Lorena olhava para a mãe, surpresa. Apesar de saber que a mente dela já não estava lúcida, naquele momento, os olhos de sua mãe eram tão puros e sinceros que a deixaram abalada. Lorena evitava encarar aqueles olhos, com medo de decepcioná-la. — Duarte, esse mentiroso! Ele me enganou e agora ainda quer enganar minha mãe! Mas a Sra. Lopes continuava segurando a mão de Lorena e perguntou: — Você ouviu o que eu disse? Lorena, por que não responde à mamãe? Sem alternativa, Lorena forçou um sorriso e disse: — Ouvi. Mais tarde, ela fez questão de perguntar ao médico e às enfermeiras. Todos disseram que viam Duarte no hospital com frequência. Ele praticamente ia lá todos os dias. Alguns até elogiaram Lorena, dizendo que ela tinha bom gosto e sabia escolher um marido. Com o coração pesado, Lorena deixou o hospital. Ao olhar para trás, viu que dois ou três dos homens de Duarte ainda a seguiam. Quando perceberam que ela não estava voltando para casa, um deles apressou o pa
Com essa interrupção, Lorena acabou esquecendo de perguntar sobre o irmão. Afinal, Natacha havia mencionado que seu irmão era seu grande benfeitor, e Lorena estava bastante curiosa a respeito. Joaquim olhou para Natacha com uma expressão de dúvida e perguntou: — Por que você trouxe o Domingos? Natacha suspirou e explicou: — Eu disse às crianças que você estava viajando a trabalho no exterior. Otília e Adriano acreditaram, mas Domingos não. Ele insistiu que queria ver você, não teve jeito... Então, aqui estamos. Ela realmente não esperava esse encontro inesperado com Lorena enquanto estava com Domingos. Lorena observou o menino. Seus traços lembravam muito os de Duarte. Mas Domingos estava magro demais, tão frágil que parecia até doente. Joaquim fez um gesto com a mão para o garoto e disse: — Que história é essa de ficar tão envergonhado? Vai se esconder atrás da sua tia agora? Vem aqui! Com um pouco de hesitação, Domingos finalmente saiu de trás de Natacha e se ap
Aquela cena fez Natacha sentir uma opressão sufocante. Lorena olhou para Natacha com um olhar cheio de compaixão e disse: — Me desculpe... — Você não tem nada pelo que se desculpar comigo. — Lorena sorriu levemente. — Quem me deve desculpas é Duarte, não você. Mesmo sendo irmã dele, eu jamais descontaria minha mágoa em você. Quanto mais Lorena dizia essas palavras, mais difícil era para Natacha suportar. — Mas você vive sob a vigilância constante do meu irmão... Quando esse tipo de vida vai acabar? — perguntou Natacha, angustiada. O olhar de Lorena refletiu um traço de melancolia, mas logo sua expressão se suavizou, e ela respondeu com indiferença: — A antiga Lorena talvez já tenha morrido no momento em que foi enganada e levada para País N. A mulher que sou agora foi salva por Duarte... Então, que seja. Vou considerar que estou em dívida com ele. Seja lá o que ele quiser fazer comigo, eu aceitarei. Pelo bem da minha mãe, eu preciso continuar vivendo. Natacha ficou prof
Domingos provavelmente nunca imaginou que Lorena não era aquela madrasta cruel que ele havia imaginado, mas sim uma mulher tão gentil e amável. Aos poucos, o olhar de Domingos deixou de ser tão cauteloso e tenso como no início. Natacha tinha a intenção de levar Domingos de volta para casa, afinal, ele era muito frágil e sua imunidade era baixa. Ficar fora por muito tempo poderia deixá-lo suscetível a infecções, e ela não queria correr esse risco. No entanto, Lorena a chamou repentinamente. Com uma expressão hesitante no rosto, ela falou em voz baixa: — Natacha, você pode me fazer um favor? Percebendo que Lorena precisava de algo, Natacha se abaixou e disse a Domingos: — Domingos, a tia precisa conversar mais um pouquinho com a sua tia Lorena. Que tal voltar para o quarto e brincar um pouco com o seu tio? — Tá bom. — Domingos assentiu obedientemente e voltou para o quarto. Somente então Natacha perguntou: — Lorena, o que você quer me dizer? Lorena pediu, quase num
Que pena. Agora, Lorena já não queria mais tentar mudar Duarte. Porque ela entendia perfeitamente que Duarte simplesmente não tinha como mudar. Por isso, tudo o que havia passado por sua mente há pouco, todas as suas insatisfações em relação a ele, foram reprimidas no fundo do seu coração. Em vez disso, Lorena disse: — Ah, sim, hoje eu também vi seu filho. Ele veio visitar o Sr. Joaquim. Por coincidência, nos encontramos. Ao ouvir o nome de Domingos, Duarte finalmente não falou mais no mesmo tom de antes. Ele sabia que a existência daquela criança era uma dívida impagável para com Lorena, algo que a fez sofrer demais. Por isso, suavizou a voz e perguntou: — Vocês conversaram sobre algo? — Nada demais. — Lorena respondeu. — Esse menino é bem tímido, não se parece nada com você. Duarte soltou uma risada fria e comentou: — Crescendo em uma estufa, qual criança poderia ser como eu? Lorena curvou levemente os lábios e rebateu: — Você acha que ele cresceu em uma est
Duarte não pôde evitar um lampejo de frustração, e sua expressão logo se fechou. Lorena também percebeu que provavelmente havia reagido de forma exagerada. Por isso, só lhe restou suavizar a postura e dizer em tom mais brando: — Duarte, podemos esperar um pouco mais para pegar a certidão de casamento? Eu ainda não estou preparada. Mas a expressão de Duarte não se alterou em nada. Ele segurou o queixo de Lorena com firmeza e perguntou friamente: — O que quer dizer com "não estar preparada"? É só uma certidão de casamento, o que precisa preparar? Lorena ficou em silêncio diante da pergunta de Duarte. Ele soltou uma risada sarcástica e a advertiu: — Lorena, pare com esses joguinhos. Você está tentando ganhar tempo, não é? Mas eu já vou avisando: não importa se você adiar um mês ou um ano, você continua sendo minha. Se não quiser se casar, tudo bem... Mas quando essa criança nascer, será um filho não reconhecido. Se é isso que você quer, por mim, sem problemas. As palavras
Duarte ficou furioso ao mencionar esse assunto. Se não fosse por Zeca ter falado demais na frente de Lorena, como Duarte e ela teriam chegado a esse ponto? Mas, estando na porta do tribunal, ele não podia simplesmente partir para a briga. Duarte respirou fundo, reprimindo o impulso de dar uma surra em Zeca, e, rangendo os dentes, disse: — De agora em diante, fica fora do que acontece entre mim e Lorena. Quando a família Nunes caiu em desgraça, você foi o primeiro a abandoná-la. Mesmo que eu não consiga ficar com Lorena, você também não vai! Zeca rebateu, irritado: — O que passou, passou! Agora, eu já reconheci meus erros. Duarte, eu e Lorena pertencemos ao mesmo mundo! Temos a mesma educação, os mesmos gostos, a mesma visão de vida. Diferente de você! Você jamais entenderia o que se passa na mente dela! As palavras de Zeca tocaram exatamente no ponto mais sensível de Duarte. Seu olhar ficou sombrio, carregado de uma fúria contida, e ele disse, num tom ameaçador: — Esc
Duarte soltou a mão dela lentamente e, ao ver o pulso avermelhado de Lorena, sentiu um leve arrependimento por tê-la machucado. Ele suavizou o tom de voz e disse: — O julgamento de hoje correu bem. Zeca não conseguiu o que queria. E Duarte que não ouse tentar jogar a culpa da morte da esposa dele sobre mim. Lorena assentiu friamente, sem demonstrar o menor interesse no assunto. Duarte curvou os lábios num sorriso sarcástico e provocou: — Você está torcendo para que eu perca na justiça, não é? Melhor ainda se eu fosse preso... Assim, você finalmente ficaria livre! Lorena arregalou os olhos, chocada. Uma onda de mágoa e indignação tomou conta dela. Ela acreditava que, se simplesmente seguisse os caprichos de Duarte, sua vida seria um pouco menos difícil. Mas agora percebia que, por mais que tentasse se curvar, ele sempre encontraria uma forma de fazer tudo piorar. Se era assim, então não fazia mais sentido ceder. Ela ergueu o rosto e afirmou sem hesitação: — Sim! Eu a