Capítulo 0006
— Como você pôde mexer nas minhas coisas sem permissão? — Olívia ficou aflita, evitando responder diretamente à pergunta do tio e desviando o assunto: — Já tenho dezoito anos, você não pode entrar no meu quarto e mexer nas minhas coisas sem permissão.

Sérgio, tomado pela raiva, atirou o cinzeiro da mesa no chão: — Isso é o que importa agora?!

— Paf! — O cinzeiro estilhaçou no chão, emitindo um som surdo que fez Olívia estremecer.

— Olívia, você entendeu mal o seu tio. — Beatriz interveio, tentando acalmar a situação com falsa simpatia: — Ele não entrou no seu quarto, fui eu que precisei de roupas limpas, já que as de ontem estavam sujas por causa dele...

Ela corou, demonstrando alguma timidez, e depois de uma pausa continuou: — Eu realmente não tinha roupa para vestir e entrei no seu quarto procurando alguma peça antiga sua, mas acabei encontrando o diagnóstico de câncer na sua escrivaninha.

Ela claramente estava mentindo.

Porque no primeiro dia em que recebeu o laudo, Olívia o trancou cuidadosamente.

E na descrição de Beatriz, parecia que Olívia havia deixado o laudo propositalmente à vista, esperando que eles o descobrissem...

— Olívia, você é tão jovem, como pode ter câncer? — Beatriz colocou a mão no peito, com uma expressão triste e bela: — Diga a verdade para sua tia, esse laudo é verdadeiro ou é uma brincadeira sua?

Olívia virou-se para Sérgio e só então percebeu que nos olhos do tio, a raiva superava a preocupação.

Certamente, antes de ela voltar para casa, Beatriz já havia falado muito, então o tio não acreditava que ela estava doente, mas sim que estava fingindo para chamar a atenção dele.

Olívia pensou que isso era bom, pelo menos seu segredo não seria descoberto.

— É uma brincadeira. — Ela disse suavemente: — Eu estava brincando com uma amiga, não esperava que vocês fossem descobr...

Antes que Olívia pudesse terminar, Sérgio, que estava sentado no sofá com uma expressão sombria, levantou-se de repente: — Vamos ao hospital fazer um exame agora mesmo.

Se era uma brincadeira, o hospital confirmaria.

— Tio... — Olívia não queria ir, resistindo debilmente.

O olhar frio de Sérgio a atingiu, e apenas um olhar foi suficiente para Olívia desistir.

Ela conhecia Sérgio, então sabia que, hoje, o exame era inevitável.

Quando chegaram ao hospital, já passava da meia-noite; normalmente, neste horário, apenas a emergência estaria funcionando. Mas Sérgio havia ligado para o diretor do hospital antes de chegar, e o diretor, temendo desagradá-lo, convocou um médico para realizar um exame completo em Olívia.

O exame de câncer levaria pelo menos duas horas para sair o resultado.

Essas duas horas, cada minuto e segundo, foram um tormento para Olívia.

Ela não conseguia parar de pensar: se o tio soubesse que ela estava prestes a morrer, ele ficaria triste por ela?

Ou talvez, para ele, ela fosse apenas um fardo, com seu temperamento difícil e inveja, do qual ele já queria se livrar há muito tempo.

Não sabia quanto tempo havia passado quando, finalmente, o tormento chegou ao fim e o médico apareceu com o laudo nas mãos.

— Sr. Neves, os resultados dos exames saíram, e a Srta. Soares está em perfeita saúde, sem qualquer sinal de câncer.

Olívia nunca poderia imaginar que, após tanto sofrimento, receberia um resultado assim.

Ela virou-se bruscamente para Beatriz, sabendo bem que aquilo era obra de suas intrigas.

— Que bom. — Beatriz soltou um longo suspiro, aparentando alívio: — Foi apenas uma brincadeira, Olívia está bem... finalmente podemos ficar tranquilos, eu e Sérgio.

Sérgio permaneceu em silêncio, olhando profundamente para Olívia, e de repente percebeu que seu rosto estava assustadoramente pálido, quase sem cor.

A rosa que ele havia cuidado com tanto carinho parecia estar lentamente murchando.
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