Giulia RicciardiO casamento prosseguia com a perfeição de um conto de fadas. Os votos de Alice e Luis emocionavam os convidados, os flashes das câmeras capturavam cada sorriso, cada lágrima, cada olhar apaixonado. Mas, para mim, o brilho daquele momento parecia distante.Fingir que estava bem era um esforço monumental. Eu sorria, cumprimentava os conhecidos e trocava palavras educadas com os outros padrinhos e madrinhas. Porém, a cada segundo, sentia uma pontada de dor no peito. O sorriso de Lorenzo enquanto ele conversava casualmente com os outros convidados, como se nada tivesse acontecido, parecia zombar da minha dor.Tentei me concentrar na cerimônia, no amor evidente entre Alice e Luis. Eles eram perfeitos juntos, tão felizes que era impossível não se emocionar. Mas, ao mesmo tempo, aquela felicidade parecia me esmagar. Era um lembrete cruel do que eu jamais teria com Lorenzo.O tempo passava devagar, como se cada minuto fosse uma eternidade. Francesca, ao meu lado, estava radia
Giulia RicciardiUma semana havia se passado desde que voltamos para Milão, e a vida parecia lentamente retornar ao normal. A casa da minha família ainda estava tão cheia de elegância e regras quanto sempre foi, mas eu conseguia encontrar uma certa paz ao me dedicar ao curso de moda. Ali, longe das intrigas e expectativas da família Ricciardi, eu podia ser apenas Giulia, a estudante que adorava criar e explorar sua criatividade.Liz estava se tornando uma constante agradável na minha vida. Desde o casamento de Alice e Luís, nossa amizade só havia crescido, e ela agora era como um refúgio. Apesar de sua personalidade animada, Liz sabia quando respeitar o meu espaço, e talvez fosse isso que tornava nossa amizade tão especial.Estávamos em uma das aulas práticas do curso, e o foco do dia era a confecção de bolsas. Era o tipo de trabalho que me fazia esquecer de tudo ao meu redor. As linhas, os tecidos, as formas... Tudo parecia se alinhar perfeitamente em minhas mãos, dando vida a uma pe
Lorenzo SalvatoreEstava no escritório com Domenico e mais alguns homens, uns da família Ricciardi e outros aliados. Como sempre, minha posição era à margem, mantendo-me atento às conversas, mas apenas ouvindo. Apesar de trabalhar para Domenico há anos, eu sabia exatamente o meu lugar. Não fazia parte da família; era apenas o homem que ele confiava para proteger os interesses e a vida de todos ali. E às vezes, quando era chamado, dava minha opinião sobre o que eles estivessem conversando.Domenico estava de pé, como de costume, com sua presença autoritária preenchendo o ambiente. Ele parecia mais satisfeito do que de costume, mas também havia algo calculado no tom de sua voz, como se estivesse prestes a compartilhar uma jogada estratégica.— Senhores, convoquei esta reunião porque tenho novidades importantes sobre nossas relações externas — começou ele, com sua voz grave ecoando pelo escritório.Os homens ao redor trocaram olhares intrigados. Eu permaneci em silêncio, de braços cruzad
Giulia RicciardiEstava no quarto, era perto das seis da tarde. O sol começava a se pôr, tingindo o céu de tons alaranjados, enquanto eu olhava para o espelho com um misto de ansiedade e nervosismo. Francesca estava ao meu lado, rindo de algo que Liz havia dito. As duas estavam me ajudando a me arrumar para o encontro que, até agora, parecia surreal. Eu estava prestes a conhecer o pretendente escolhido pelo meu pai, e, mesmo que houvesse um pequeno resquício de dúvida, eu decidi encarar isso com leveza.O vestido vermelho que escolhi era deslumbrante. O tecido moldava perfeitamente o meu corpo, valorizando minhas curvas sem ser exagerado. O decote era delicado, o comprimento ia até um pouco acima dos joelhos, com uma fenda discreta em uma das laterais que dava um toque sensual. Francesca havia insistido em que eu soltasse meus cabelos castanhos escuros, que caíam em ondas suaves pelos ombros, brilhando sob a luz do quarto.Minha maquiagem era simples, apenas realçando os olhos com um
Lorenzo SalvatoreO sol mal havia despontado no horizonte quando me levantei, já acostumado à rotina que minha vida exigia. Trabalhar para a família Ricciardi era um jogo constante de equilíbrio entre a lealdade, a discrição e o sacrifício. Mas naquele dia, havia algo diferente. Algo que me incomodava desde a noite anterior.O jantar de Giulia com Vittorio não me saía da cabeça. A ideia de vê-la com outro homem, especialmente alguém como ele, mexia comigo de um jeito que eu não queria admitir. Era irracional, e eu sabia disso. Afinal, quem era eu para questionar as escolhas dela? Para interferir em algo que sequer dizia respeito à minha função? Ainda assim, a sensação estava ali, como um peso no peito.Desci para a área principal da mansão, decidido a focar no trabalho. No entanto, como o destino parece gostar de brincar comigo, me deparei com Giulia no corredor. Ela estava saindo de um dos salões, com o cabelo ainda levemente bagunçado, como se tivesse acabado de acordar. Seus olhos
Giulia RicciardiA luz do sol entrava pelas grandes janelas do estúdio do curso de moda, iluminando os manequins, tecidos, e croquis que estavam espalhados pelas mesas. Meu novo projeto estava bem na minha frente: um vestido de várias camadas que ainda parecia uma ideia em construção, mas já conseguia visualizar o potencial dele. Meu professor passou por mim e fez um comentário encorajador, o que ajudou a aliviar um pouco a pressão que eu sentia.Estava tão imersa nos detalhes do desenho que quase não percebi meu celular vibrando sobre a mesa. Peguei-o distraída e vi que era uma mensagem de Vittorio.Vittorio: Buongiorno, Giulia. O que acha de almoçar comigo hoje?Um sorriso escapou dos meus lábios, e Liz, que trabalhava na mesa ao lado, notou imediatamente.— Vittorio? — ela perguntou com um sorriso travesso.— Vittorio — confirmei, enquanto digitava minha resposta.Eu: Claro, que horas e onde?Ele respondeu rapidamente, enviando o endereço de um restaurante charmoso no centro da cid
Giulia RicciardiEstava na frente do espelho, ajustando os últimos detalhes do meu vestido preto de seda. A peça era simples, mas elegante, com alças finas e um decote nas costas que me deixava confiante. Os cabelos castanhos escuros estavam presos em um coque baixo, algumas mechas soltas moldavam meu rosto. Optei por uma maquiagem discreta, com tons neutros, mas finalizei com um batom vermelho que dava um toque de ousadia.Calcei meus saltos e dei uma última olhada no espelho. Não sabia por que estava tão nervosa. Talvez fosse o fato de que Vittorio e eu ainda estávamos nos conhecendo, ou talvez fosse outra coisa que eu não queria admitir.Respirei fundo e desci as escadas com passos leves, mas firmes. Quando cheguei ao hall, senti meu corpo congelar por um instante. Lorenzo estava lá, de pé ao lado da porta.Os olhos dele, sempre tão intensos, me percorreram dos pés à cabeça, demorando-se por alguns segundos a mais do que o necessário. Um frio atravessou minha barriga, mas mantive m
Lorenzo SalvatoreDesde que Vittorio Cavalcante apareceu, a cerca de duas semanas, uma sensação de inquietação não me deixava em paz. Algo no sorriso dele, nos gestos calculados, me fazia duvidar de cada palavra que saía da boca daquele homem. Eu podia sentir, no fundo, que ele era uma ameaça. Para mim, para os Ricciardi, para Giulia.Depois de uma noite de sono conturbada, acordei com a decisão clara de que precisava começar a investigar. Não era só uma questão de instinto; era minha obrigação. Domenico Ricciardi confiava em mim, e minha lealdade à família me obrigava a agir. Além disso, o fato de Giulia estar envolvida com Vittorio tornava tudo ainda mais pessoal.Logo pela manhã, passei na sala de segurança para pegar alguns equipamentos. A desculpa era que queria revisar os arquivos de vigilância da propriedade, mas meu verdadeiro objetivo era buscar informações sobre a máfia dos Cavalcante. Consegui um laptop seguro, uma conexão privada e um software que me dava acesso a redes ma