Cristian Müller –O cheiro sutil dos cabelos de Laura me envolvia enquanto eu afagava seus fios, mantendo-a nos meus braços.Eu precisava desse toque, dessa proximidade. Ela era o meu ponto de equilíbrio, a única coisa que me impedia de sucumbir à exaustão que ainda pesava sobre meu corpo.O barulho da porta se abrindo me tirou do momento. Levantei o olhar e vi Dominic entrar, acompanhado pelo médico.O doutor se aproximou, me analisando com olhos clínicos antes de perguntar:— Como está se sentindo, senhor Müller?Me endireitei levemente na cama, respirando fundo antes de responder:— Estou bem. Posso ir embora?O médico soltou um suspiro, balançando a cabeça em negação.— Sem chances. Você perdeu muito sangue e seu abdômen foi costurado. São no mínimo, quinze dias de repouso conosco.Meus olhos se estreitaram, minha paciência começando a se esgotar. Antes que eu pudesse rebater, outra voz se fez presente no quarto:— Não se preocupe, doutor. Ele vai respeitar os dias de descanso.Mi
Laura Müller - Eu voltava para o quarto de Christian quando algo me chamou a atenção no corredor.Uma enfermeira passou apressada, com os saltos tilintando contra o piso de porcelanato branco. Algo nela não parecia certo. A postura tensa, o olhar esquivo… Como se estivesse fugindo de alguma coisa.Franzi o cenho, parando no meio do caminho. Ela saiu da sala de medicação. Em seguida, outra enfermeira apareceu, empurrando uma bandeja de metal com medicamentos organizados em seringas e frascos.Segui seus passos sem hesitar, minha intuição gritando dentro de mim.Ela entrou no quarto de Christian sem sequer bater na porta. E assim que eu atravessei a entrada, a vi preste a aplicar algo na veia de Christian.— NÃO! — Gritei correndo até lá.Em um impulso, alcancei a bandeja e a derrubei no chão. Todos no quarto me olharam surpresos e então eu a ameacei.— Você não vai aplicar nada nele! — cuspi as palavras, apontando para a enfermeira.Mark deu um passo à frente, mantendo os olhos afiado
Laura Stevens -O quarto mergulhou em um caos imediato.As enfermeiras estavam estáticas, algumas tremendo, outras se afastando como se tivessem acabado de perceber que quase foram cúmplices de um assassinato.O médico engoliu em seco, com os olhos completamente arregalados.— Isso... Isso não é possível.Mark o olhou com frieza e pegou o telefone, exibindo seu olhar enfurecido.— Fechem todas as saídas do hospital. Ninguém entra, ninguém sai sem passar pela segurança. Quero todas as imagens das câmeras do último andar imediatamente.Meu coração martelava dentro do peito.Christian se mexeu ao meu lado, alcançando as minhas mãos as segurando em seguida. Ele apertou meus dedos e eu pude sentir suas mãos frias e úmidas. Então o olhei.Seus olhos azuis estavam seguindo os meus e então, seus lábios se mexeram:— Você me salvou. Obrigado, amor. – Disse ele, com um tom firme, porém baixo.Minha garganta se apertou. Eu não conseguia o ver tão fragilizado daquela forma, mas não podia deixar
Christian Müller –Confesso que, estar em casa era bem melhor do que a visão mórbida de um hospital, ainda mais um lugar que eu não tinha confiança.A dor no meu corpo era constante, mas tolerável.O efeito da medicação me deixava pesado, minha cabeça afundava no travesseiro, e eu senti meus olhos se fecharem sem que pudesse evitar. – A sensação de estar vulnerável era horrível, pois, eu nunca quis que Laura pensasse que não sou capaz de cuidar dela.O quarto estava silencioso, apenas o som distante de passos pelo corredor e algumas vozes abafadas.Não sei quanto tempo se passou, mas quando abri os olhos novamente, vi Laura ao lado da mesinha onde estavam os medicamentos. Seus dedos delicados analisavam os frascos antes que o enfermeiro os colocasse na bandeja.— Está tudo certo? — Minha voz saiu rouca.Ela se virou e sorriu levemente, caminhando até mim.— Oi. Como está se sentindo? – Perguntou ela com um timbre doce.Senti suas mãos segurarem as minhas, massageando-as com delicadeza
Laura Stevens –Vi Dominic e Mark saírem do quarto e assim que a porta se fechou, me virei para Christian, sentindo meu sangue ferver.— Espera aí... — Minha voz saiu baixa, mas carregada de fúria. — Você sabia do nosso filho esse tempo todo?Christian me olhou por um momento, respirando fundo, como se pesasse suas palavras antes de responder.— Descobri há poucos dias.Meu coração disparou. Um frio percorreu minha espinha ao processar suas palavras.— Por que diabos você não me contou, Christian? — Exigi, cruzando os braços, tentando conter o tremor de raiva que tomava conta de mim.Ele virou o rosto para o lado, cerrando o maxilar. Um gesto pequeno, mas o suficiente para me fazer perder o controle.— Por que cacete você não me falou do Nathan? — Minha voz se elevou, o tom carregado de dor e indignação. — Onde o meu filho está, Christian?Andei de um lado para o outro, tentando processar tudo, até que voltei até ele e apontei o dedo em seu rosto.— Por acaso isso é um plano seu?Ele
Christian Müller –A tarde não estava muito quente, mas estava em uma temperatura agradável para que o parque estivesse repleto de crianças brincando.Segurei firme a bengala em minhas mãos e comecei andando com dificuldade até a balança, acompanhado por mais oito dos seguranças.Sair de casa escondido de Laura teria que me render um bom motivo para escutar os surtos dela quando eu chegasse de volta.Respirei fundo o avistando ao longe; Nathan se balançava com um sorriso nos lábios, sendo lançados para o senhor que o acompanhava. Ele estava completamente alheio do que verdadeiramente estava acontecendo.A cada passo que eu dava em direção ao pequeno, senti meu coração disparar; como era bom saber que, depois de tudo ele estava ali, bem, com vida.Respirei fundo segurando firmemente a bengala, quando de repente, o pequeno desceu da balança e quando seus olhos encontraram os meus, um sorriso ainda maior surgiu em seus lábios.— Papai! – A voz dele cortou todo o lugar, como se somente aq
Sky pub, Flórida. Ivy Hunter – “Estou atrasada mais uma vez!” - Exclamei encarando o relógio em meu pulso. Já se passavam das dez da noite, quando empurrei as portas da lateral do bar, entrando apressada.O bar que por sua vez, recebia o Happy hour de costume, para grandes executivos, parecia mais movimentado que o habitual. Dei um passo sabendo que seria repreendida e logo dei de frente com o gerente, que me encarava com os olhos escurecidos. —Ivy, você sabe que não toleramos atrasos. - Disse ele com seu rosto avermelhado de raiva, me empurrando uma bandeja. —Vista-se e leve isso para a sala privada. É a garrafa mais cara que temos. Mais um erro esta noite e será demitida! —Sim senhor! - Respondi me movendo apressadamente até o vestiário. Troquei minhas roupas pelas que o trabalho exigia: Uma fantasia vulgar de coelha; com sua saia curta e um corpete tão justo, que me deixava desconfortável. Ainda tinha a tiara de orelhas peludas para complementar o figurino. Naquele instan
Sky pub. Flórida.Christian Müller -A noite estava agradável. Fazia um tempo desde que estive na Flórida. Se passaram poucas horas desde que retornei à cidade e para relaxar um pouco, acabei aceitando um convite para beber, vindo de Mark, meu amigo de infância. Havíamos acabado a primeira garrafa, mas fiz questão de pedir mais uma; só assim eu poderia aguentar os questionamentos dele. —E então? Quanto tempo ficará dessa vez? - Perguntou Mark com a voz calma e curiosa. Eu o olhei brevemente, voltando a focar no copo com a bebida. —Por enquanto não tenho data para ir embora. Preciso resolver alguns assuntos inacabados. - Falei sem explicar muito o vendo soltar um sorriso. —Fiquei sabendo que seu avô está procurando um novo sucessor. Vai mesmo se juntar a empresa com os requisitos dele? - Perguntou Mark com humor. —Casamento nunca foi seu estilo, você só vive para trabalho! Ao ouvir aquilo, soltei um riso simplista. —Você sabe, não posso mais adiar isso! - Falei com um leve h