Por favor, "Mamãe"

Siena forçou a abertura da porta, mas estava trancada. Ainda assim, ela não podia desistir. A mulher não ficaria parada, esperando que aquele homem a usasse como um animal no cio mais uma vez. Então, os olhos aflitos focaram na única janela aberta para o lado de fora da mansão.

Não havia qualquer roupa capaz de esconder a sua nudez, mas ela buscou pela camisa do homem que a odiava, e repudiou o cheiro. Em qualquer circunstância, a jovem preferiria a morte a ter o perfume daquele homem exalando tão próximo ao corpo dela mais uma vez, mas naquele instante, ela aceitaria qualquer coisa se pudesse impedi-la de sentir o toque das mãos ásperas.

O coração dela já antecipava que a queda doeria mais do que ela esperava, mas não seria tão terrível quanto as estocadas que aquele monstro daria nela, se a encontrasse tentando escapar. Então, ela olhou aflita para baixo, esperando que se aquilo a machucasse, que ao menos ele a deixasse em paz por algum tempo.

Siena fechou os olhos e pulou. Ela estava tão anestesiada que sequer sentiu a dor do pé quando ele torceu para o lado. Então, ela se agarrou a parede para conseguir se levantar.

Não havia como correr, mas ela andou o mais rápido que conseguiu, esperando que fosse o bastante para se livrar daquele inferno que a esperava se o homem a pegasse.

O medo era como um companheiro fiel, e a paranoia se tornava cada vez mais perturbadora, a medida que a pobre moça olhava para trás, esperando que ele não a encontrasse novamente.

Os olhos inundados de lágrimas focaram em um casebre no meio do nada, depois de andar exaustivamente a procura da casa mais próxima. Siena Robins podia jurar que ouviu a velha dizer que aquela era uma cidade, no entanto, que tipo de lugar era aquele se não havia uma única casa por perto, além da mansão dos Black?

Ela tateou com dificuldade em direção a pequena casa de madeira, até que conseguiu bater na porta de um jeito desesperado. Siena ainda olhava para trás a cada segundo, temendo que fosse vista por alguém. Se todos na cidade a odiavam, ser encontrada pelo Sr. Black era o melhor entre todos os pesadelos que poderia acontecer a ela.

A porta se abriu, e o espanto tomou conta dos olhos da jovem garota, já assustada. Ela sentiu um alívio percorrer todo o corpo, mas não durou por muito tempo. Quando a mulher bateu a porta novamente, ela sentiu que deveria perder as esperanças. Siena, no entanto, jamais desistiria de se livrar daquele triste fim, ao lado do maldito homem que a aprisionaria e a torturaria até o limite da vida.

Ela bateu exaustivamente na porta até que a m*****a velha, cansada abrisse a porta. – O que você quer? – Os olhos eram tão frios, e as marcas roxas no corpo da jovem mulher não a impressionou.

- Eu preciso conversar com você. – Ela implorou. – Por favor, me deixe entrar!

- Não! Diga o que você quer de onde esta! É o bastante.

- Por favor, eu quero desfazer o nosso acordo. Eu posso devolver todo o dinheiro se você quiser.

- Que dinheiro, garota! – A mulher zombou.

- O que você vai me dar pelo acordo. Eu não posso mais fazer isso. Deveria ser apenas por uma noite, mas você nunca apareceu.

A velha senhora sorriu. – Olhe para mim, inútil. Acha mesmo que eu tenho algum dinheiro para te dar? Primeiro você deve conseguir isso para mim.

- O que? – Siena arregalou os olhos. O corpo inteiro tremia de pavor. Ela jamais seria capaz de aplicar um golpe a quem quer que fosse, e definitivamente não faria aquilo ao Sr. Black. Ele a mataria sem pensar um único segundo.

- É isso que você ouviu. Eu não tenho dinheiro, e você, querida, vai nos deixar ricas.

- Eu não vou fazer nada! – Ela cuspiu as palavras, repudiando a figura da velha.

- E o que você vai fazer? Acha que consegue fugir? – Ela riu. – O Sr. Black tem tentáculos por todos os cantos. Boa sorte tentando escapar dele. Só vai piorar essas suas marcas no pescoço... – Irina zombou.

Siena Robins não podia acreditar que havia se livrado de um destino de humilhações ao lado do noivo para algo ainda pior que aquilo. Ela jamais teria lutado tanto se soubesse que acabaria parando em mãos piores que as anteriores.

O coração da jovem se inundava de desespero a cada segundo em que continuava ali, parada em frente a porta. A vulnerabilidade era uma constante, e conhecendo a mãe, ela entendeu o motivo para que as pessoas as odiassem tanto na cidade.

- Eu vou contar a verdade para o Sr. Black! – Siena afirmou, mas nem mesmo ela tinha certeza se seria uma boa idéia.

A mulher de traços fortes gargalhou. Ela tinha aproximadamente cinquenta e seis anos, mas ainda possuía traços lindos e nada sutis em seu rosto cansado. Mesmo morando naquele lugar estranho, ainda mantinha a áurea de realeza, como se a soberba fosse o último que poderia ser arrancado a força dela, mas o Sr. Black se encarregaria de fazê-lo a todo custo.

- Você acha que ele vai fazer o que quando disser isso?

- Eu não sei, mas ele odeia a sua filha, e eu não posso pagar pelos pecados da sua família.

- Ele não odeia apenas a minha filha. Ele odeia o pai dela, e a mim. Ele odeia as pessoas de classe dessa cidade.

- Por que? Por que esse homem odeia tanto assim?

A senhora riu mais uma vez. – Apenas volte para casa antes que ele descubra que você fugiu. Vai ser melhor assim.

- Eu não posso. Eu vou escapar, e se ele me encontrar, vou contar tudo.

A mulher liberou um riso sinistro mais uma vez, e cada centímetro da pele alva da Siena Robins se ouriçou. – Se você acha que ele vai acreditar no que diz, boa sorte. Eu vou adorar ver como ele vai te destruir ainda mais, e essas marcas ridículas não vão ser nada perto do que ele vai fazer se achar que você está mentindo. Agora saia da minha porta e espere que eu volte a te procurar.

Ela escutou quando a porta de madeira se arrastou até ser trancada mais uma vez. Era como estar dentro de um pesadelo sem fim. Siena havia se enfiado em um labirinto de mentiras, e não sabia como fazer para sair.

A jovem se virou para ir embora, mas sentiu quando olhos queimavam-lhe as carnes. Ela sabia que deveria sentir medo, e permitiu que cada membro do corpo tremesse com o pesadelo prestes a acontecer outra vez.

- Você gostava tanto de chicotear a gente. Vamos ver como é sentir a carne se partir!

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