O tenente e a babá cega
O tenente e a babá cega
Por: Edi Beckert
Seria ele?

CAPÍTULO 01

Valéria Muniz

Paraná - Brasil / 2023

— Aqui moça, esse é o seu quarto! — disse o mensageiro que me ajuda todos os dias a subir e encontrar o meu quarto nesse hotel.

— Obrigada, senhor! — balanço levemente a cabeça, estendendo a minha bengala branca. Ele deve ser mais um daqueles que sente pena de uma moça tão jovem e cega como eu, mas tudo bem.

Ouço o barulho dos passos e sei que ele entrou no elevador, e eu também deveria entrar, mas depois de um dia tão cansativo, acabo contando três passos e indo até um grande sofá, que fica na sala de descanso.

Fico atenta a qualquer barulho, agora vai ser assim, pelo menos até que o meu novo óculos esteja pronto, então voltarei a ver vultos e luzes com mais facilidade, me sentirei mais segura.

Já era tarde, o silêncio era a minha companhia... até que pensei que estava sonhando quando escutei gritos.

— AHHHH! AHHHHH! — pulei do sofá com o susto, a bengala caiu no chão quando ouvi aquele grito novamente... Aquele grito que eu conhecia muito bem; de desespero, dor e medo, que tantas vezes ajudei a acalmar em Israel.

“Não é possível... seria ele?“

Me abaixei nervosa, apalpando o chão, até encontrar a bengala novamente, então levantei inquieta, devo estar ficando louca. Achei melhor contar três passos e entrar no meu quarto, mas, ouvi novamente:

— AHHHHH! AHHHHH! BOMBA, BOMBA! PRECISAMOS CORRER! — por Deus, era ele! Aquela voz era dele, o homem a quem salvei em Israel, mas como? Seria um milagre encontrá-lo?

— ME AJUDEM!

Os gritos se tornaram mais audíveis, então como da primeira vez, segui os meus instintos, e pelo som, parei em frente da porta que o barulho vinha.

Pensei em bater, o meu coração pulava agitado no meu peito. Segurei na maçaneta, sentindo que a minha mão estava molhada de suor e as pernas bambas, então quando ouvi a última frase, não hesitei mais:

— SOCORRO! FUI ATINGIDO! — ele estava gritando desesperado, a porta estava aberta, eu só precisei girar e já estava dentro do quarto de um desconhecido, tremendo, mas disposta a ajudar. — AHHHHH! — ele parecia chorar, eu pude sentir os movimentos dele na cama. Sua voz e seu cheiro eram inconfundíveis.

— Eu estou aqui, se acalme! É você, não é? Como viemos parar no mesmo país? — me aproximei da cama, coloquei a bengala no chão e coloquei corajosamente as mãos sobre ele.

Me emocionei quando encontrei a sua mão, segurei com força quando o senti, encostei o meu corpo sobre o corpo dele, e me senti em casa.

.

Quando encontrei esse homem quase morto pela guerra, eu também estava morta por dentro, sem expectativas, e ajudá-lo a sobreviver foi a minha cura diária.

.

— Que bom estar com você de novo! — me aconcheguei, sentindo uma emoção que parecia que explodiria no peito, eram como pequenas bombas de alegrias expandindo em mim, e por um momento me perguntei se o meu momento havia chegado... Deus havia se lembrado de mim? Pois, agora eu sabia que não era um sonho, era real, ele estava ali.

Como das outras vezes, ele parecia ter febre. Quando ouviu a minha voz, não gritou mais, também me puxou para ele, mas me puxou tanto, que fiquei com o ouvido em cima do seu coração, e por um tempo permaneci, ouvindo as batidas enquanto o acalmava como antes:

— Shiii, eu estou com você! Sinta as minhas mãos, estão quentes... — senti um vento fresco vindo da porta, então com dificuldades me afastei e levantei encostar a porta.

Tirei o hijab, e transbordando alegria, me deitei sobre ele novamente.

— É tão bom ficar sobre você! Antes você estava todo quebrado, agora está tão forte... — disse mais baixo as últimas palavras, quando toquei os braços dele e vi como havia adquiro força, também havia passado quase dois anos que eu não estava com ele.

Curiosa passei as mãos nos cabelos dele que estavam um pouco mais altos agora, antes era raspado, toquei no seu rosto cuidadosamente, então percebi que estava acordado, provavelmente me olhando.

Parecia que ele havia saído daquele transe, pesadelo ruim em que estava. Segurou a minha mão que o tocava e por um momento tive receio, talvez ele não estivesse lembrando de mim, mas não... ele beijou os meus dedos e me puxou completamente para a cama, ficando sobre mim.

— Está melhor? — perguntei.

— Estou ótimo... nossa, você é linda! Como veio parar aqui? — a sua mão tocou o meu rosto e inclinei a espinha na cama, jogando levemente a cabeça para trás.

— Eu te ouvi chamar... — eu mal terminei de falar e paralisei quando aquele homem me beijou.

Eu só havia sido beijada uma vez, um rapaz que fez uma aposta que beijaria a moça boba e cega da escola, e isso com quase quinze anos, então nem contava.

Meu corpo amoleceu inteiro, ele me beijava e cada célula do meu corpo implorava para que não parasse, era simplesmente maravilhoso, havia um leve gosto de bebida, ele parecia ter bebido um copo de vinho ou algo do tipo.

A língua dele estava puxando a minha, e o meu corpo ficava cada segundo mais leve, como se eu tivesse morrido, mas de alegria.

De repente abri a boca em espanto, ele ergueu a minha camiseta e tocou o meu seio, eu pensei que não iria aguentar, não consegui mais fechar a boca, e ele sorriu nela; com isso senti seus lábios, sabia que ele estava gostando de algo, então relaxei.

Quando percebi, ele começou a tirar a minha roupa, ele não tinha pressa, e quando tirava uma peça beijava toda a minha pele, e nem que a minha razão dissesse que eu não deveria, eu seria incapaz, a minha mente já era dele, eu só não queria que aquilo terminasse, mesmo que o meu irmão me matasse depois.

Percebi que tirou as suas, fui sentindo aquele encostar gostoso dele em mim. Sua pele parecia acariciar a minha ao me encostar.

— Nossa, que delícia! — o senti beijar os meus seios, e fiquei completamente imóvel, era prazer demais pra mim, eu nem sabia o que fazer, deixei que ele me conduzisse.

Então ele passou a língua em partes da minha barriga e me contorci inteira quando ele chegou até o meu sexo. Eu estava completamente nua, na cama de um desconhecido que não sei nem o nome, e que só reconheço pelo toque, a voz e o cheiro..., mas a última coisa que eu queria era sair dali, entregaria o meu ser a ele, a minha virgindade e o meu corpo, porque o tenho guardado no coração desde quando o encontrei. O destino nos separou, mas nos juntou novamente, e isso só poderia ser um sinal de Deus.

Sem que eu conseguisse evitar, comecei a fazer alguns barulhos estranhos conforme ele fazia algum movimento lá em baixo que eu não sabia o que era, mas havia deixado o meu corpo arrepiado, esticado para trás e a minha respiração falha.

— Ah... ah...

— Goza, vai... inchou bastante já... — Aquela voz rouca me deixou ainda mais agitada, tive vontade de gritar, chorar, morder, apertar a sua cabeça e me contive até onde deu, então senti quando ele segurou as minhas pernas e tudo explodiu de verdade. Chegou ao nível máximo de prazer e depois foi relaxando.

— Vem cá, vem!? — ele me puxou para ele e voltei a me perder no seu beijo, que agora tinha um gosto um pouco diferente.

Quando menos imaginei, senti que ele encaixou algo em minha entrada, e então empurrou para dentro, me fazendo dar um leve grito. Pelas leis judaicas eu seria o pior dos seres viventes, mas não me importaria... Era ele!

— AHHH! — ele parou por um momento, então me acalmei. O hímen havia se rompido.

— Desculpe, vou mais devagar... — ele sussurrou e começou a se mover devagar, mas ainda doía.

Segurei firme em seu pescoço, ele voltou a me beijar enquanto me tomava pra ele, e então eu percebi que a dor foi diminuindo, e voltei a ter a mente possuída.

Seus movimentos ficaram mais intensos, senti as suas carícias nos meus cabelos e no meu corpo, havia sido muito melhor do que imaginei, e meu corpo estava em êxtase, o sentindo entrar em mim daquela forma.

Seus movimentos diziam como estava gostando, até ouvi ele fazendo alguns barulhos como os meus, e de repente senti o meu corpo alcançando um ponto mais alto de prazer, até parecia mais duro o seu membro, foi então que percebi que ele uivou e parou com os movimentos, me puxando para perto dele.

Senti um último beijo, e então aproveitei a proximidade, sentindo o nosso cheiro e explorando mais o seu rosto, até que adormeci.

[Plaft]

Ouvi um barulho da porta se abrindo, e muito pouco do reflexo do sol, entrando. Era de manhã.

— Caramba, Théo! Quem é ela? — “Théo?“ Então esse é seu nome?“ — uma voz feminina fez essa pergunta. Me sentei de repente, puxando um lençol e cobrindo o meu corpo.

— Ela quem? — estranhei as palavras dele, que moveu o corpo apressado, tentando perceber se tinha ouvido direito. — Eu não conheço, devo ter chamado ontem a noite, só não sei porque passou a noite aqui! — eu fiquei em choque, ele não se lembrava de mim? Estava acostumado a trazer prostitutas para o quarto?

— Théo, tem certeza? — a voz suave perguntou, me senti magoada, humilhada.

Uma repulsa e uma dor muito grande me atingiu. Não pensei em mais nada, simplesmente me abaixei procurando a bengala branca, e enrolada num lençol e tropeçando, eu saí me perdendo no corredor, procurando pelo meu quarto, implorando para que tivesse entrado no lugar certo.

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