Capitulo 8: Amely

— Oi! Gatinha já está pronta? — a voz da Maria Eduarda ecoa pelo meu quarto e olho para ela através do espelho.

Ela tem uma cópia da chave da minha casa, assim como eu tenho da dela, então ela pode entrar aqui a qualquer hora. Quando estamos acompanhadas, avisamos uma à outra para que ninguém aparecer em horário inconveniente.

— Só falta a maquiagem e o sapato.

Ela concorda se jogando na minha cama e começa a mexer no celular.

Hoje é sexta e ela insistiu para eu sair e me divertir, já que passei a semana triste depois do pesadelo que tive. Por mais que o desfecho daquele maldito dia tenha sido bom (para o que se podia esperar na época) ainda me assombrar.

Seu Carlos, o porteiro da escola, ouviu meu choro e pedido de socorro e me tirou daquele inferno antes que algo mais grave acontecesse. Ele me vestiu com uma camisa sua, pois minha farda ti há sido rasgada e me levou para casa. Minha mãe se desesperou quando me viu e meu pai queria matar Fernando e sua turma, foi um Deus nos acuda nesse dia.

Fernando foi expulso da escola, pois a ideia da humilhação foi dele, e seus amigos foram suspensos por uma semana. Meus pais e os pais dos outros alunos envolvidos foram chamados para uma reunião que resultou em minha mãe dando umas t***s na mãe de Fernando por ela dizer que era só uma brincadeira de adolescente e eu que estava fazendo drama.

A Duda se culpou por ter me deixado ir sozinha no encontro, mas ela não tinha como saber o que ele faria e sem falar que a decisão de ir sozinha tinha sido minha.  Depois de uma semana voltei para a escola, mas quando vi os amigos de Fernando surtei e bati na Andressa, uma das meninas que participaram da humilhação.

Mudei de escola e me afastei de todos, ficando só com a amizade da Duda. Aos 18 anos eu já tinha terminado o ensino médio e conseguido uma vaga na UFRJ e vim morar com meus avós.

— Estou pronta, amiga — falei tirando sua atenção do celular.

— Nossa, que gata, vai infartar os boys hoje — fala e rio de sua cara de safada.

Escolhi um conjunto de cropped e saia na cor preta (o tecido tem um leve brilho) e uma sandália de salto preta também.

Peguei minha bolsa e saímos, nós fomos para a

TheNayte, uma das baladas mais badaladas do Rio de Janeiro. E como ambas queríamos beber pedimos um Uber e em uma hora já estávamos lá.

— Tá bem movimentado aqui hoje, né! — Duda comenta quando entramos na balada.

— Sim, e isso significa muitos gatinhos para beijarmos — falo rindo e ela me acompanha.

— Vamos comprar nossas bebidas e ir dançar. — a chamo e pego sua mão indo em direção ao bar.

Enquanto esperamos nossa vez de pedir as bebidas, olhamos em volta para ter uma noção de que tipos de pessoas têm aqui hoje e confesso que me impressionei com a quantidade de homens lindos que tinha.

— Amiga, olha aqueles gatinhos nos olhando. — seu comentário me faz olhar na direção apontada e ver o grupo de caras que estavam próximo a nós.

— Dou uma piscadinha para um dos rapazes que me olhava e ele sorri levantando a bebida que estava na sua mão.

— O que vão querer princesas? — o barman pergunta e damos atenção a ele fazendo nosso pedido. Eu pedi uma cerveja e a Duda um drink com gin tônica.

— Vamos dançar — ela me chama e vamos para a pista de dança.

Dançamos por um bom tempo sem se importar com quem estava ao nosso redor, queríamos curtir esse momento apenas nós duas. Um tempo depois já estávamos suadas e fomos pedir uma água para nos hidratar.

Estávamos no bar quando dois caras chegaram a nós.

— E aí, gatas, podemos pagar o próximo drink de vocês? — pergunta o mais alto e de cabelo loiro.

— Claro — quem responde é a Duda.

— O que vão querer? – o mais baixo e moreno pergunta.

— Pode ser dois drinks com gin tônica.

— Beleza.

O loiro vai fazer nossos pedidos e ficamos conversando com o moreno, que descobrimos se chamar Alan e é sócio de uma empresa de Tecnologia. O loiro, que se chamava André, chegou com nossas bebidas e depois fomos dançar.

Maria Eduarda dançou com Alan e eu dancei com o André. Depois de duas musicas, começou a tocar uma música sensual, Cambia El Paso de J. Lo e nos soltamos. Soltei a mulher sexy que habita em mim e me deixei levar pela música. Esfreguei-me no André e ele agarrou minha cintura com força enquanto beijava meu pescoço. Ao término da música ele me deu um beijo bem quente e fomos pegar mais bebidas.

André foi ao banheiro e eu fui em direção ao bar pegar nossas bebidas. Duda continuou se pegando com o Alan na pista de dança.

— Não sabia que professoras dançavam assim, espero que não seja isso que ensine a minha filha — a voz com tom de desprezo do babaca/idiota, vulgo pai da minha princesinha Helena, ecoa atrás de mim no bar da balada me fazendo ferver de raiva.

— Mais é muito babaca mesmo né? O quem você pensa que é para falar isso de mim?

— Sou um pai prezando pelo bem estar de sua filha.

— E o que te faz pensar que eu ensinaria algo errado a meus alunos? Uma dança? – pergunto incrédula.

— Sim. Minha filha é muito apegada a você e da forma que a vi dançar não sei se é uma boa influência para ela.

Eu comecei a gargalhar chamando a atenção de quem estava perto de nós. Ele só podia estar brincando.

 — Não estou achando graça, Amely.

— Mas eu estou, eu preciso rir ou de outra forma eu partiria sua cara com essa garrafa de cerveja que tenho em mãos.

Ele me olha chocado com minha explosão.

— A forma que eu danço não interfere no meu lado profissional. Aqui eu sou Amely machado, a mulher solteira, que trabalha e paga suas contas e é feliz. Se você não é, eu sinto muito.

Ele me olha sem reação e não fala nada. Aproximo-me dele e me inclino para falar em seu ouvido

— Ah, e acho que está precisando transar, talvez assim pare de ser um babaca.

André chega e o puxo para a pista de dança.

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