Ao mesmo tempo, na mansão da família Riddel, no Diamantina Palace.Amara estava parada à porta, conversando com a empregada Bela, suplicando com um sorriso desconcertado nos lábios.— Minha querida e doce bela, por favor, deixe-me entrar! Eu juro que vou embora assim que pegar minha bagagem! — implorou Amara, juntando as palmas das mãos, num gesto de súplica.Mais cedo, ao sair da antiga residência, ela pensou em aproveitar a folga de meio dia que conseguira com a equipe do teatro para buscar os pertences que havia deixado no residencial do CEO Pitter.Três meses não pareciam muito, mas, sem perceber, ela acabara levando quase tudo para aquele lugar. Durante esse tempo, sempre que precisava de algo com urgência, mas não podia vir buscá-lo, a frustração era grande.Claro, havia um motivo ainda mais importante: ela sabia que o grande gênio, Pitter, estaria na antiga residência — e não na segunda casa, o residencial. Então, aproveitou a chance para vir discretamente até ali.O que não es
Os olhos de Amara encontraram os olhos escuros e intensos do homem diante dela. Ela parou, hesitante, o medo e a incerteza travando seus passos, como se algo invisível a impedisse de se aproximar.Pitter acendeu um cigarro com movimentos calculados e se recostou à porta, relaxando o corpo aos poucos. O gesto, ainda que contido, fez com que o clima ali suavizasse um pouco. Só então Amara sentiu coragem suficiente para avançar alguns passos.Mas o que ela fez foi o oposto. Passou por Pitter com uma velocidade impressionante — “swoosh” — deixando para trás apenas sua sombra, como se fosse uma mestra de artes marciais num drama de ação.No centro do quarto, Amara permaneceu parada por um instante, atônita.Nada ali havia mudado.Revistas de moda estavam espalhadas sobre a cama de maneira caótica, o tapete de ioga ainda enrolado, largado de lado, o lápis de sobrancelha que ela deixara cair dias atrás permanecia no mesmo lugar, com a ponta quebrada posicionada exatamente como antes…A cena
Amara ficou atordoada, olhando para a outra metade da algema presa no pulso de Pitter.Ao observar as algemas cor-de-rosa, ela explodiu em fúria:— Pitter, você passou dos limites! Como ousa usar uma coisa tão nojenta?Ele ergueu as sobrancelhas, levemente provocador:— Tem certeza de que isso é meu?— E seria de quem, se não seu? — rebateu, ainda mais irritada. — Não poderia ser meu, poderia?Mas, naquele instante, ela sentiu algo estranho.Havia uma familiaridade incômoda naquelas algemas...— Ugh... Por que isso parece com... com aquelas algemas que comprei por nove dólares e noventa na loja de brinquedos sexuais da vila? Aquelas que comprei para assustar o Lenno Bráz?!Ela franziu a testa, tentando lembrar onde tinha deixado aquilo. Nem havia pensado nelas antes de sair de casa mais cedo. Agora, estava completamente encurralada — não havia para onde fugir. Algemada com ele, não tinha escolha.Ao ver que se algemara intencionalmente à garota e notando a expressão impaciente dela, P
— Tudo bem... Entendido. — disse Amara, encerrando a ligação com um leve sorriso amargo nos lábios.Ela sabia que não deveria ter ligado para ninguém ligado à família Riddel. Ótimo. Agora seria praticamente impossível ir embora.Assim como o doutor havia previsto, Pitter caiu em sono profundo e permaneceu inconsciente do amanhecer até o anoitecer...Durante esse tempo, Pietro apareceu algumas vezes, em silêncio, apenas para espiar. Pelo menos tinha um pouco de consciência — trouxe refeições para Amara em várias ocasiões, evitando que ela desfalecesse de fome enquanto velava o "belo adormecido".Na manhã seguinte, Pitter finalmente acordou.Amara, que estava mergulhada em seus próprios pensamentos, sentiu um leve movimento atrás de si. Ela se virou, suave:— Você acordou...Ainda meio atordoado, com os olhos pesados pelo sono, Pitter a olhou fixamente antes de perguntar com estranheza:— Por que você ainda está aqui?Se ela realmente quisesse ir embora, ele sabia que as algemas não ser
— Hah... é o Pitter, não é? — a voz do homem soou como uma provocação.Amara ficou rígida ao ouvir o nome de Pitter.— Se você ousar fazer qualquer coisa com ele... eu juro que não vou deixar você sair impune!— E não te preocupa que ele possa me machucar? — ele rebateu, com um sorriso que não escondia a ameaça velada.— Ele não vai. — Ela respondeu firme.Pelo menos, ainda confiava em Pitter. Mas não podia dizer o mesmo daquele sujeito de mente distorcida. Além disso, Pitter nem sequer sabia quem ele realmente era.— Tsc... você é mesmo sem coração... — ele comentou, embora a postura relaxada não enganasse Amara. Por trás daquele tom casual, havia raiva contida.Amara respirou fundo, tentando manter a calma.— Em primeiro lugar, não tenho nada com você. Em segundo, também não tenho nada com Pitter. Já disse e vou repetir: eu não vou ficar com ninguém.— Querida... a questão é que você está apaixonada por ele.— EU...Maldito. Como ele podia saber tanto, mesmo a centenas de quilômetro
A campainha tocava repetidamente, quebrando o sono leve de Amara.Ela esticou o braço, pegou o celular e olhou as horas: já passava de meia-noite.— Quem poderia estar me procurando a essa hora? — murmurou, preocupada com a possibilidade de algo urgente.Ainda sonolenta, Amara se levantou e foi até a porta. Ao abri-la, ficou completamente confusa com a cena diante de si: uma multidão de pessoas ocupava o corredor — atores e membros da equipe do teatro. Liderando o grupo estava Melissa, vestida de maneira deslumbrante, com Alice Houtt agarrada a seu braço com ansiedade.Demorou alguns segundos para Amara se lembrar de que alguém havia comentado que Melissa daria uma festa naquela noite.— Então por que estão todos aqui, e não na casa da Melissa? — pensou, tentando entender.Melissa manteve um tom de falsa gentileza:— Amara, te acordamos? Que incômodo… sentimos muito! Não imaginamos que você fosse dormir tão cedo. Como estamos dando uma festa e você não apareceu, todos sentiram sua fal
Todos no ambiente congelaram, paralisados diante do que viam: um vestido magnífico, de beleza quase surreal.Alice Houtt segurava a peça nas mãos, imóvel, os olhos arregalados diante do guarda-roupa escancarado. Sua voz saiu em um sussurro perplexo:— Como isso é possível...? Não... isso não pode ser real...Os demais se entreolharam, igualmente chocados. A desconfiança dançava nos olhares:— Isso... isso deve ser falso. Como a Amara poderia ter uma roupa tão sofisticada?— Tá de brincadeira! Esse vestido claramente custa uma fortuna! Aposto que vale centenas de milhares! — exclamou uma das garotas entre os figurantes, incapaz de conter o deslumbramento. — É tão lindo... Se eu pudesse usá-lo uma vez, morreria feliz!Alice franziu os lábios com desdém. Pegou uma parte do tecido entre os dedos e analisou com um olhar crítico:— Hmph! De longe parece bonito, mas, se olhar com atenção... não acha simples demais?A atriz que havia convidado Amara para o evento se apressou em discordar:— E
Grazy Faustto começou a estudar as joias cuidadosamente. Havia tantas que o processo exigiu tempo e atenção.O ambiente ficou silencioso. Todos observavam Faustto em expectativa, inclusive a confusa Amara.Ela até pensou em contar a verdade ali mesmo, naquele instante. Mas já era tarde demais. Grazy Faustto havia começado a verificar os cristais, e qualquer palavra agora soaria como uma tentativa desesperada de se justificar. Assim, Amara manteve-se em silêncio.Depois de um bom tempo, Grazy respirou fundo, olhou ao redor e declarou:— Desculpem pela demora, pessoal... há muitas pedras aqui, então não consegui verificar todas ainda. Mas todas as que analisei... são verdadeiras!A expressão de Amara mudou instantaneamente. Os demais ao redor também ficaram perplexos.— Isso é... impossível! — Como pode ser? — Mas Grazy Faustto nunca erra...Alice Houtt, que mal podia esperar para ver Amara ser humilhada, sentiu o rosto arder de vergonha.— Faustto! Deve haver um engano! Essas pedras