— Estou, Colin. O que foi agora?
— Você precisa ver o seu tablet. Agora.— Pode ser mais específico?— Não por telefone. Só veja o e-mail que te mandei. É urgente.Olhei para Scarlett, que me observava com curiosidade, antes de suspirar.— Certo. Vou verificar.— Problemas? — Scarlett perguntou, com a sobrancelha arqueada.— Espero que não. Mas algo me diz que o dia está prestes a ficar mais complicado.Eu me levantei, pegando o tablet na mesa ao lado, enquanto Scarlett continuava desfrutando do café da manhã.Ergui a mão para pedir que ela esperasse, minha atenção ainda focada em Colin.— Qual é a dessa urgência toda? Se isso for mais uma das suas piadas, Colin, eu juro que...— Não é uma piada! — ele me interrompeu, o tom mais firme agora.A seriedade na voz dele me fez apertar os olhos, tentando entender o que estava acontecendo.— Certo, vou dar uma olhada.— O que está acontecendo? — Scarlett perguntou, me estudando com oEu voltei a atenção para o telefone. — Vai ter uma reunião? — Sim. Ainda essa manhã — Colin confirmou. — Todos precisam estar aqui. — Liam, Alec, Caleb e Cassia vão estar lá? — Sim, já estão a caminho. Eu passei uma mão pelo rosto, tentando organizar os pensamentos. Caçadores eram um incômodo, mas nunca uma ameaça real. Pelo menos, era o que eu achava até agora. — Certo — falei, mantendo a voz firme. — Vou levar Scarlett comigo. Dessa vez, Colin nem hesitou. — É melhor assim. Não sabemos o que mais pode acontecer. Quanto menos ficarmos separados, melhor. — Concordo. Estaremos aí logo. Desliguei, jogando o telefone na cama, e soltei um suspiro pesado. O que quer que estivesse acontecendo, não era algo pequeno. Virei para o espelho e encarei meu reflexo. O rosto sério, a mandíbula tensa. Mas, no fundo, algo me incomodava de um jeito mais profundo. Eu sempre achei que
Hoje era um daqueles raros dias ensolarados em que a cidade parecia mais animada que o habitual, mas para mim, dentro da pequena floricultura, o contraste era quase cruel. A luz entrava pela vitrine, iluminando as flores perfeitamente arrumadas, mas não fazia nada para atrair os olhares dos pedestres apressados.Eu estava ajustando o laço em um arranjo de tulipas amarelas, meu olhar fixo nos detalhes, tentando ignorar o sentimento de inutilidade. As tulipas eram vibrantes, suas pétalas ainda com o frescor do orvalho matinal, mas havia algo em mim que sabia que ninguém se importaria.Os clientes pareciam nunca se importar.— Bom dia! — chamei, me esforçando para parecer animada, quando vi uma mulher de meia-idade passar pela vitrine.Ela hesitou, os olhos brevemente repousando nas flores, mas seguiu em frente sem sequer olhar para dentro da loja.Eu senti meu rosto esquentar.— Obrigada por nada! — murmurei para mim mesma, a voz carregada de frustração.Fe
— Temos várias opções. Alguma preferência? Tulipas? Rosas? Algo mais vibrante ou discreto? — Só pega qualquer coisa e embrulha, ok? Não tenho o dia todo. — Ele cruzou os braços, o olhar fixo no telefone em suas mãos. "Se você não tem o dia todo, por que está aqui?", pensei, sentindo a irritação borbulhar por baixo da minha máscara de profissionalismo. Suspirei discretamente e me virei para pegar um dos arranjos prontos. Enquanto começava a embrulhá-lo, minha mente vagou. Ethan. O nome veio à tona, quase como um sussurro. Fazia um dia desde que ele apareceu pela primeira vez na floricultura. Diferente daquele homem impaciente, Ethan foi gentil, apesar de estar fugindo daqueles homens. Minha memória desenhou sua imagem com precisão: a pele morena, quente como um bronzeado de verão; os olhos castanhos escuros que pareciam absorver tudo ao redor; os cabelos cacheados e volumosos, que pareciam impossíveis de domar. "El
Endireitei-me, ajeitando o avental e tentando convocar um sorriso educado para o próximo cliente. Mas, quando meus olhos se fixaram na figura que acabava de entrar, o sorriso vacilou, quase sumindo por completo. Por um momento, não reconheci quem era, mas algo nele me fez prender a respiração. A forma como se movia, como olhava ao redor com um ar de propriedade, como se medisse cada detalhe da floricultura… tudo parecia carregado de algo que eu não conseguia explicar. "Quem é você?" pensei, estudando seu rosto. Ele ajeitou o paletó com gestos deliberados, como se estivesse se preparando para um discurso. Então, de repente, minha memória conectou os pontos. Meu estômago deu um nó. — Não acredito! — murmurei para mim mesma, sentindo o rosto esquentar de irritação. Era ele. O mesmo homem que aparecia regularmente nos últimos meses, representando a Companhia de Construção Whitmore. Sempre com o mesmo objetivo: me convencer a vender a flo
— Apenas uma parte da oferta, senhorita Lila. O suficiente para garantir que sua nova vida comece com conforto.Fechei a boca, tentando recuperar a compostura. Respirei fundo e dei um passo para trás, me apoiando no balcão.— Eu… eu não posso aceitar isso. — A gagueira escapou antes que eu pudesse controlá-la.— Não pode ou não quer?Senti o sangue ferver novamente, expulsando o impacto inicial da visão do dinheiro.— Não quero. E já deixei isso bem claro.— Você está sendo irracional.Foi a gota d’água.Meus olhos se estreitaram, e antes que ele pudesse reagir, peguei a vassoura que estava encostada ao lado do balcão.— Irracional? Quer ver o quão irracional eu posso ser? — rosnei, apontando a vassoura diretamente para ele.Ele arregalou os olhos, claramente não esperando minha reação.— Ei, ei! Calma! — ele começou a recuar, levantando as mãos em sinal de rendição.— Eu já disse para sair da minha loja! — dei um passo à frente, balan
A mansão de Colin se erguia diante de nós, a arquitetura clássica se misturando de modo harmoniosos com detalhes modernos. Mesmo para alguém como eu, acostumado ao luxo, o lugar era impressionante. A imponente fachada de pedra branca, as janelas altas e as colunas ornamentadas eram símbolos de riqueza e tradição.Scarlett, ao meu lado, admirava cada detalhe enquanto subíamos os degraus de mármore que levavam à entrada principal.— Parece que ele quis garantir que ninguém esquecesse quem manda por aqui, hein? — murmurou ela com um sorriso divertido.— Colin sempre teve um gosto particular para essas coisas — respondi, tentando não demonstrar minha irritação. Eu não estava ali para admirar o palácio do meu irmão mais velho. Minha mente estava presa a algo muito mais sombrio.A imagem do corpo de John Abernathy continuava a me assombrar. A brutalidade dos caçadores não era novidade, mas ver um dos nossos mortos daquela forma era algo que não se esquecia facilmente.
— Há coisas que precisam ser discutidas. E não posso fazer isso sem todos presentes.Quase como se fossem convocados por mágica, Liam, Cassia e Caleb apareceram na sala pouco depois. Liam foi o primeiro a entrar, ele cumprimentou Colin com um leve aceno antes de me dirigir um olhar interrogativo e me lançar poucas palavras.— Ethan. Scarlett. Bom ver vocês.Cassia entrou logo em seguida, trazendo um sopro de energia para o ambiente. Seus olhos brilhavam com curiosidade, e ela parecia alheia à tensão no ar.— Ora, ora, uma reunião de família? Não fomos avisados que seria tão formal — e sorriu, mas o seu sorriso desapareceu quando ela percebeu a expressão de Colin.Caleb veio por último, o mais descontraído de todos, como sempre. Ele deu um tapa amigável no ombro de Alec antes de se recostar na parede, os braços cruzados.— Qual é o drama desta vez? — perguntou, sem pressa para entrar no clima de seriedade.Caleb permaneceu encostado na parede, os braços cr
Todos se viraram para ela, alguns surpresos, outros com expressões que variavam entre ceticismo e curiosidade. Colin inclinou a cabeça ligeiramente, avaliando-a. — Isso é... generoso. — Ele escolheu as palavras com cuidado. — Mas este é um assunto interno, Scarlett. Não quero envolver pessoas de fora, mesmo que sejam aliadas. — Colin, acho que deveríamos considerar a oferta. — Liam interveio, sua voz era quase um sussurro, mas ele tinha a autoridade do segundo mais velho. — Os Kingsley são influentes e têm conexões que podem nos ajudar a nos proteger e a descobrir quem está por trás de tudo isso. — Concordo com Liam. — Caleb falou, cruzando os braços enquanto se recostava na parede. — Se estamos lidando com caçadores organizados, precisamos de toda a ajuda possível. Cassia, que até então estava em silêncio, ergueu a mão como se pedisse permissão para falar. — Eu estou preocupada com os funcionários — ela