Depois de uma longa e árdua jornada, marcada por lutas intensas e momentos de quase desespero, o grupo finalmente alcançou o que tanto ansiavam: o abrigo da matilha Garra Sangrenta. Clarice, Clarck, Eiden e Loren caminhavam com passos lentos e cansados, mas com os olhos brilhando de alívio e felicidade. Cada gota de suor e cada ferida, mesmo aquelas que mal se viam sob a penumbra da noite, eram agora testemunhas silenciosas de uma batalha vencida e de um reencontro esperado há tanto tempo.Os traços de cansaço se misturavam aos sorrisos discretos que iluminavam os rostos marcados pela luta. No instante em que ultrapassaram a fronteira que separava o mundo lá fora daquele que chamavam de lar, o coração de cada um batia mais forte, não apenas pela exaustão, mas também pela emoção de retornar à casa, à família, à matilha que os aguardava de braços abertos.Enquanto o grupo se aproximava, os sons de passos apressados e risos contidos começaram a se destacar na penumbra do acampamento. Sar
Sarah, que observava a cena com um sorriso emocionada, se aproximou e passou a mão no braço de Clarck.— Eles sentiram muito a sua falta.Clarck assentiu, incapaz de falar por um momento. Depois, respirou fundo e beijou a testa de Caleb antes de olhar para Edla com carinho.— Eu prometo que nunca mais vou deixá-los de novo. Estarei aqui para vocês. Sempre.Edla sorriu entre as lágrimas e o abraçou mais uma vez, enquanto Caleb resmungava algo e segurava seu rosto com as mãozinhas pequenas. Clarck sentiu seu coração se aquecer. Pela primeira vez em muito tempo, ele se sentia completo.*****Na grande sala de jantar, sob a luz suave de candelabros e tochas, o ambiente estava carregado de emoção e de segredos por revelar. Todos os presentes se acomodaram em torno de uma longa mesa de madeira, onde pratos simples e deliciosos já aguardavam para serem compartilhados. O clima era de intimidade, de partilha e de um reencontro que prometia ser o marco de um novo capítulo na história da matilha
Na manhã seguinte, o sol despontou timidamente, tingindo o céu com tons de laranja e rosa. A casa da matilha acordava devagar, com os primeiros raios de luz penetrando pelas janelas, e os membros já se mobilizavam para enfrentar um novo dia. Enquanto alguns se dirigiam à cozinha para preparar o café da manhã, outros se reuniam em pequenos grupos para conversar sobre os planos para o ritual.— Hoje é o dia, — disse Sarah a Guillaume, enquanto ambos caminhavam juntos até a porta da casa. — Precisamos partir logo para coletar as ervas e os minerais. O tempo é precioso.Guillaume, com o rosto sério, mas com os olhos cheios de determinação, respondeu:— Estamos juntos nessa, Sarah. Vamos fazer o possível para que esse ritual traga a liberdade que tanto buscamos.Do lado de dentro, Clarice, Clarck e seus filhos já se despediam com abraços apertados, enquanto Loren, acompanhada por Eiden, observava com um misto de orgulho e nervosismo. Os pais de Loren, ainda maravilhados com o retorno da fi
Enquanto os dois se aventuravam pela mata, a matilha se reunia para discutir os preparativos finais para o ritual. Clarice, Clarck, Eiden, Loren e os demais membros encontraram-se novamente na sala principal da casa, onde o clima era de concentração e reverência. John e Ravier estavam presentes, e a responsabilidade de liderar aquele momento estava clara em cada olhar.— Precisamos que todos estejam alinhados e prontos para dar o seu melhor, — afirmou John, com a autoridade que só o tempo e a experiência podem conferir. — Este ritual não é apenas uma tentativa de quebrar uma maldição; é a expressão máxima da nossa união.Cada palavra era absorvida como um ensinamento, e os membros da matilha assentiam silenciosamente, comprometendo-se com a causa. A energia que pulsava naquele grupo era algo que não se podia mensurar, era a soma de vidas que se entrelaçavam, de histórias que se fundiam em um único destino.O dia se passou entre conversas, preparativos e momentos de introspecção. As cr
Sarah e Guillaume estavam concentrados, preparando cada detalhe do ritual. A lua brilhava intensamente no céu, um farol prateado que parecia guiar suas intenções. Eles haviam estudado cada passo com meticulosidade, pois sabiam que qualquer erro poderia ser fatal. O vento cortante da noite soprava contra suas peles, mas ambos ignoravam o frio, focados na cerimônia que estavam prestes a realizar.O local escolhido para o ritual era uma clareira afastada da matilha, onde a energia da terra pulsava mais forte. O ar estava carregado, vibrando com uma força invisível. O vento assobiava entre as árvores, como se sussurrasse advertências sobre o que estava prestes a acontecer. O chão estava coberto por folhas secas e galhos, que se quebravam sob os pés dos presentes. Todos observavam com expectativa, alguns mais receosos do que outros.Cada ponto cardeal foi marcado com um dos quatro elementos essenciais. No Norte, um pedaço de carvão representava a terra, a base sólida de tudo o que existe.
— Você já está no caminho certo, Eidan. Sua salvação está próxima.— Ela deslizou o olhar sobre todos ali, antes de dar um passo para trás. Antes que pudessem dizer mais alguma coisa, a presença da deusa começou a se dissipar. Seu corpo se desfez em sombras que se ergueram aos céus, sendo absorvidas pela lua escurecida. Aos poucos, a escuridão que cobria a clareira começou a se dissipar, e a luz prateada voltou a iluminar a noite.O ritual havia acabado.Eidan sentiu seus músculos relaxarem. Ele respirou fundo, tentando recuperar o fôlego. Sarah e Guillaume se entreolharam, exaustos. A clareira estava em silêncio absoluto, todos ainda absorvendo o que tinham acabado de testemunhar.Eidan ficou de joelhos, olhando para suas próprias mãos, como se buscasse respostas que ainda não estavam ali. Ele sabia que sua luta estava longe de acabar. Mas, ao menos, olhando para Loren, ele sabia que tinha um caminho a seguir. A clareira agora estava silenciosa, mas a tensão no ar era palpável. Os m
Alguns dias depois de tudo ter finalmente se acalmado, a paz que tanto sonharam parecia ter se materializado naquele lar acolhedor e cheio de histórias. A casa de Clarck e Clarice, na aconchegante alcateia, estava preparada para receber os amigos e familiares que, de alguma forma, haviam participado de uma jornada difícil, mas que hoje transbordava alegria e renovada esperança. Era uma noite de celebração, onde cada sorriso e cada olhar revelavam o alívio de ver a tempestade se dissipar.Loren chegou primeiro, seus passos leves marcando a trilha até a porta, a casa de Clarck e Clarice era uma das maiores da matilha e não ficava tão longe da sua, já que ela havia retornado a viver na Garra sangrenta. Seus olhos brilhavam com a emoção do reencontro e, ao cruzar o limiar, foi recebida com um abraço caloroso de Clarice, que imediatamente transmitia a sensação de lar. — Que bom te ver! Estava ansiosa para nosso jantar, precisávamos de uma comemoração! Finalmente as coisas se acalmaram. —
Ambos se afastaram por um breve instante, rindo da coincidência quase cômica. O clima que antes era de uma paixão quase palpável se transformou num misto de ternura e diversão. Clarck segurou a taça de vinho ainda na mão e, com um sorriso maroto, disse:— Parece que o nosso pequeno já quer participar dessa dança também!Clarice, ainda rindo, respondeu:— Acho que Caleb tem meu senso de humor. Ele não podia escolher um momento melhor para nos lembrar que a família é o que realmente importa.Quando os risos diminuíram e a sensação de intimidade voltou a envolver o ambiente, os dois se prepararam para subir e conferir o que o bebê estaria aprontando. No entanto, antes que pudessem dar o primeiro passo, uma voz doce e animada ecoou pela escada.— Mamãe, papai, Caleb está chamando! — exclamou Edla, aparecendo na escada com um sorriso radiante no rosto, como se sempre soubesse a hora exata de reunir a família.Sem hesitar, Clarck, Clarice e Edla se dirigiram juntos ao quarto de Caleb. A con