendo. Só não argumento sobre tal ato, pois estou em desvantagem aqui. — Você me lembra muito alguém que eu conheço. A princípio pensei que você fosse alguma acompanhante do senhor Isaac, mas ele agora não faz mais isso, tomou jeito. — Argumenta parecendo bem feliz por essa parada na vida pessoal de seu chefe. — Eu sinto que te conheço de algum lugar. Que estranho! — Cruza os braços realmente tentando lembrar, levantando uma das mãos ao queixo.

Ela é branca, tem os cabelos ondulados castanhos e olhos escuros, apesar de parecer comum, nunca vi ela na vida. Pelo menos eu acho que nunca vi. Já passei por tanta gente por aí pelas ruas, mas o sentimento de já ter visto ela em algum lugar, não me assola.

— Nós podemos fazer um acordo. — Estou realmente com medo dela recusar e começar a gritar socorro. — Você me deixa ir e eu ... — Apenas respiro fundo tentando não me irritar por mais uma interrupção. Mentalizando que não estou em meu direito de contrariá-la.

— Eu realmente não poderei fazer isso. Sabe, não te conheço e olha que sendo antiga moradora dessa comunidade que você faz parte, eu saberia. — Sua expressão denuncia que não sairei bem dessa. — Já que você tem vinte e quatro anos e morei lá um tempo. — Sinto meus olhos marejarem no momento. Céus, por que eu concordei em fazer isso?

— Por favor!! — Suplico com as mãos frente a boca. — Não faz isso.

— To com fome, Sílvia! — O garoto jogando no celular diz levemente irritado e totalmente alheio a nós.

— Nós já vamos tomar café, Andrew. — Diz ao garoto irritadinho e ele bufa. O garoto menor, ainda está imóvel e me encarando — Estou resolvendo um probleminha.

— Humm. — Resmungo enquanto tento arrumar outro argumento convincente. — Talvez... — Grito ao pensar em algo, mas logo baixo a voz. — Talvez você tenha conhecido minha mãe. Ela era bem conhecida por seus trabalhos na comunidade, ela era enfermeira, Elizabeth Hall e também trabalhava no casarão que cuida de crianças para adoção. — A expressão da mulher se transforma assustadoramente. Aleluia!

— Cassandra Hall? Não acredito! — E se aproxima, prendo a respiração enquanto seus olhos me estudam, mas essa sua euforia some e ela recua, levemente constrangida pela sua reação exagerada. Que foi segurar em meus braços e abrir o maior sorriso que já vi. — Não te reconheci, você está enorme garota. Bom, metaforicamente. — Se retrata e sinto vontade de rir. Não tanto por isso, mas por sentir que sairei dessa com a cabeça no pescoço. — Conhecia muito bem sua mãe e creio que ela não ficaria nada feliz com o que está fazendo. Não ouço falar dela desde que me mudei de lá, como ela es... — Sua voz some quando encaro meus pés, mordendo minha bochecha por dentro, no processo. — Oh. Sinto muito. — Sua voz denuncia seu sentimento e suspiro grata por isso.

— Tudo bem. Olha, eu prometo que não me meterei em problemas futuros, só me ajuda a sair daqui. Silvia, não é? Então, se me deixar ir embora. Prometo não cometer mais nenhuma loucura.

— Deveria ter pensado nisso antes de invadir a casa dos outros, não é? — Pergunta e dou de ombros.

— Nunca deu errado antes. Não pensei que ... — Abro um sorriso tentando disfarçar quando me ligo no que falei. — Eu to brincando. Essa é minha primeira invasão e aparentemente a última, mesmo que eu saia dessa de boa, nunca mais farei isso. — Ela faz menção de falar, mas o menino menor que parecia vasculhar minha alma, fala.

— Tia. — O menino pequeno de grandes olhos cor de mel segura em minha mão e abre um sorriso.

— Sim? — Pergunto e observo bem suas feições.

Ele é diferente do irmão mais velho. Enquanto o viciado em celular tem os cabelos loiros, olhos azuis e pele bem branquinha. Esse tem o cabelo mais castanho, olhos cor de mel, pele um pouco mais morena que a do irmão e é bem magrelinho, acho que não é normal para um menino de aproximadamente três anos e que aparentemente tem tudo para comer.

— A senhora é muito bonita! — Diz sorrindo e abro outro retribuindo. Olho para a babá que tem uma expressão indecifrável no rosto.

— Obrigada, o senhor também é um charme em pessoa. Parece um príncipe. — Afago seus cabelos lisos, que é a única coisa parecida com o irmão e ele começa a rir, totalmente tímido e se divertindo.

— Posso te mostrar minha coleção de carrinho? Ela é enorme. — Faz um gesto com a mão e olho alarmada para a mulher. Esperando por alguma resposta. Quero gritar 'ME SALVA'.

— Andrew, pode ir tomar café, que já te acompanho. Vou levar seu irmão à sala de brinquedos rápido.

— Mas... — Ele nos encara.

— Pode comer bolo de chocolate. — Ela diz relaxando os ombros. — Mas somente hoje.

— Ebaaaa!! — Ele j**a o celular na cama e sai correndo do quarto. Passando perto de mim e nem me olhando, acho que ele só fez isso quando eu entrei e não durou mais que um minuto.

— Qual seu nome? — Pergunto ao pequeno, mesmo já tendo plena noção básica sobre eles e seus nomes.

— Pietro Jhonson. — Diz piscando os olhinhos, soltando minha mão e estendendo novamente para que eu aperte. Que coisa mais fofa.

— Então vamos conhecer sua coleção de carros, Pietro. — Ele assente sorrindo. Já eu, entro nessa brincadeira real, pois ele gostou de mim. Isso pode amolecer o coração da mulher para me deixar ir.

Dizem que crianças são sensitivas em relação a pessoas boas e ruins. E eu não sou ruim, apenas sem juízo e que faz algumas merdas. Isso deve bastar.

(...)

Confesso que o menino me deu uma canseira, ele não parou de falar um segundo e me fez andar pela casa toda. Acho que devo ter conhecido o primeiro andar todo e que casa grande. Credo. Imagina limpar tudo. Deve ser uma tortura.

Durante a caminhada, pude procurar possíveis lugares para minha fuga, mas não encontrei nenhum que pudesse me conceder a escapada perfeita.

O menino que descobri ter três anos e meio, disse que estava empolgado por eu ser a nova babá. Tadinho, a inocência das crianças às vezes me derrete um pouco. A babá deles de verdade não saiu do meu encalço um segundo e até relaxou mais quando viu que eu entrei em sintonia com a criança. Ela ainda me encara de maneira estranha e quase perguntei como conheceu minha mãe. Se bem que, todos conheciam ela. Sua perfeição e bom coração a tornaram bem conhecida.

— O que conseguiram descobrir? Alguém invadiu ou não? — A voz forte e grossa berra irritado e travo antes de entrar na sala ao qual estou sendo levada e tem um enorme arco dividindo.

Arco esse que não tem uma porta em si, para meu azar.

Isaac Jhonson pousa seus olhos em mim e logo desvia para seu filho segurando minha mão, puxando-me para adentrar ao cômodo ao qual tento exasperadamente fugir. Sua expressão que antes demonstrava raiva, agora está um misto de curiosidade e confusão. É, eu senti o mesmo quando seu filho pousou os olhos em mim.

— Tia, vou pegar biscoito para a gente comer. É muito gostoso. — O menor diz puxando minha mão para baixo, para que olhe para ele e assinto. Ele aprecia o gesto e sai correndo saltitante.

— Sai, eu quero respostas até meio dia. — Diz ao chefe dos seguranças e se aproxima. — Quem é ela? — Pergunta a mulher ao meu lado. Me encarando de baixo para cima, revirando minha alma como seu filho fez. Sinto um leve arrepio com seu ato.

— Ela é... hum... filha de uma antiga amiga. — A mulher não ajuda em nada com sua fala pausada.

— E o que ela faz aqui? — Seus olhos incrivelmente azuis, igual ao do filho mais velho voltam a me avaliar logo depois de olhar rapidamente para ela. — Não é o momento para visitas banais. — Iria retrucar, mas já estou dispersa demais analisando suas feições.

Nenhuma capa de revista ou jornal, faz jus a real beleza do homem à minha frente. Me sinto uma formiga por toda imponência que ele exala. O rosto desenhado, a barba cheia e bem feita, além dos cabelos bagunçados e bem castanhos como o do filho mais novo. O cabelo assim, deixa ele totalmente diferente do que vemos em fotos, por estar sempre tão arrumado e alinhado, e não a vontade como agora. Eu queria morar nesse conjunto moletom cinza de academia que aparentemente escondem um belo corpo. Samantha tem razão, devo concordar, ela estaria babando agora, descaradamente. Como alguém trai um homem desse? Ele é lindo demais, mas como nem tudo é perfeito. Deve ser um ogro como muitos dizem.

Sinto um aperto forte em meu braço e acordo do transe. Vejo que ambos me encaram como se esperassem uma resposta, que eu não faço ideia de qual foi.

— Você estava malhando? — Pergunto mudando totalmente o assunto.

Eu não vi nenhuma academia e geralmente as mansões por aqui tem esse espaço virado para o quintal, separado por portas enormes de vidro. Downie disse que entraríamos para estudar o lugar para um possível futuro roubo, pois ele não havia encontrado um jeito de estudar o local de outra forma. O que estou pensando agora, pode ser mentira, pois ele sabia muito bem certos lugares. É, eu sou muito lerda.

— Sim. — Responde meio incerto, franzindo suas sobrancelhas grossas.

Dito isso, fico atenta a tudo e olho para os lados, sou atraída pela porta de correr aberta até a metade e consigo ver alguns aparelhos de academia dentro do ambiente. Eu preciso tentar, não tem como piorar, certo? Ou, sou pega agora ou, pega fugindo. E eu prefiro pelo menos tentar. Já que certamente sinto que irei me ferrar de uma forma ou de outra.

— Ele quer saber seu nome. — A babá me cutuca novamente.

— Me chamo Cassandra. — Abro um sorriso inocente. — Mas pode me chamar de Cass. Foi um prazer conhecer vocês, mas... eu preciso ir agora. Gostaria de ficar mais e conversar, mas não vai dar. Você tem péssimos seguranças. — E como uma louca, saio correndo em direção a academia e empurro a porta antes, fazendo ela bater com força na parede para fechar.

Vejo que minha constatação estava certa quando o enorme quintal dos fundos se abre em minha frente, passo pela porta de vidro totalmente aberta e logo estou na pequena varanda correndo até o lado que tem a escada que leva a parte baixa do quintal. Corro em direção aos fundos do espaço, indo em direção ao grande muro. Ignorando os gritos vindo lá de trás. O muro é alto, mas eu consigo pular.

Calculo tudo em minha corrida até o lugar e quando me aproximo, piso na pedra grande e pulo para o banco, pulo novamente e seguro no galho da árvore. Balanço o corpo para frente, solto o galho e agarro no muro, içando meu corpo e sentando. Respiro fundo e olho para trás. Vejo o homem parado de boca aberta, apenas pisco e faço um gesto de bater continência, antes de pular para frente e sair correndo floresta adentro.

Se eu ficasse lá, não via um jeito de sair sem que me descobrissem, então a melhor opção foi fugir e realmente pensei certo. Certeza que aquela mulher iria me entregar, seu olhar para mim certamente era de pena. Ela parece certinha demais, talvez quisesse conversar com ele para achar a melhor opção para mim, que certamente seria a prisão. Não sairia impune por algo assim.

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