O tempo passou e, com ele, a relação entre Emma e Sofia se fortaleceu de maneira única. Não era apenas uma convivência, mas um vínculo profundo de confiança e carinho. Emma via em Sofia uma menina cheia de sentimentos intensos, que buscava segurança em meio às turbulências de sua família.Nos últimos meses, a aproximação das duas tomou novas formas. Sofia, antes reservada, agora se permitia demonstrar mais afeto. Tocava na barriga de Emma com curiosidade genuína, como se estivesse criando um laço invisível com o irmão que logo chegaria.— Você acha que ele vai gostar de mim? — perguntou Sofia em um fim de tarde, os olhos brilhando de expectativa.Emma sorriu e segurou a mão dela sobre sua barriga.— Ele já gosta, Sofia. Você faz parte da vida dele desde o começo.A menina sorriu, sentindo-se parte de algo maior. Era a primeira vez que se via em um papel diferente, não apenas como filha, mas como irmã mais velha. Emma percebia o esforço dela em lidar com tantas mudanças. O casamento, a
Emma estava em casa, cuidando de suas obrigações, enquanto Alexandre trabalhava. A manhã havia sido tranquila, e Sofia a ajudava a organizar algumas coisas no quarto do bebê. No entanto, um pequeno descuido mudou completamente o rumo do dia.Enquanto limpava a cozinha, Emma não percebeu que o chão ainda estava molhado. Ao dar um passo em falso, escorregou e caiu bruscamente no chão frio. A dor foi imediata, e um grito escapou de seus lábios, alarmando Sofia, que correu para ver o que havia acontecido.— Emma! — Sofia gritou, ajoelhando-se ao lado dela. — Você está bem?Emma levou a mão ao ventre, o coração acelerado pelo medo. Uma dor intensa atravessou seu abdômen, e seu rosto se contraiu em angústia.— Eu… eu não sei… o bebê…Desesperada, Sofia pegou o telefone e ligou para Alexandre.— Papai! A Emma caiu! Ela está sentindo dor! — sua voz tremia, denunciando seu nervosismo.Do outro lado da linha, Alexandre sentiu o sangue gelar.— Estou indo! Fiquem calmas! — disse ele, já saindo d
Emma foi levada para a sala de parto enquanto Alexandre permanecia ao seu lado, segurando sua mão com firmeza. Seu coração estava acelerado, mas ele fazia o possível para manter a calma por ela. — Respira, meu amor. Eu estou aqui. Emma apertava a mão dele com força a cada contração, o suor escorrendo pela testa. O médico olhou para ela com um sorriso encorajador. — Está indo muito bem, Emma. Mais algumas forças e logo seu bebê estará em seus braços. Ela reuniu toda sua força e, com um último empurrão, um choro forte ecoou pela sala. Emma sentiu as lágrimas escorrerem por seu rosto ao ouvir o som tão esperado. — Ele chegou — Alexandre murmurou, com a voz embargada pela emoção. O médico entregou o bebê a Emma, que o recebeu com os olhos marejados. A pele macia, os dedinhos minúsculos, os olhos ainda fechados… Ele era perfeito. — Meu menininho — sussurrou, acariciando a cabecinha do bebê. Alexandre sentiu o coração se encher de amor ao ver sua esposa e seu filho juntos. Ap
Eu nunca imaginei que minha vida tomaria esse rumo. Se alguém tivesse me contado, anos atrás, que eu me apaixonaria pelo pai da menina que eu cuidava, teria rido e seguido em frente. Mas a vida tem formas inesperadas de nos surpreender.PassadoQuando aceitei o emprego como babá de Sofia, eu só queria uma oportunidade. Eu precisava de um trabalho estável, algo que me permitisse seguir em frente depois de tantas dificuldades. Cresci sem muitos luxos, aprendi cedo que precisava lutar por cada pequena conquista. E foi assim que cheguei à mansão dos Vasconcellos, acreditando que aquele seria apenas mais um emprego.Meu primeiro dia foi assustador. A casa era enorme, sofisticada, um mundo completamente diferente do meu. Sofia, ainda pequena, me olhava com curiosidade, e Alexandre... bom, ele era frio. Formal, ocupado demais para notar minha presença além do necessário. "Sua responsabilidade é minha filha. Apenas ela", ele disse com a voz firme. Não esperava que um dia ele olharia para mim
A noite avançava, e o silêncio que pairava na casa de Emma e Alexandre era apenas aparente. Nos corredores, nas entrelinhas dos olhares, nas palavras medidas, havia tensão acumulada, ressentimentos antigos e dúvidas não ditas.Emma colocou Miguel no berço com cuidado, tentando acalmar o coração. O choro leve do bebê havia cessado, e sua respiração ritmada era a única paz que ela sentia naquela noite. Fechou a porta do quarto devagar e seguiu até a sala.Lá, a sogra e a irmã de Alexandre ainda estavam sentadas, agora em silêncio. A conversa havia morrido depois da resposta firme de Emma. Alexandre, por sua vez, voltava do escritório com o pai, ambos com semblantes sérios.— Algum problema? — Emma perguntou, olhando para o marido.Alexandre negou com a cabeça. — Apenas conversas... antigas.O pai dele a observou por um momento e então falou:— Confesso que não entendi sua escolha no começo, filho. E, sinceramente, ainda tenho meus receios. Mas hoje... vi como ela cuida da sua família. E
Emma olhava pela janela do quarto, com Miguel adormecido em seus braços. O sol da manhã entrava tímido, banhando o berço com uma luz suave e morna. Ela sentia o coração leve, mas também inquieto. Nos últimos dias, ela e Alexandre haviam se aproximado ainda mais, e as palavras trocadas na noite anterior ecoavam em sua mente.“Você é meu lar, Emma.”Era a primeira vez que Alexandre havia expressado tão diretamente o que sentia por ela desde o nascimento de Miguel. Emma sabia que ele sempre estivera ao seu lado, mas aquela frase tinha um peso diferente. Era uma promessa, um reconhecimento. Um amor real.Sofia entrou no quarto sorrindo, carregando um desenho. “Mamãe, olha! Desenhei nossa família!” Ela estendeu o papel com traços infantis: um homem de terno, uma mulher de vestido florido, uma menininha com tranças e um bebê com um enorme sorriso.Emma se ajoelhou e puxou Sofia para um abraço apertado. “Ficou lindo, meu amor. Você desenhou até o papai com terno!”“Porque ele sempre usa tern
Na manhã seguinte, Alexandre estava inquieto. Embora tivesse acolhido a confissão de Emma com compreensão e amor, algo dentro dele ainda queria protegê-la mais profundamente. Queria entender não só o que ela enfrentou — mas também de onde ela veio, o que a moldou até se tornar essa mulher forte, doce e determinada que agora era mãe dos seus filhos e a dona do seu coração. Pegou o telefone e ligou para Marcos, seu advogado e homem de confiança. — Marcos, quero que vá a fundo na vida da Emma... — disse, sério. — Está desconfiando dela? — perguntou Marcos, surpreso. — Não. Eu a amo. Mas quero entender. Saber de onde ela veio, o que ela viveu... O que ela superou. Eu quero conhecer tudo, até o que ela nunca teve coragem de contar. Me ajude com isso. --- Dois dias depois, Marcos retornou com um dossiê discreto, mas poderoso. Alexandre o leu página por página, sozinho em seu escritório, o coração apertado conforme as informações tomavam forma diante dos seus olhos. Emma nascera
A manhã começou tranquila. Miguel acordou com o sorriso doce que iluminava qualquer canto da casa. Emma o pegou no colo, cheirou seu pescoço e sentiu aquele perfume inconfundível de bebê misturado com ternura e esperança. Era por ele que ela seguia todos os dias, mais forte e inteira. Enquanto Emma preparava o café, Alexandre desceu as escadas, já pronto para sair, mas com um olhar curioso. — Marcos me entregou mais alguns documentos hoje cedo — disse ele, enquanto colocava uma xícara de café à frente dela. — Há registros antigos. Uma mulher que tentou procurar por você há anos, mas sem sucesso. Pode ser alguém da sua família biológica. Emma congelou por um momento, com a colher a meio caminho do açúcar. A ideia de ter uma ligação biológica com alguém soava quase surreal. Por tanto tempo, ela acreditou que tinha sido simplesmente abandonada, esquecida. — Quem? — sussurrou. — O nome dela é Ester. Ela tentou adotar uma menina anos atrás, mas quando descobriu que você já havia s