Capítulo 7... Saindo da cidade

Parte 7

Emma

O sol mal começou a iluminar as ruas estreitas de Palermo quando eu parei o carro naquela praça. Eu não podia ficar e esperar que o dia nascesse, tinha que sair antes que ele voltasse para casa.

A essa hora Alessandro já acordou e já se deu conta de que eu não estou no apartamento. Talvez tenha encontrado meu bilhete. Suspirei. Meu estômago está começando a roncar, pedindo por comida. Eu não trouxe nada comigo, nem mesmo uma barra de chocolate para me dar mais um gás no percurso.

Eu olho para os retrovisores, um pouco nervosa. Até sinto meus dedos das mãos começarem a doer de tanto que agarro esse volante. Estou muito ansiosa. A cada curva que o carro faz, percebo que não deveria ter vindo dirigindo.

Saber a teoria não tem nada a ver com a prática. Se meto o pé no acelerador o carro faz curvas bruscas e se alivio, ele para ou engasga. É péssimo! Isso só revela aos outros por perto, que sou inexperiente ao dirigir. E não vai ser nada legal se outro policial me abordar.

— Respire, Emma. Você consegue – digo entre dentes.

Eu tento manter a calma enquanto avanço pelas ruas quase desertas. De repente, um senhor idoso atravessa a rua com seu cão tranquilamente.  E ele não me vê, então eu freio bruscamente, o carro quase atingindo o homem e seu animal de estimação.

Ele olha para mim com indignação, balançando a cabeça em reprovação, enquanto continua seu caminho ileso.

— Meu Deus! Desculpe! – eu falo alto enquanto ele se afasta e me olha feio. Aí repito o mesmo pedido de desculpas em italiano, mas ele só fez um gesto com a mão para mim. Acho que me xingou.

E aí está, mais uma decisão que eu tomo por ouvir apenas o meu lado emocional. O carro é muito forte. Basta que eu pese um pouco o pé e ele pula para a frente de vez. Não quero bater em nada e nem ninguém, mas estou começando a ficar estressada por estar aqui. Eu deveria era ter chamado um táxi ou Uber e ter ido para a rodoviária.

De novo meu estômago me avisa de que eu preciso comer. Olho em volta buscando um lugar e vejo uma placa adiante, de uma padaria.

— Isso vai servir – observo como chegar lá.

Eu paro o carro de modo desajeitado, em frente da padaria e achei pitoresca. É uma casa antiga de esquina, com uma fachada de azulejos coloridos e uma atmosfera acolhedora. Eu saio do carro, ainda um pouco nervosa, e entro na padaria. Tem poucas pessoas aqui dentro.

O interior é aconchegante, com mesas de madeira polida e cadeiras de vime. O aroma reconfortante de pão fresco paira no ar e isso atiça minha fome. Eu me aproximo ao balcão, onde um barista sorridente me cumprimenta.

— Bom dia, senhorita. O que gostaria de pedir hoje? – ele inclina a cabeça — Temos algumas delícias fresquinhas.

Realmente. Eu olhei nas prateleiras dentro do mostrador e tinha muitas opções de comida, doce e salgada. Cheguei a salivar de vontade.

— Um café da manhã típico de Palermo, por favor. E um capuccino antes, por favor – eu pedi um pouco hesitante.

O barista assente e começa a preparar meu pedido enquanto eu encontro uma mesa próxima à janela. Me acomodo desajeitadamente na cadeira, ainda me acostumando com a ideia de estar dirigindo. Eu até gostei, mas seria melhor se eu tivesse mais noção e habilidade do que fazer.

Enquanto espero, eu observo os clientes locais interagindo com o ambiente familiar da padaria. Idosos conversam animadamente enquanto tomam seus expressos, e jovens apressados pegam croissants para viagem.

O barista traz o café da manhã que eu pedi. Uma bandeja repleta de guloseimas locais. Uma fatia generosa de sfincione, que é uma espécie de pizza siciliana, uma arancina dourada e recheada com ragu, e uma cannoli ricamente decorada com pistache e chocolate. Adorei a apresentação do prato.

— Uau, isso parece incrível – olhei para o prato com admiração.

Agradeci e passei a saborear cada mordida, aproveitando os sabores autênticos da culinária palermitana. O café é forte e aromático, me dando um impulso de energia muito necessário após o começo tumultuado do dia. E o capuccino de antes fez toda diferença também.

Terminei o café, olhando em volta o movimento que aumentava agora e tentando não pensar no que Alessandro estaria fazendo agora, depois que acordou e não me encontrou. Será que ele já contou para a outra que eu me fui do apartamento?

Ou será que ligou para os irmãos para contar e vai me fazer ser a vilã da história? De qualquer forma, não posso me demorar aqui. Agradeço, respiro fundo e continuo meu percurso, mas minha confiança já está abalada, com relação a dirigir.

Volto para as ruas e agora vejo mais carros de um lado para outro. Logo em seguida, um trio de motoqueiros passa ao lado do carro, rugindo seus motores ruidosos. Eu até gritei de susto, meu coração disparando enquanto agarro o volante com mais força.

— Ai, meu Deus! – eu falo com minhas mãos trêmulas.

Tento me recuperar do susto, mantendo os olhos na estrada. Porém, a confusão já está instalada em minha mente. Eu me vejo diante de uma bifurcação e hesito, incapaz de decidir qual caminho tomar.

— Qual era a saída para Cefalù mesmo? – eu estou quase começando a me apavorar.

Estico a cabeça de um lado para outro e olho freneticamente para os sinais de trânsito, mas tudo parece confuso demais para mim. A pressão aumenta enquanto carros começam a aparecer atrás de mim, impacientes.

— Calma, gente... – eu acelero e quase bato no carro da frente — Oh, Alessandro, por que você não me ensinou a dirigir antes de me dar esse carro? – eu digo preocupada.

Respiro fundo, tentando acalmar meus nervos enquanto tento encontrar meu caminho de volta para a estrada certa.

Autora Ninha Cardoso

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