Capítulo 48

Cristina 

QUANDO eu perdi o meu bebê, ninguém além de mim sentiu a sua perda. Meus pais e senhora Pérola me lançavam olhares acusatórios, e Henrique, ainda que nunca tenha me culpado, em nenhum momento demonstrou tristeza pela perda do bebê. Eu não cheguei a completar dois meses de gestação e os médicos o chamavam de um embrião mal desenvolvido. Era o meu bebê. Era uma nova vida que eu carregava e não uma coisa sem importância. 

Eu estava começando a pensar nos possíveis nomes para o meu bebê quando o vi ir embora por entre minhas pernas. Alguns meses depois, a dor terrível que me possuiu e que me fez acordar no dia seguinte com a notícia de que um mioma crescia dentro de mim e que o meu útero precisou ser retirado fez com que eu me enxergasse como um nada; como se a minha existência não tivesse o menor sentido. 

Eu me perguntava todas as noites como tudo isso aconteceu tão de repente sem que eu sentisse nada com antecedência. Sem ter a menor possibilidade
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