Capítulo 6

Bianca Almeida

— Danielle, eu não estou de brincadeira! — Bato em sua porta mais duas vezes.

E sua resposta foi tocar a música da Ariana Grande – Thank U, Next. Ela trocava os nomes citados na música, o que me deixa horrorosa. Essa garota está sofrendo por quantos garotos? Na idade dela ainda brincava de Barbie, forcei a fechadura mais uma vez e nada da porta abrir. Sra. Molloy parece que se sente bem o suficiente para me deixar sozinha com as crianças depois de três dias de trabalho, não tive mais nenhum momento desastroso com Christopher e é maravilhoso. Porque lidar com essas crianças já é arriscado perder meu emprego, imagina com quem me paga.

Pedro tem uma prova para fazer na escola e deixou seu caderno de anotações no quarto da irmã mais velha, Danielle tem uma prova de física para fazer e está cantando toda desafinada em vez de pegar suas coisas e ir para escola. O responsável por todo o horário das crianças, garantir que elas comprem toda a carga horária da sua agenda. Eu não tinha uma agenda cheia de coisas para fazer na idade deles, eu mal lembrava o que comia na noite passada.

Danielle sem sombra de dúvida quer que eu atrase todo o cronograma e acabe sendo demitida por conta disso. Seus irmãos estão no cartão apenas esperando que Danielle e eu desça, vendo que essa criatura maravilhosa não coopera comigo resolvi fazer o meu jogo. Entrei no quarto ao lado que é o quarto do Pedro e vou até a sua sacada, engoli em seco vendo a altura. Nossa! Fechei os meus olhos e respirei fundo, não tem para onde correr. Com cuidado comecei a subir no corrimão para chegar na varanda ao lado que é o quarto da Danielle. Definitivamente mereço um aumento de salário. Grudei na parede como carrapato gruda em um cachorro em passinho e passinho lentamente vou chegando no quarto da Danielle.

Dar para ver o chafariz lindo que fica a poucos metros da entrada da mansão da família Brewer, está ao lado do chafariz é muito melhor do que olhar ele daqui de cima. Um passo errado e poderia quebrar uma perna facilmente. Quando finalmente segurei no corrimão do da varanda do quarto da Danielle, voltei a respirar. Segurando firme no corrimão passei uma perna, mas dois passarinhos passaram voando por perto me distraindo. Arregalei os olhos abraçando o corrimão com as duas mãos quando vejo a minha perna escorregando e por pouco eu não caio. Preciso de um aumento de salário!

Agora completamente segura, abre as portas da varanda do quarto da Danielle. Ela está tão distraída que não percebe a minha presença, vou em direção ao aparelho de som e desliguei.

— Ei… — Danielle se vira e fica assustada ao me ver ali.

Ela está devidamente arrumada e está atrasada de propósito. Não estresso com ela, Danielle é uma jogadora nata ao conversar com as pessoas. Em poucos dias conversando com essas crianças posso ver muito do Sr. Brewer neles. Nesses três dias de trabalho só vi ele no primeiro dia. É bom assim, já posso perder meu emprego cuidando dos seus filhos convivendo com ele… Hum, não sei porque mais perto do Sr. Brewer sou desastrada de mais.

Peguei o caderno de Pedro em cima da cama da Danielle, ele adora personagens de super-herói e nesse caderno tinha a foto do homem de ferro na capa. Apontei para a mochila da Danielle.

— Tem uma prova para fazer, senhorita Brewer. — Danielle estreitou os olhos para mim, ainda resistente a ir à escola. — Agora.

Ela suspirou irritada e finalmente saímos da mansão dos Brewer. Uma coisa que fiquei informada é sobre o desempenho dessas crianças na escola, e em resposta fiquei chocada com as notas dessas crianças. São uns gênios mirins, agora vejo que as implicâncias são apenas para perder o meu emprego e eles possam se livrar de mim. Porque em toda a agenda deles, só tem elogios pelo desempenho deles. Pedro e Danielle frequentam a mesma escola, a escola da Lilia fica um quarteirão à frente. No momento de paz é quando eles estão na escola, é uma pena que só dura uma parte da manhã. A parte boa é que passo mais tempo com a pequena e ela é fácil de lidar.

Na parte da tarde precisa deixar o Pedro na aula de karatê, Danielle na aula de pintura e a Lilia no balé. Fiquei com a Lilia na aula de balé, o seu sorriso acompanhava seus movimentos e via a tranquilidade em estar aqui. Em casa Lilia parecia muito acuada e sempre pensativa, tudo parecia tão controlado, mais controlado do que o seu cronograma da semana.

— Oh, essa menina tem talento. — Ouço uma das mães dizer. — Lilia, Dafne e Stephanie, tem muito potencial.

As outras mães concordaram.

Sorri toda boba como se fosse a mãe da Lilia.

Depois da aula, Lilia corre na minha direção como se fossemos melhores amigas. Falei que ela era a mais facial de lida! As mães de outras meninas me olham surpresas, mas não diz nada. Que bom, posso ser a babá, mas não queria ter que ouvi alguma besteira dessas mulheres. Antes de irmos embora, a professora da Lilia me entregou um convite de aviso da apresentação da Lilia nesse final de semana.

— Quero fazer um solo. — Lilia penteava o cabelo da boneca enquanto irmos buscar o Pedro.

— Solo? Uma apresentação sozinha? — Fiquei surpresa com sua tamanha ambição.

— Sim! — diz, animada. — Tia Bi, sou uma Brewer.

Sentia vontade de revirar os olhos, não pela vontade dela se apresentar sozinha, mas pelo sobrenome. É outra coisa que eles se orgulhava bastante, agora espero que esteja fazendo porque gosta e não para elevar o sobrenome.

— Tia Bi, você via vir na minha presentação. — O seu olhar pidão me quebra.

Não acho que Christopher vai me querer nessa apresentação, não sei como era com as outras babás, mas como vejo ele com as crianças deve ser um momento familiar entre eles.

— Olha, talvez seu pai…

— Papai, não vai. — Ela olha para a boneca. — Ele sempre tem que trabalhar e a mana Dani está de namoradinho. Acho que nem pedrinho quer ir.

Ai, meu Deus! Ok, informação nova, Danielle tem namorado. A menina tem apenas treze anos e vejo problemas vindo. Outra coisa, Christopher não vai na apresentação de balé da filha? Tenho medo de perguntar, mas alguma coisa me diz que Christopher não tem ido nas apresentações da Lilia.

— Lilia, quantas apresentações teve esse ano?

Ela me olha estranhando minha pergunta.

— Quatro. — Faz o número em sua mão.

— Quantas seu pai foi?

Lilia fica desconfortável e não diz nada. Continuei olhando para ela, esperando a minha resposta.

— Nenhuma.

Buscamos Pedro na aula de Karatê e o menino estava com o olho roxo. Meu Deus! É hoje que sou demitida.

— O que aconteceu no seu olho, menino?! — Me abaixei na sua frente, olhando seu rosto melhor.

Pedro tentava desviar o seu olhar, Lilia parou ao seu lado olhando para o rosto do irmão sem piscar.

— Um garoto veio implicar comigo. — Pedro está emburrado e um bico do tamanho do mundo. Seria a coisa mais linda e fofa se ele não estivesse com um olho roxo.

— Ah, mas eu vou falar com seu professor agora! Onde ele estava quando isso aconteceu… — Levantei, Pedro segura na minha mão desesperado.

— Não! Uma mulher me defendendo? Que vergonha!

— Foi aquele chato do Fernandinho, não foi? — Lilia pergunta com a mesma cara do irmão, mas sem o olho roxo.

Pedro olha para irmã e concorda. Lilia sai de perto da gente em passos firmes, Pedro e eu nos olhamos sem entender, mas Pedro entra novamente em desespero quando ver Lilia indo em direção a um menino branquinho do cabelo loiro. Lilia dá um soco na cara do garoto, levei minhas mãos ao rosto com os olhos arregalados e Pedro desmaia ao meu lado.

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