“Ele viveria no inferno,
porque o amor é isso também.” Richard Flanagan
Jenniffer McDonald
Na hora do banho de sol, aproveito para negociar a entrega das drogas. Com um assovio, cada viciada já entende que quero conversar. Esse sinal foi o melhor que já inventei. Anny agora anda ao meu lado, Leah e Eva andam atrás de nós e, desde que Anny chegou, elas não estão nada satisfeitas, principalmente Leah. Mas eu estou pouco me lixando para essas duas.
— Bom, agora só falta avisar Carly e Gillian — Anny diz riscando mais um nome da agenda. Isto é uma das coisas que mais me impressionam nela: a organização. Em dois dias, ela fez muito mais que Leah e Eva fizeram em meses.
— Você é incrível, sabia? — toco seu queixo e ela cora as bochechas.
— Você que é, Jenny, minha rainha.
Leah dá de ombros com raiva, mas logo abre a boca para falar o que não deve:
Anny Harris Procuro Jenniffer por todo canto, ninguém sabe me dizer onde ela está. Como eu estava na cozinha ajudando, acabei perdendo-a de vista. Decido ir para o pátio das celas. Leah e Eva estão juntas. — Vocês viram a Jenniffer? — pergunto. — Ela está na cela dela, estava muito bagunçada e as guardas a mandaram arrumar tudo em quinze minutos — Eva responde. Corro para lá, bato na porta e a abro. Ela sorri ao me ver e diz: — Olá, minha gostosa! — Olá, Jenny! — respondo ofegante. — Parece que está cansada. — Eu corri muito tentando te encontrar — ela fica sem entender. — O que é? — Você não acredita no que acabei de ver. — Desembucha então. — Eu estava ajudando na cozinha, aí, me pediram para buscar um saco de farinha de trigo no depósito. Quando eu cheguei à porta, ouvi gemidos, então, abri vagarosamente para que não ouvissem e, quando botei a cara lá dentro, vi Rick e
“Sem que você se torne pleno, não terá nada a dar a alguém. Portanto, é imperativo que você primeiramente cuide de si. Primeiramente, garanta sua satisfação. As pessoas são responsáveis por sua própria satisfação. Quando você atende à sua satisfação e faz aquilo que o deixa satisfeito, você é um prazer para quem está por perto e se torna um brilhante exemplo para todas as crianças e todas as pessoas em sua vida. Quando se tem prazer não é preciso sequer pensar em dar. É um fluxo natural.” Rhonda Byrne Penélope Sanchez O despertador soa bem antes do horário, agora que são seis e meia. Sinto saudades das sextas-feiras em que tudo era mais tranquilo. Sinto saudades até mesmo das vindas de Francesca nas celas trazendo livros que nem sempre líamos, mas era maravilhoso ouvir suas palavras de apoio e ter em mão uma história para ler. “Atenção, detentas, acordem e se vistam em dez minutos!” — Abby diz
Rick Travor Johann fica boquiaberto ao ver a situação em que os presos se encontram. Alguns iluminam as faces ao vê-lo. Johann é carrasco, às vezes meio ranzinza, mas ele tem uma qualidade que poucos têm aqui: humanidade. Ele franze o cenho ao ver as atitudes dos novos guardas para com os presos, mas não fala nada. — Rick, onde estão as mulheres? — ele pergunta. — Na horta, senhor. — Vamos lá! Caminho devagar ao lado dele que se mantém calado por alguns instantes, com certeza, sua mente está um turbilhão. — Que bom que o senhor veio ver de perto — digo quebrando o silêncio. — E não estou nem um pouco satisfeito com isso. O que os familiares vão pensar e dizer ao verem os detentos desse jeito? — Concordo, senhor, mas a minha preocupação não é a família e sim, o sentimento de revolta que está sendo gerado dentro deles. — Verdade, Rick! Ver as mulheres debaixo do sol escaldante, cavando bur
“São as coisas inúteis que dão sentido à sua vida. Amizade, compaixão, arte, amor. Todos eles inúteis. Mas são o que impede a vida de perder o sentido” Tim Winton Megan Shelby Evelyn, Abby e eu voltamos para a horta e os homens voltam para os fundos do presídio. Deixamos as fotos de Leona na mesa dela, caso ela queira matar as saudades mais uma vez antes de jogar fora. Chegamos à horta e está tudo nos conformes, todas as mulheres trabalhando no sol como se a vida delas dependesse disso. Johann vai discutir feio com Leona, isso é certo. Abby e Evelyn caminham entre as detentas como se fossem chefes de lavoura. — Onde estão Penélope e Angelic? — Evelyn grita perguntando, e as detentas iniciam os burburinhos. — Andie, Jenniffer e Anny também não estão aqui — Abby responde. — Alguma de vocês sabem onde elas estão? — pergunto enquanto checo as expressões de um
Jenniffer McDonald Anny e eu caminhamos abraçadas e sorrindo pelos corredores do presídio. Os ataques dos detentos nos serviu de boa distração. Aproveitamos e fomos para o banheiro fazer amor. Ela está mais apaixonada a cada dia que passa e eu amando as nossas putarias. Levamos um baita susto quando topamos de testa com a policial Abby. Ela nos olha com uma expressão carrasca e começa a nos rodear com indagações: — De onde estão vindo? O que estavam fazendo? E por que esse sorriso nos lábios? — Se acalme, Abby, estávamos no banheiro, agora não podemos nem fazer nossas necessidades físicas mais? — respondo. — Será que estavam no banheiro mesmo? — ela me fuzila com o olhar. — A Jenniffer já disse, agora, se você não acredita, problema seu — Anny a enfrenta e ela fica ainda mais carrancuda. — Saibam que o nosso diretor Johann se acidentou e foi levado para o hospital. Rezem para que ele não esteja morto, porque se