Leis da Sedução
Leis da Sedução
Por: S.R.Silva
Prólogo

Everlly Soares

— David, anda logo, quero fazer uma surpresa para o Rafa – gritei pela terceira vez, mas meu amigo parecia imerso em seus próprios pensamentos.

— Já te disse que não confio nenhum pouco nesse teu bofe – ele respondeu, repetindo sua opinião habitual sobre o meu futuro marido.

— Eu sei, você sempre diz isso, mas amanhã será a tua última tentativa de me fazer mudar de ideia – respondi com um sorriso, já acostumada com essa discussão entre nós.

— Um dia você me dará razão, e Zeus queira que não seja tarde demais – ele murmurou, e eu apenas balancei a cabeça, sabendo que não mudaria de ideia tão facilmente.

Chegamos ao meu apartamento e logo percebi um barulho estranho vindo do quarto. David sugeriu que fôssemos checar, e eu o segui, com uma mistura de curiosidade e apreensão.

— Amiga, será que é um ladrão? – ele perguntou, e eu agarrei minha arma, preparada para qualquer eventualidade.

— Se for um ladrão, vai sair daqui à bala – respondi, pronta para enfrentar qualquer ameaça e não exitar em atirar. 

Abri a porta do quarto e me deparei com uma cena que nunca imaginei presenciar: Rafa estava na minha cama com uma das madrinhas do nosso casamento, Monique, sua colega de trabalho que ele insistiu tanto para que eu a convidasse.

Assim que ela me viu com a arma engatilhada, levantou as mãos em rendição, e eu a encarei com fúria nos olhos.

— O que está pensando em fazer com isso? – ela gaguejou, claramente assustada com a minha reação.

— Pensando que era um ladrão, mas é uma vadia e um canalha filho da puta – respondi, mantendo a arma apontada para ela.

— Calma, amor, abaixe a arma – Rafa pediu, mas eu continuei mantendo-a apontada, sem intenção de recuar.

— Levanta da minha cama, pega essa vagabunda e a leva para bem longe e nunca... nunca mais me dirija à palavra – ordenei, minha voz tremendo de raiva e decepção.

Rafa tentou se explicar, mas eu recusei a ouvir suas desculpas esfarrapadas. Antes que eu fizesse uma loucura, abaixei a arma e a guardei, decidida a colocar um ponto final naquela traição.

— Pera lá! Vagabunda não – Monique se defendeu, sua indignação evidente em sua voz.

— E o que você é, Monique? Espero que queime no quinto dos infernos – respondi com desprezo.

— Nick, não complica as coisas – Rafa tentou intervir, mas David finalmente decidiu se manifestar.

— Minha amiga se dedicou a você por anos, e você faz isso com ela, seu cretino miserável, e logo com essa vagabunda. Eu sempre soube que tinha alguma coisa errada entre vocês – ele disparou, sua voz repleta de raiva contida.

Sem hesitar, David se lançou sobre Rafa, desferindo vários socos contra ele, e eu não fiz nada para impedir. Enquanto os dois brigavam, eu apenas observava com uma sensação estranha de satisfação.

— Você não vai fazer nada? – Monique perguntou, surpresa com a minha falta de reação.

— Não – respondi simplesmente, minha voz carregada de desprezo.

— Seu amigo, vai matá-lo. –  Apenas dei de ombros, a minha vontade era de pegar a minha arma, mas eu não poderia fazer uma loucura, então deixei David tomar conta da situação enquanto tentava me tranquilizar. 

Quando finalmente David conseguiu expulsar Rafa do apartamento, fiz o mesmo com Monique, sem me importar com suas reclamações pelas suas roupas deixadas para trás.

— Seu puto, nunca mais se atreva a andar na mesma calçada que a gente, senão eu vou te matar – Meu amigo o ameaçou e sua voz estava gelada de raiva.

— Um viado como você? – Rafa tentou ofender David, mas meu amigo apenas sorriu.

— O viado aqui fez um estrago em você, só olhar no espelho – ele retrucou, seu sorriso cheio de deboche.

Quando finalmente nos vimos sozinhos, David se aproximou de mim e olhou nos meus olhos.

— Não vou dizer 'eu te avisei' porque seria crueldade; vem cá, minha amiga. Por hoje você pode chorar em meus braços – ele disse, abrindo os braços para me receber.

Eu me joguei nele, soluçando de dor e decepção. Como eu explicaria para todos que o casamento de amanhã havia sido cancelado? Que vergonha passarei, como vou encarar as pessoas?

Chorei nos braços de David, enquanto ele me acariciava com gentileza. Naquele momento, eu jurei a mim mesma que jamais permitiria ser feita de trouxa novamente.

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