O lago refletia a luz pálida da lua, as águas agitadas pelos resquícios da fúria de Kael. Seu peito subia e descia de forma descompassada, os punhos cerrados, as chamas ao seu redor se dissipando aos poucos.— Eu vou quebrar essa maldição! — sua voz rasgou o silêncio da noite, ecoando entre as árvores.Um movimento sutil atraiu sua atenção. Passos leves sobre a terra úmida. Ágata emergiu das sombras, os olhos baixos, segurando Rarim pelo pulso. A jovem estava tonta, os lábios pálidos, mas ainda assim, consciente.— Ágata? — Kael franziu a testa, seus instintos em alerta.Ela ergueu o rosto, os olhos agora âmbar brilhando sob a luz fraca. Mas não havia arrogância, nem sorriso cruel. Havia apenas uma calma perturbadora.— Me desculpe, Kael. — Sua voz era suave, mas carregada de uma decisão irrevogável. — Mas eu não posso ficar.A inquietação cresceu dentro dele. Algo estava errado.— O que você está dizendo? — Ele deu um passo à frente, mas parou quando sentiu outra presença.Di
Depois de algumas horas e lágrimas, Kael voltou seu olhar para algo que não fosse o ciúme ou o medo cego de perder Andrômeda outra vez. Talvez o livro de Casmor tivesse alguma nota ou inscrição sobre toda aquela merda. — Kael — Marcel chamou, segurando a maçaneta da porta. — Vim me despedir, vou voltar ao reino das fadas — ele disse, sério. — Por que veio se despedir? Não somos amigos — Kael respondeu, com os olhos fixos no livro à frente. — Não vim me despedir de um amigo, vim me despedir do líder dos sete pecados capitais. Obrigado pela recepção e por salvar minha vida, talvez eu possa te agradecer no futuro — Marcel respondeu, se endireitando na porta. Kael sorriu sem humor. — Ficar longe da And seria uma ótima forma de agradecer. Marcel bufou. — A And é minha amiga e... — Não. — respondeu Kael, se levantando. — Ela é minha mulher, não é sua amiga, sua protegida, sua aluna, ela não é nada disso. — Tudo bem, entendi. Não precisa fazer xixi nela pra marcar território
Andrômeda segurava o coberto , apertando junto ao peito. Tentando se manter acordada em meio a tantos pensamentos que iam e voltavam Algo estava errado, Desde o episódio do flashback a alguns dias na cozinha aquilo estava acontecendo. Antes eram só pesadelos, mas agora as cenas vividas as atormentavam até acordada.—com licença posso entrar? – ágata perguntou escorando no batente da porta — claro entra– andrômeda respondeu com um sorriso largo Ágata retribuiu o sorriso — Obrigada. Eu queria perguntar algo pessoal se não se importar Andromeda olhou para ela desconcertada cerrando os dentes. — se eu puder ajudar, não me importo em responder.— Eu tenho tido alguns pesadelos, são vividos e tem pessoas que eu conheço mas não vejo a algum tempo. Ao que parece os homens da casa não estão passando por isso. Você está ? Andromeda encarou ágata ,pensando na possibilidade de esconder seus pesadelos mas não o fez— sim. Ágata ergueu as sobrancelhas — são só pesadelos? — Nã
— Trouxe algo pra você — Boldar falou, retribuindo os beijos frenéticos que Yoran lhe dava, arrancando-lhe arrepios.— Não quero nada — Yoran respondeu com os lábios entreabertos, como se estivesse se segurando há muito tempo para aquilo — só você — ele completou.Mas Boldar o interrompeu:— Aqui — ele entregou uma pedra negra a Yoran — sua alma e o mana do demônio que selou o pacto com você.Yoran encarou Boldar, perplexo.— O que...? Por quê? Espera... como? Você disse que não...— Sim, eu não sabia quem ele era — Boldar respondeu, sentando na cama — mas sou um demônio, e tenho amigos. Eu sei o quanto você a queria de volta.Yoran estava com um olhar preocupado e irado.— O que você deu em troca? O que seus “amigos” pediram? — Yoran gritou, segurando os braços de Boldar.— Está perguntando se me deitei com alguém? — Boldar perguntou, intrigado.Yoran o puxou para seus braços, abraçando-o forte.— A carne não passa de uma caixa pra algo brilhante e perfeito, meu amor. Eu amo v
Kael despertou quando a noite já havia avançado muito. Eram quase 3 da manhã quando ele sentiu frio e levantou para buscar algo para cobrir Andrômeda.Ele abriu a porta do laboratório enquanto voltava para a varanda, sem ter indício nenhum de que não voltaria a dormir com Andrômeda. Ágata estava sentada com as mãos cobrindo os ouvidos e nem notou ele entrar.— Por que está acordada tão tarde? — Kael perguntou, tocando o ombro dela.Ágata olhou para ele, com sono no rosto.— Estava lendo algumas coisas pra ajudar Andrômeda e impedir o óbvio fim do mundo.— Agui, não se preocupe tanto. Estaremos prontos se o fim do mundo vier.Ágata olhou para ele com um olhar condescendente.— Tudo bem, vou terminar o que co...A fala de Ágata foi interrompida por um grito que ecoou por toda a casa. Kael olhou para a varanda com os ombros tensos.— Andrômeda — ele falou, apreensivo, cerrando os punhos e olhando para Ágata.— Vai. — Ágata falou, urgente.Eles saíram do laboratório apressados. Ág
— Parece abandonada... — Alinna comentou, desconfiada.— Não. Tem gente ali — Yoran falou, apontando com a cabeça para o centro da vila. Um grupo de pessoas cercava uma carroça.Kael franziu o cenho. A cena era familiar demais.E então ele viu.Um lobo branco, alto e forte. Em pé, ao lado dele, um homem grande, de cabelos escuros e barba cerrada, segurava um saco de pano. Ao lado dele, com a mão no ombro do lobo, estava Milo.Mas aquele não era mais o garoto de antes. Milo agora era um homem. Alto, forte, o olhar sábio de quem tinha visto mais do que gostaria. Ele se virou, como se soubesse que Kael estava ali.E sorriu.— Você voltou.Kael congelou por um instante. Aquela voz era a mesma. O mesmo tom calmo de alguém que entendia demais e falava de menos.— Milo...?— É bom ver você, senhor Kael.Ágata se aproximou, desconfiada, mas em silêncio. O lobo branco levantou o olhar para Andrômeda, e ela sentiu algo estranho vibrar dentro de si. Como se aquela criatura soubesse exatam
A guilda o seguiu pelas ruas estreitas do vilarejo. As casas eram simples, feitas de pedra e barro, e algumas tinham fumaça saindo das chaminés. O povo dali era desconfiado — como todo lugar pequeno —, mas abaixavam a cabeça em respeito quando passavam por Milo. Alguns até acenavam para o lobo com cautela, mas nenhum sinal de medo. Pelo contrário… havia gratidão nos olhares.— Ele é bem respeitado por aqui — comentou Alinna, cruzando os braços.— Salvou metade dessas pessoas da fome. E de monstros piores que um lobo com olhos estranhos — respondeu Milo ao ouvir o comentário, sem nem olhar pra trás. — Eu e Sköll damos conta de proteger essa vila.— Sköll? — repetiu Kaito, curioso.Milo parou, deu um tapinha no flanco do lobo e disse com um sorrisinho orgulhoso:— Ele merecia um nome bonito.Sköll balançou a cauda, mas não tirou os olhos de Andromeda. Ágata lançou um olhar de canto para ela.— Você está bem?Andromeda assentiu devagar.— Onde vocês conheceram esse homem? — ela per
— Olha! É a minha mamãe! — Dara gritou, correndo na direção da mulher.Mas Sköll a impediu, pulando direto na cabeça da suposta mãe.— Nããão! — ela gritou. — Sköll, é a minha mãe! Solta ela! — A garota implorava entre lágrimas até desmaiar ao ver a cabeça sendo arrancada.Kael a agarrou no colo e a abraçou, impedindo que visse o restante.Milo observou, esperando que Sköll voltasse para perto — isso indicaria que estavam seguros. Mas Sköll não voltou. E isso só podia significar uma coisa: perigo.A aura angelical de Andrômeda começou a pulsar, fazendo sua cabeça latejar.— É um ataque! Protejam-se agora! — Milo gritou, sacando a espada.— Pode me ajudar outra vez, Kael? — ele perguntou, ainda com a espada em mãos.— Agui, consegue proteger a vila? — Kael perguntou, apertando Dara contra o peito.Ágata ergueu as mãos.— Claro que sim, mas... não sabemos de onde vem ou de quem é o ataque — disse ela, de olhos fechados, conjurando uma ala azul impenetrável — pelo menos, enquanto estiver