4- Outras maneiras bem mais rápidas de acabar com sua vida.

A garotinha saiu e pegou na mão de seu pai, que a subiu no caminhão.

Assim que o caminhão saiu, Yuri caminhou rapidamente para o caixote, da forma que estava o sol a pessoa que estava ali, poderia até morrer desidratada.

No caminho ele fez um sinal para que um soldado seu viesse também.

Ele se pôs de frente para o caixote e pediu para que abrissem.

O soldado abriu, mas a pessoa lá dentro não se moveu, ele olhou para dentro do caixote e pensou que poderia ser tarde demais.

- Vá e chame o sargento. Ele levou as mãos nas têmporas.

Quando Raoni chegou ele o ordenou que tirasse a pessoa da caixa.

Raoni estava relutante, pois já conhecia Yuri, mas ele não tinha muita opção.

- Ela é rebelde, tacou um objeto em minha cabeça. Ele disse em sua defesa, mostrando a faixa em sua testa.

- Tire-a. Ele disse muito irritado.

Quando Raoni tirou Rosana do caixote, ela só murmurava, pouco se entendia o que ela dizia, mas uma coisa era bem audível “não me toque”.

Muito irritado ao ver a pequena criatura imóvel no chão em estado lastimável – Alguém consegue me dizer o que aconteceu aqui? Quais são as ordens sobre o tratamento a civis pela tropa? Ele disse em tom alto olhando a todos que estavam a sua volta.

Ele se abaixou e virou a pessoa amontoada, enrolada em seus próprios cabelos. Ele a escorou em suas pernas e passou a mão em seu rosto para tirar as mechas de cabelos molhadas de suor, ela parecia uma boneca de porcelana, com cílios longos e espessos.

Ele a levou para a tenda e pediu para as camareiras prepararem um banho e também um caldo.

-Cabo Soti pegue em meu jipe uma sacola de couro e traga-a aqui.

Raoni entra na tenda para falar com Yuri, ele está irritado, pois se sentiu humilhado na frente de sua tropa.

-Ela estava lá de castigo, pois me agrediu duas vezes. Ele disse de forma confiante, como se estivesse certo.

- É mesmo? Eu me pergunto o que uma mulher neste estado pode fazer a um homem do seu porte, e mais o que a levaria a tal ato?

Raoni não tinha muito o que dizer em sua defesa, Rosana o agrediu em legítima defesa, ele queria se aproveitar dela, mas ele não podia dizer isso, então ele tentou achar uma desculpa para sua agressão.

- Ela se recusava a se juntar com os outros e também roubou algumas coisas do destacamento. Ele disse tentando convencer a si mesmo.

- Investigarei e punirei os culpados. Yuri disse, sem muita emoção.

Ele passou um álcool canforado nos pulsos e passou levemente sob o nariz de Rosana para que ela acordasse.

Raoni ficou em pé atrás de Yuri, ele queria pôr fim a vida daquela mulher, quando ela acordasse sua reputação estaria arruinada.

Rosana se incomodou com o cheiro e acordou, mas se sentia muito fraca, ela mal conseguia abrir os olhos, sua cabeça doía e suas costas queimavam.

- Você me ouve? Yuri perguntou inclinando seu corpo sobre ela para tentar ouvi-la.

- Onde estou? Ela perguntou com a voz sumindo.

- Não se preocupe você está segura, consegue se sentar para comer alguma coisa? Ele perguntou para ela, que não conseguia manter os olhos abertos.

Ela assentiu com a cabeça e tentou se escorar com os braços para se sentar, ele vendo-a com dificuldade pediu para uma camareira ajudá-la. Ele não queria tocá-la, poderia assustá-la e além disso, ele era muito reservado.

- Você pode sair. Ele disse a Raoni que ainda estava parado atrás dele.

Raoni saiu sem dizer nada.

Quando a camareira tentou ajudar Rosana ela gritou novamente de dor, no seu vestido tinha manchas de sangue nas costas.

- O que é isso? Ele perguntou a camareira.

- Senhor, ela … ela… A mulher não conseguia dizer, tinha medo.

-Abra o vestido. Ele ordenou.

Seu sangue ferveu havia três marcas em “carne viva” nas costas da pequena mulher, ainda estavam úmidos os ferimentos, que colavam no tecido de sua roupa.

- Quem fez? Ele disse muito irritado.

- Senhor por favor eu não posso dizer. A mulher baixou os olhos, em respeito, mas ela temia ser castigada.

- O sargento. Rosana murmurou, desmaiando novamente por causa da dor e da falta de alimento.

- Me ajude. Ele disse a camareira.

Ele segurou Rosana para que a camareira tirasse o vestido, ele preparou uma água com ervas e um balsamo que ele trazia sempre com ele.

Limparam as feridas de seu corpo, fizeram os curativos e Rosana dormiu o resto do dia.

A noite Rosana acordou e viu um homem sentado em uma cadeira não muito longe da cama que estava. Ela se assustou e tentou se levantar.

- Não se assuste, se fizer movimentos bruscos suas feridas podem sangrar novamente. Ele disse.

- Quem é você? E o que estou fazendo aqui? Rosana disse assustada.

- Não sei o que você fez, mas ninguém vai castiga-la mais, fique tranquila.

- Eu não fiz nada, vocês invadiram nossas terras, queimando nossas casas e nos prendendo. Ela disse revoltada.

- Olhe ainda não sei bem o que aconteceu, mas essas não são as ordens do imperador. Yuri disse se levantando para ir pedir a camareira que trouxesse comida para Rosana.

Quando ele se levantou Rosana se assustou, instintivamente ela se encolheu na cama, soltando um pequeno gemido de dor.

- Eu disse para você não fazer movimentos bruscos. Ele disse se virando para sair.

- Quero ir para junto do meu povo. Rosana disse aborrecida.

- Amanhã te levarei para junto deles. Ele disse voltando do que seria a cozinha com um prato de sopa.

- Para onde os levaram? Ela disse brava.

- Voltaram para sua aldeia, coma! Ele deixou o prato sobre uma mesinha ao lado da cama.

Ela olhou para o prato com receio de comer, ele percebeu e a encarou.

- Há algum problema com a comida? Ele perguntou.

- É que.... Ela estava com receio, mas também não queria irritá-lo.

- Você pensa que pode estar envenenada? Não preciso disso, tenho outras maneiras bem mais rápidas de acabar com sua vida se quisesse. Ele disse indo até o prato e tirando uma colherada da sopa e levando-a a boca.

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