Capítulo 4 – Mistérios e Decisões

Apesar de desejar a presença de Victória, Adrian jantou e adormeceu após aquele dia exaustivo. A forma que aquele mistério tomava o pensamento dele o deixava inquieto, jamais experimentara esse sentimento.

Ele tem um grande amigo, jovem de família abastada como ele, mas Ahmed sempre foi o mais centrado e já tinha esposa e dois filhos. Adrian queria compartilhar o encontro com aquela mulher e precisava dizer isso para alguém de confiança e que poderia ajudá-lo a ponderar a situação. Decidiu fazer uma chamada de vídeo para ele na manhã do dia seguinte.

— Salam Aleikum. Como você está?

— Wa Aleikum Salam. Estou bem, obrigado. — respondeu Ahmed.

— Pensei que não atenderia minha ligação assim tão cedo!

— As crianças não me deixariam dormir até mais tarde, já está em Ajman?

Relutante, Adrian respondeu:

— Não! E meu pai já deve estar sabendo disso, me procurando em todas as mansões do país!

— Foge do casamento como se fosse o final da sua vida. Amigo, você não sabe que está morto até ter a sua família...

— Eu ia até lá, mas... — Adrian sorriu de forma contida. — Uma mulher atravessou o meu caminho e, desde então, o mistério que a envolveu tomou os meus pensamentos.

— Uma mulher. E quem é ela?

— Essa é a questão, ela está aqui comigo em uma das nossas casas, mas eu não sei o seu nome! Se recusa a falar, sei apenas que é brasileira e... Linda! Quero que me ajude a descobrir tudo!

— Por que não pede ajuda para o Omar, ele poderia localizar facilmente de onde ela vem e detalhes...

— Não quero envolver os empregados do meu pai nisso, tudo o que estou fazendo será em segredo! Por isso te procurei... Como advogado, pode encontrar uma forma de descobrir mais sobre ela?

— Mande-me uma fotografia dessa mulher, verei o que podemos encontrar nos arquivos de imagem. Sabemos que é brasileira e onde devemos buscar respostas!

— Shukran Ahmed!

— Não precisa me agradecer, mas tenha cuidado.

 Adrian agora precisava de apenas uma foto da jovem para começar suas buscas, ele havia solicitado a Dagmar que buscasse um dos empregados para falar com ele. Desceu as escadas, olhou em direção ao sofá... Pensou que talvez a veria desperta, mas Victória permanecia no quarto e ele encontrou Khalil esperando.

Pediu aquele homem que contratasse seguranças para a casa enquanto permanecessem ali, solicitou também que ele jamais citasse a presença daquela mulher e que essa instrução fosse dada para todos que ali estivessem. Seus pais não saberiam seu paradeiro até que Adrian pudesse entender melhor a situação, e até se explicar sobre o sumiço repentino.

Victória

Acordei nessa imensa cama, quase esqueci tudo o que havia acontecido e que estava na casa de um homem desconhecido. Tomei um banho, o vestido que eu usava trazia lembranças ruins... Deixei a água percorrer cada pedaço de mim e lavar todo o ódio que trago no meu coração por aquele monstro que roubou os meus sonhos.

Havia objetos de uso pessoal e higiene, mas não uma roupa feminina para trocar. O jeito foi vestir novamente aquela peça vermelha que desenhava meu corpo, retirei eu colar de ouro e coloquei sobre o móvel. Nele, há a mesma frase do anel que Qa'id usava: Viva intensamente!

Eu queria me desfazer de tudo que me lembrasse dele, mas preciso do dinheiro dessa joia. Não sei o que fazer e para onde ir, se eu sair dessa casa. Bateram na porta, qualquer coisa me assusta, era Dagmar.

— Adrian já se levantou, está na sala de jantar e acho que seria gentil se você o acompanhasse!

— Achei que os árabes não se sentavam à mesa com mulheres! — respondi prontamente.

— Ele não dá importância para costumes antigos, mas se não quer demonstrar gratidão...

— Eu irei!

Ela saiu, esperei um pouco para ir vê-lo. Adrian já estava sentado e eu diante de uma mesa repleta de delícias, senti uma fome enorme, embora tentasse manter minha compostura diante da elegância dele, que até se levantou cordialmente ao me ver. A mesa estava adornada com pães frescos, frutas suculentas, ovos, queijos e uma variedade de iguarias. Embora meu estômago roncasse de fome, eu lutava para não demonstrar...

— Bom dia! — disse ele, ao se levantar e puxar uma cadeira para mim.

— Eu não queria deixá-lo esperando...

— Não se preocupe, gosto sempre de levantar cedo e aproveitar melhor meu dia!

Ele me olhava o tempo inteiro, não sei como agir e temo irritá-lo com meu jeito ocidental de agir.

— Podemos comer agora? — Minha pergunta o trouxe de volta de um pensamento distante, a mente dele parecia vagar mais do que a minha e espero que seja por um caminho menos sombrio do que eu tive que percorrer.

[...]

Dagmar sorria ao ver a cena, Adrian nunca acordava cedo e odiava o compromisso de tomar café da manhã com os pais desde criança... Aquela mulher o desconcertava por inteiro, não sabia para onde olhar sem parecer invasivo. Victória começou a comer e o celular dele tocou uma única vez, até que ele mesmo o desligou rapidamente sem constatar de quem era a ligação.

A jovem quis saber por que ele deixou de atender aquela chamada, afinal poderia ser algo importante... Adrian comeu também e esperou tranquilamente à mesa até que ela estivesse satisfeita e pudessem iniciar uma conversa importante.

— Agora que terminamos... Acho que já pode me dizer o seu nome!

Victória se acomodou na cadeira e o olhou nos olhos.

— Me dará um emprego se eu disser? — respondeu ela.

— Isso se chama chantagem, me diga o que eu quero saber e quem sabe podemos conversar sobre isso.

— Alexia! Preciso de um trabalho!

— E o que você sabe fazer? — perguntou ele.

— Posso cozinhar, como brasileira posso ajudar a fazer algum prato que você goste.

— E seu sobrenome? Tem passaporte? O que veio fazer por aqui?

— Já chega de interrogatório! Dê sua resposta ou irei embora! — respondeu ela, levantando-se e arrastando a cadeira rapidamente.

— Não seja rebelde, ontem se ajoelhou aos meus pés pedindo ajuda e agora está cheia de condições para impor...

— Você não faz ideia do peso do meu silêncio! — Victória ia sair da casa, levando tudo o que havia trazido... Apenas seu sofrimento.

Adrian se colocou na frente da porta bloqueando-a, os dois se olharam fixamente e ela começou a chorar.

— O trabalho é seu. — respondeu ele.

Victória e afastou da porta e agradeceu com o olhar, a atitude dele ao aceitá-la daria mais tempo para descobrirem os detalhes daquele mistério. Apenas Dagmar podia atender as ligações dos telefones fixos da casa e omitir a estadia do herdeiro da família ali.

Já que não havia saído da cidade, ele marcou um encontro com alguns amigos para tentar pensar em outras coisas. Enquanto desfrutava da partida, Adrian galopava com destreza pelo campo de polo, seu corcel elegante respondendo aos comandos precisos dele, que sempre fora um cavaleiro habilidoso desde criança. Ele estava imerso na partida, porém, enquanto manobrava a bola com precisão, seus pensamentos estavam na última conversa com Victória.

Um breve lapso de concentração foi o suficiente para errar um movimento crucial. Um passe que ele costumava executar com perfeição, acabou saindo equivocado e isso o enfureceu. Seu erro permitiu que um adversário se aproximasse rapidamente e tomasse a posse da bola, debochando da desconcentração dele.

Ante de retornar para casa, quase ao anoitecer e passou por uma loja elegante, pensou que Alexia precisaria de roupas e seria bom que vestisse algo mais casual, já que o modelo vermelho sexy o desconcentrava totalmente. Chegou com algumas sacolas, caminhou pela sala e a encontrou na cozinha com Dagmar que dava a ela algumas instruções para o jantar, resolveu deixá-las conversando e entrou no quarto de hóspedes deixando as sacolas sobre a cama dela.

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