Rebeca

Porra, que diabos esse homem está fazendo aqui?

Desejei com todas as forças poder sair correndo, mas eu nunca deixei um trabalho incompleto e não é hoje que farei isso, muito menos por causa de um homem que eu nem sequer conheço. Muito lindo, maravilhoso na cama e perigoso do jeito que gosto, mas desconhecido e que provavelmente nem se lembra mais de mim. Apesar de ter sido há poucas horas, espero que ela já tenha me esquecido. É a primeira vez na minha vida que desejo que ele tenha achado meu desempenho na cama medíocre o suficiente para querer esquecer.

Ok, Rebeca, respira fundo e faz o seu trabalho. Eu estou disfarçada, com direito a peruca, lente e maquiagem chamativa, além de tatuagens temporárias, algo que está totalmente fora da pessoa que normalmente sou. A pessoa que sou hoje, não tem nada parecido com a mulher que ele conheceu na noite passada.

Respirei fundo uma última vez e foquei apenas em fazer um bom trabalho, o que eu preciso fazer, é chamar a atenção do cliente, para que ele solicite uma dança privada e eu possa fazer o próximo movimento de forma tranquila.

Todo o tempo, mantive meu olhar no cliente na minha frente, embora ele vagasse de vez em quando para o belo homem ao seu lado, mantive meu foco principal no trabalho, apenas me desconcentrando aqui e ali, no entanto, em um momento de devaneio, perdi o foco principal ao começar a lembrar do que aconteceu na noite passada, e de como eu queria ficar por mais tempo, sentir suas mãos e seu corpo junto ao meu, se movendo na mesma sincronia. Meu olhar se manteve fixo no belo homem na minha frente e enquanto eu fazia movimentos sinuosos no pole dance tive o atrevimento de morder os lábios e me aproximar devagar dele. Como se estivesse hipnotizada, desejei tocá-lo apenas uma vez, um toque mínimo, um roçar apenas, no entanto, quando me aproximei o suficiente, ele puxou meu braço e eu me vi escarranchada em seu colo, nossos corpos se encontraram e como se estivesse possuída, comecei a dançar em seu colo, o movimento no começo, deu lugar a movimentos cheios de confiança logo depois, ele agarrou minha cintura com firmeza e me encarou com intensidade enquanto eu continuei a me movimentar em seu colo, no instante em que sua ereção se fez presente embaixo de mim, voltei aos meus sentidos e finalmente me libertei de seu aperto. Fingindo que nada aconteceu e que é apenas mais um dia de trabalho, continuei até o fim focada ao máximo em concluir meu trabalho dessa noite e não deixei que meu olhar vagasse novamente para esse homem misterioso e tão malditamente atraente que está mexendo com minha cabeça.

Quando terminei meu show, respirei pesadamente e deixei o palco imediatamente. Minutos depois, soube que o alvo da noite fez o movimento esperado e solicitou uma dança em uma das salas privadas, entretanto, ele não foi o único a fazer esse pedido. O belo homem de quem não consigo esquecer, também solicitou e agora devo decidir qual caminho seguir, apesar de querer cair nos braços daquele homem novamente, apelei para o lado racional do meu cérebro e fui até o alvo com um sorriso no rosto.

— Boa noite, senhores. Soube que solicitaram uma dança privada? — me aproximo e sento entre os dois.

— Sim, querida. Você tem movimentos lindos e eu estou realmente interessado em receber uma dança especial, como a que você deu ao meu amigo aqui. — o velho aponta o senhor gostosão.

— Entendo. De quanto tempo estamos falando? — pergunto ignorando o homem bonito ao meu lado de forma proposital.

O velho segurou minha coxa e abriu um sorriso amarelo. Que coisa nojenta.

— Seria ótimo se você pudesse ficar comigo até o fim da noite. — ele diz. Até esse momento, o homem bonito estava calado, no entanto, seu toque possessivo na minha cintura chamou minha atenção e eu voltei meu olhar para seu rosto.

— Não faça isso meu amigo, como estamos aqui para negociar, gostaria que você pudesse ceder essa bela mulher para mim essa noite. — seus dedos pressionam minha carne.

Fiquei em silêncio por um instante esperando para ver o que o velho ia falar, preciso pensar rápido e resolver essa situação, se ele retroceder, todo o meu trabalho duro será perdido.

— Sebastian, meu amigo. Eu sei que essa mulher é muito bonita, mas me deixe apreciá-la apenas um pouco, depois eu a deixarei ir para você. — o velho diz.

Ah, então o nome desse belo homem é Sebastian.

O velho maldito soa como se eu fosse um pedaço de carne ou uma garrafa de vinho que ele vai provar e avaliar antes de entregar para outra pessoa. Eu deveria matá-lo agora mesmo.

Certo, Rebeca, mantenha a calma e foque em pegar esse velho na hora certa.

Sorri e resolvi acabar com essa conversa e partir logo para a ação.

— Se é assim, eu decidirei com quem irei. — bato palmas e sorri animadamente.

Sebastian, se aproxima de mim e sussurra. — Lembre-se de como eu a fiz gritar ontem, garanto que será bem melhor.

Arregalo os olhos e tento manter a calma. Como ele conseguiu me reconhecer com toda a diferença?

Eu subestimei esse homem e agora estou em um grande problema. É a primeira vez que um homem se torna um problema na minha vida profissional.

Não tenho escolha, algo me diz que se eu negar, ele vai fazer algo drástico e vai atrapalhar totalmente meus planos, não posso arriscar isso, nunca deixei de completar um trabalho e isso não vai acontecer hoje também.

— Me deixe fazer as coisas do meu jeito, prometo não demorar. — devolvo esperando firmemente que ele me permita fazer isso, tenho a impressão que ele é um homem que não segue ordens, e sim o cara que geralmente ordena os outros, no entanto, ainda espero com todas as forças que ele atenda meu pedido.

Depois de alguns segundos, ele beijou meu pescoço.

— Como quiser. — diz.

Respiro aliviada e depois de lançar um olhar para Ben, que estava observando a situação com olhos atentos e um pouco surpresos, acenei de forma quase imperceptível e tomei minha decisão.

— Pois bem, eu irei primeiro com esse senhor, logo depois, eu voltarei aqui para buscá-lo, Senhor Sebastian. — sorrio sedutoramente, voltando ao meu papel com toda força.

Seus olhos frios me encaram por alguns segundos, mas ele continua em silêncio e eu tomo isso como incentivo para continuar com meu plano. Seus dedos deixam minha pele e eu levanto estendendo a mão para o velhote que sorri vitorioso. Sim, vá rindo seu desgraçado, o seu fim está próximo, aproveite enquanto pode.

Na sala privada, começo a dançar, mas o velho se aproxima rapidamente querendo me tocar lascivamente e eu quase me retraio com nojo de suas mãos e desejando o toque de Sebastian. Ele tem dedos mágicos e eu realmente vou precisar aliviar o estresse depois desse trabalho.

— O que acha de tomarmos uma bebida? — pergunto indo apressadamente para a mesa.

Ele se aproxima por trás de mim e agarra minha cintura. Cerro os dentes e tento manter a calma. Eu deveria cortar as mãos desse velho, mas assassinato sangrento não é o pedido de hoje, tudo deve ser feito da forma mais discreta possível.

Ben já deixou tudo preparado e eu me apresso em servir um copo para o alvo em questão, que toma a bebida em goles rápidos.

— Eu tenho uma surpresa para você. Uma apresentação muito especial. — acaricio seu peito.

Minha nossa, ele tem tetas, talvez maiores que as minhas.

Não acredito que tenho que fazer isso, talvez seja um dos trabalhos mais desagradáveis que eu já fiz. Houve piores, mas este está nos dez piores.

Empurrei o velho de volta para o assento e comecei a dançar, me afastei um pouco dele e comecei a fazer movimentos provocantes, logo depois comecei a tirar as roupas peça por peça, fazendo o possível para manter a fachada e ir até o fim, quando estava apenas de calcinha e sutiã, me aproximei mais sabendo que eu tinha que ser ainda mais forte para fazer isso. Preparei minha mente para sentar no colo daquele velhote e rebolar como se não houvesse amanhã, felizmente, antes que eu realmente precisasse fazer isso, o velho começou a agonizar e segurar o peito como se sentisse dor. Suspirei aliviada e sentei-me na cadeira ao seu lado e apenas assisti enquanto ele esticou a mão e tentava desesperadamente pedir ajuda, assisti enquanto ele caia no chão e se retorcia e depois parou de se mover, fui até ele e chequei seu pulso, não havia mais nada, ele estava morto e minha missão completa. Calmamente caminhei até a porta, onde Ben me esperava, acenei e deixei que ele entrasse, logo depois uma equipe também entrou na sala e começaram os procedimentos de limpeza do lugar, nenhuma prova contra mim pode ficar para trás.

— Bem, eu terminei a minha parte e estou indo, tenho um cliente especial. — aviso Ben.

— É assim que você diz que vai sair e foder um homem agora? — pergunta sem olhar para mim.

— Você faria o mesmo se estivesse no meu lugar. — atiro.

— Não vou negar. Aproveite o restante da noite, eu cuido do resto. — diz.

— Obrigado, estou indo. — grito animadamente e deixo a sala.

Sebastian, ainda está no mesmo lugar em que o deixei, há uma mulher do seu lado e por um momento me pergunto se devo ir até ele, minha batalha interna não dura muito, pois, no momento em que nossos olhos se encontram, ele deixa a mulher de lado e levanta caminhando até mim decidido.

— Terminou o que estava fazendo? — pergunta.

Assenti afirmativamente.

— Aquele velho te tocou? — continua.

Certo, sua pergunta parece conter um certo tom de raiva.

— Não do jeito que você vai me tocar. — digo.

— Tem certeza? — indaga desconfiado.

— Olha, meu negócio com ele era apenas trabalho, se você não quiser acreditar, pode voltar para a mulher no sofá. — aponto a mulher que nos olha de certa distância e que parece muito insatisfeita em ter sido colocada de lado.

Sinceramente, ele não é nada além de uma foda passageira muito boa, se acha que vou me jogar em seus braços porque ele é muito bom no que faz está enganado, eu não sou assim.

— Vamos sair daqui. — chama.

Balancei a cabeça e novamente, segui aquele belo homem para fora, dessa vez, eu sei o seu nome.

Sebastian.