Depois que Enzo finalmente saiu do meu escritório, bufando como se eu fosse a culpada por alguma coisa, me joguei na cadeira e encarei a pilha de papéis que ele havia deixado sobre minha mesa. Eu realmente não precisava daquilo, mas, ao mesmo tempo, quanto mais ocupada estivesse, menos tempo teria para pensar no beijo que ele roubou.Eu queria esquecer. Esquecer o passado, esquecer Enzo, esquecer tudo.Mergulhei no trabalho com mais afinco do que o necessário, digitando relatórios, revisando contratos e organizando documentos. Meu objetivo era terminar tudo rápido para sair e me preparar para o jantar com Richard. Eu precisava daquilo. Precisava de uma distração.Quando finalizei o último documento, olhei o relógio e vi que já estava na hora de ir para casa. Peguei minha bolsa e saí do escritório sem olhar para trás.Assim que entrei no meu apartamento, fui direto para o banho. Deixei a água quente escorrer pelo meu corpo, relaxando meus músculos tensos. Fechei os olhos e inspirei pro
O jantar seguiu em um ritmo agradável, mas carregado de provocações. Richard me olhava com aquele brilho malicioso nos olhos, e eu sabia exatamente o que ele estava pensando. Ele nunca foi do tipo discreto quando queria algo, e, naquele momento, estava bem claro que ele me queria.— Então, Ana — ele começou, deslizando a taça de vinho entre os dedos. — Você gosta de ser o centro das atenções, não é?Levantei uma sobrancelha, fingindo surpresa.— O que quer dizer com isso?— Ah, não se faça de desentendida — ele riu, inclinando-se um pouco para frente. — Você percebeu o jeito que aquele garçom te olhava, e em vez de ignorar, incentivou.Dei um gole no vinho, saboreando a bebida antes de responder.— E se eu tiver gostado da atenção? — provoquei, mordendo levemente o lábio inferior.Richard soltou uma risada baixa, balançando a cabeça.— Você adora brincar com fogo.— E você adora me ver brincando — rebati, apoiando o cotovelo na mesa e descansando o queixo sobre a mão.Ele me analisou
Após a nossa aventura deliciosa no carro, fomos para o apartamento dele e lá finalizamos o que começamos. Tomei meu banho e estava me preparando para sair quando Richard segurou minha mão.— Não acredito que você já vai embora — disse ele, me encarando.— Vou sim, preciso descansar. Amanhã trabalho.— E por que não descansa aqui?— Porque na sua casa a gente vai fazer tudo, menos descansar.Ele me encarou sorrindo, aquele sorriso safado que eu já conhecia bem. Assim que terminei de me arrumar, chamei um carro de aplicativo e fui para casa.Não durmo na casa de homem. Às vezes, prefiro que eles venham até a minha casa, nos divertimos e depois... rua. Já estava prestes a dormir quando minha amiga ligou, obviamente querendo saber detalhes do jantar, se eu me diverti, como foi... Contei tudo, e ela soltou uma gargalhada tão alta que precisei afastar o celular do ouvido.— Vocês juntos são como o fogo e o combustível! — ela disse, e precisei concordar.— Amiga, por que vocês não se assumem
Na manhã seguinte, me preparei para encarar Enzo novamente. Torci para que não nos esbarrássemos em lugar nenhum, mas o capeta, quando não vem, manda o secretário. Estava tranquila lendo meus relatórios quando Camile me avisou que Enzo estava vindo até minha sala. Respirei fundo e torci para que fosse apenas sobre assuntos de trabalho.— Bom dia, Ana Luiza! — ele disse, entrando na sala e se sentando de frente para mim.— Bom dia, senhor.Ele me encarou, claramente incomodado com a formalidade que eu estava usando.— Sabe que não precisa me chamar assim.— Sei, mas prefiro manter a seriedade. O que o senhor precisa de mim?Ele respirou fundo, incomodado com meu tom. Em seguida, me mostrou o contrato de fusão novamente e pediu que eu lesse e descrevesse os prós e os contras. Fiz o que ele pediu e entreguei a folha com minhas observações. Ele leu e, ao que tudo indicava, aprovou minhas sugestões e dúvidas. Debatemos sobre algumas delas e, depois de um tempo, ele me encarou.— Sei que já
Depois de uma manhã intensa, repleta de flashbacks emocionais e debates profissionais com Enzo, o almoço com Murilo foi a única pausa de sanidade do meu dia. Estava ali, sentada à mesa, rindo horrores com meu amigo, quando ele olhou para mim e sorriu.— Amiga, a gente precisa ir pra balada.Levantei uma sobrancelha, levando o garfo à boca.— Balada? De onde veio essa agora?— De mim, do universo, da necessidade de viver. Sua mãe chega esses dias com o pequeno Nandinho, não é? Então é nossa última chance de aproveitar antes de você virar mãezona em tempo integral.Pensei por um momento. Ele não estava errado. Assim que minha mãe chegasse, tudo giraria em torno deles. E eu queria, precisava estar presente.— Ok, você venceu. Vamos hoje. Uma saídinha só pra espantar o tédio e renovar o estoque de fofocas.Murilo bateu palmas como uma criança animada.— Sabia que você não ia me decepcionar! E a Bea? Vai estar livre?Soltei uma risadinha.— Bea topa qualquer parada. Ela não precisa nem de
Enzo AlbuquerqueEstava jogado no sofá da sala, camisa aberta, o controle remoto largado no chão e a mente… bem longe dali. Por mais que eu tentasse focar em qualquer outra coisa, minha cabeça insistia em voltar pra ela. Ana Luiza.Ela estava linda hoje. Aliás, linda era pouco. Tinha algo nela que… sei lá. Um brilho. Uma força. Uma energia que me fazia perder o chão. Era impossível não lembrar.Fechei os olhos e me vi, anos atrás, com ela na minha cama, enrolada no meu lençol, o rosto suado pelo calor do verão e o olhar cheio de amor.— Eu te amo — ela dizia, com aquele sorrisinho tímido e a voz baixa, como se fosse um segredo só nosso.Eu sorria de volta e beijava sua testa, sem saber que o tempo levaria aquilo embora. Sem saber que seria idiota o suficiente pra deixar Ana Luiza escapar por entre os dedos como areia fina.Suspirei. Um suspiro pesado, arrastado. E foi aí que ouvi a porta se abrindo de supetão.— Que cara de cu é essa, meu irmão?Abri os olhos e encarei Rafaela entrand
Ana LuizaJá tinham sido quantos drinks mesmo? Três? Quatro? Não, espera... cinco. Ou seis? Já nem sabia mais. Tudo que tinha certeza é que o mundo tava girando do jeito mais gostoso possível. As luzes da balada dançavam junto com a gente, e o som da música vibrava no meu peito como um segundo coração. Beatriz e Murilo riam alto, os rostos corados pela bebida e pela euforia da noite, e eu? Bem, eu me sentia viva. Livre. Sexy. E absolutamente incontrolável.A gente dançava no meio da pista, se empurrando de leve, rindo de qualquer besteira. Era como voltar no tempo e ao mesmo tempo ser uma nova versão de mim mesma. Mais ousada. Mais segura. Mais... perigosa.Quando a música deu uma trégua, fomos todos para o bar, tropeçando um no outro, rindo como adolescentes em viagem escolar.— Um shot de tequila pra cada um! — gritou Murilo, batendo a mão no balcão como um rei decretando a próxima rodada.O barman, um moreno de cabelo raspado, barba rala e um sorriso cafajeste, piscou pra gente e c
Sabia que ia me arrepender. Que no dia seguinte, com a cara amassada no travesseiro e o gosto da tequila ainda na garganta, o peso das escolhas cairia sobre mim como um piano de cauda. Mas naquele momento... nesta maldita e deliciosa noite... não existia culpa. Não existia razão. Só existia desejo. Ardente. Incontrolável. Quase desesperado.A cada passo rumo ao seu apartamento, Enzo do meu lado, sua mão firme na minha cintura, meu corpo parecia esquentar mais. Ele não falava muito. Apenas me olhava como se quisesse me devorar. Como se não acreditasse que eu estava ali, de novo, com ele.Entramos no carro que ele chamou, e o silêncio entre nós era cheio de tensão. Não era incômodo. Era carregado de intenções não ditas. De vontades antigas. De lembranças que queimavam na memória e no corpo.Ele pagou o motorista antes que eu pudesse protestar, como se quisesse deixar claro que aquela noite era dele. Que eu era dele.O elevador chegou e entramos juntos. Assim que as portas se fecharam, E