Liam*Correu como se sua alma estivesse em chamas. A cada passo, o coração parecia prestes a arrebentar o peito. Collin vinha logo atrás, os olhos arregalados de desespero. Quando adentraram a tenda, o vazio os esmagou como um soco no estômago.Ela havia sumido.E Eric também.— Merda! — Collin gritou, revirando cada canto da tenda com as mãos trêmulas. — Não, não, não!— Porra! — Liam levou as mãos à cabeça, sentindo o mundo desabar sob seus pés.— Você não viu que não era eu?! — ela gritou, a voz embargada pela culpa.— Ela estava de costas, Collin! Trocou de roupa! Eu... eu só vi os cabelos. — ele respondeu, a voz falhando, o desespero crescendo como uma maré.— E por que ela levaria o bebê?! — Collin caiu de joelhos, os olhos vidrados. — Por quê?— Vantagem. Ela sabe que não vamos atacá-la se estiver com Eric nos braços. É cruel... mas inteligente.— Deuses... — murmurou Collin, enterrando o rosto nas mãos. — Eve nunca vai me perdoar. Eu... eu deixei Eric dormindo só por um momen
Collin*Quando acordou no dia seguinte, a neve ainda caía com força, mas a tempestade havia cessado. A camiseta de Liam ainda envolvia seu corpo, aquecendo mais do que apenas sua pele — aquecendo uma parte do seu peito que ela fingia ignorar. Collin puxou a gola até o rosto, inalando fundo. O cheiro dele. Quente, forte... masculino. Fechou os olhos por um segundo, sentindo-se estúpida por desejar tanto algo que só lhe causava dor.Ela se levantou lentamente, os olhos percorrendo o interior gélido da caverna. Mal teve tempo de pensar quando Liam surgiu pela entrada, seus cabelos molhados de neve, o peito subindo e descendo com a respiração acelerada. Ele sacudiu os fios, a neve caindo em flocos pesados no chão de pedra.— Onde estava? — perguntou em alerta.— Fui verificar nossa localização. A nevasca apagou todos os rastros. Não tem cheiro, não tem pegada. Colen se apagou da floresta — respondeu ele, recostando-se contra a parede, os olhos a avaliando de cima a baixo.Collin caminhou
ATENÇÃO esse capítulo contém cenas que podem despertar gatilhos em algumas pessoas!! Collin*Ela corria atrás da irmã, o frio cortando a pele como lâminas. As casas destruídas pareciam fantasmas daquilo que um dia foi lar. E no meio daquele cenário apocalíptico, Collin sentiu aquela dor parir seus estômago novamente. Parou por um instante, arfando. A dor repentina atravessou seu ventre como uma punhalada. Seu corpo tremeu.Virou-se instintivamente.Liam.Ela o viu ao longe, cercado por seus lupinos, mergulhados em combate. Eles tinham conseguido alcançá-la. Mas isso não bastava.Ela se recompôs e continuou a perseguir Colen, a irmã amaldiçoada, o coração batendo como um tambor desesperado. O som do choro do bebê, que antes a guiava, cessou de forma abrupta.— COLEN! — gritou, a voz ecoando entre as paredes quebradas.Nada.— Aparece, sua covarde de merda!O silêncio era cortado apenas pelos uivos e os gritos de batalha.— Sua
Collin*Antes mesmo que aqueles infelizes pudessem ter qualquer reação, Damon saltou contra eles como uma fera descontrolada. O som da carne rasgando, ossos sendo esmagados e gritos de agonia encheram o ar. Ele matou um de cada vez. Da forma mais brutal possível. Seus olhos ardiam em fúria, e sua boca estava suja de sangue.Colen, como o covarde que era, fugiu pelas portas do fundo.— Damon... Damon, me desamarra — Collin arfou, a voz falha, desesperada.O lupino se voltou para ela com rapidez, e num instante, as cordas que prendiam seus pulsos estavam soltas. Ela não perdeu tempo. Seus joelhos quase cederam quando correu até Liam. Ele estava caído no chão, com os olhos entreabertos, o corpo imóvel. Collin caiu de joelhos ao seu lado, o coração apertado como se estivesse sendo esmagado por dentro. Ela não conseguiu conter o choro. Aquilo era mais do que dor — era desespero.Ela tocou seu rosto com cuidado, com as mãos tremendo, tentando secar aquelas lágrimas que pareciam não parar d
Collin* Nos dias que se seguiram, uma nova mudança de acampamento ocorreu. Todos estavam fartos da constante fuga. Os lupinos de Averina, e principalmente a alcatéia de Liam, já não escondiam o cansaço. Questionavam-se em sussurros por que o alfa os havia deixado, por que não estavam seguindo para o território seguro, o lar prometido. Por que... estavam tão perdidos?Collin também se perguntava isso. Dois dias após o pesadelo com Colen, Liam desapareceu na floresta. Sem palavras, sem despedidas. Damon havia ido atrás dele, e quando voltou, tudo o que disse foi que o alfa precisava de um tempo. Que ficaria longe. Por quanto tempo? Nem ele sabia.A notícia caiu sobre Collin como uma lâmina. Doía mais do que qualquer ferida. Ela queria estar perto dele. Queria cuidar, curar, sentir que ainda fazia parte de algo com ele. Mas ele a afastou. Escolheu a solidão. E isso a dilacerava.Averina, já impaciente com tudo, se mostrava mais ríspida a cada dia. A constante tensão, o medo, a neve ince
Liam*Ele não sabia ao certo quando havia se perdido. Só lembrava de ter acordado no meio da noite. Collin estava deitada ao seu lado, serena, bela... e, ao mesmo tempo, cruelmente parecida com Colen.Aquilo foi como um punhal enfiado em seu peito.A mente de Liam não distinguiu a diferença. Só enxergava a sombra do monstro que o havia destruído. A mulher que invadia seus sonhos e os tornava pesadelos. A que fez com que seu corpo deixasse de ser seu, que o despedaçou sem piedade, que matou dentro dele tudo o que ainda havia de inteiro.Sem pensar, ele fugiu. Levantou-se no silêncio da noite, com o peito arfando, e sumiu. Deixando Collin. Deixando a si mesmo.Ele sabia que nunca mais conseguiria ser o Liam que um dia foi. Aquilo que Colen levou dele... era irreversível.Damon o encontrou dias depois, quando rastreou sua trilha com a esperança de trazê-lo de volta. Mas tudo o que Liam ofereceu foi a verdade fria e quebrada.— O que direi a eles, Liam? — perguntou o amigo, abatido.— Dig
Collin*Seu coração batia descompassado, como se tentasse sair do peito. A mente ia e voltava, revivendo lembranças que ela tentou enterrar. Mas elas sangravam de novo. O cheiro dele ainda estava no ar, mesmo após tanto tempo.— Por que mandou prendê-lo? — Damon perguntou, nervoso, os olhos cravados nela.— Averina já ia fazer isso. Eu só... adiantei as coisas. — respondeu sem encará-lo, mas ao mencionar o nome da alfa, a mesma surgiu, como uma sombra veloz.— Liam voltou mesmo? — perguntou, desconfiada.— Sim.— Ele precisa responder por muitas coisas.— Já está preso. Como imaginei que você gostaria. — disse, com frieza ensaiada.Averina ergueu uma sobrancelha, sem esconder a curiosidade.— Irei até lá.— Eu também vou. — disse Damon, colocando-se ao lado da alfa, ambos seguindo em direção à cabana onde Liam estava. Collin permaneceu imóvel, ainda não conseguia.Voltou para a própria cabana. Encarou o reflexo no espelho rachado. Jogou água no rosto, mas não adiantava. A dor antiga r
Collin*Seu coração batia descompassado, como se quisesse escapar do peito. O mundo parecia ter parado.Ela olhou para baixo, hesitante, os dedos trêmulos esticando-se até tocar o ventre ainda liso, como se aquilo fosse capaz de lhe dar uma resposta. Mas não havia dor, nem pontadas — apenas um vazio. Um silêncio absoluto.Como isso pode ser real...? — sussurrou dentro da própria mente.Ao redor, todos pareciam em transe. Damon olhava para Eve, Averina para o curandeiro, mas foi o olhar de Liam que a deixou sem ar. Ele a encarava como se visse um espectro, um sonho antigo que voltava com violência. Como se temesse se mover e tudo aquilo sumisse.— Saiam. — A voz dele cortou o ar como um trovão abafado, autoritária e grave. Era a voz de um alfa. Inquestionável.Damon e Eve se entreolharam, hesitantes, mas logo saíram. Averina também. O silêncio se intensificou.Agora restavam apenas três: ela, Liam e o velho curandeiro.Liam se aproximou devagar, como um animal selvagem farejando algo s