Capítulo 4 Julie

Cativeiro

Me sinto dolorida, ainda de olhos fechados tento me mexer, mas é muito difícil, acho que minhas mãos e pés estão amarrados, com uma força descomunal tento abrir os olhos, porém não vejo nada, a escuridão não deixa.

- Oi – tento falar, mas minha voz sai por um fio – tem alguém aí? – forço.

Não recebo nenhuma resposta, estou suada, com sede, precisando ir ao banheiro, onde estou meu Deus, a última lembrança que tenho é a de que estávamos no carro com Alex e depois só escuridão.

- Oi tem alguém aí – pergunto mais uma vez, agora um pouco mais alto.

- Quem é você? – uma voz pergunta.

- Sou Julie e onde você está? – pergunto nervosa.

- Na verdade não sei, estou amarrada e está muito escuro – a mulher diz chorando – onde estamos Julie? – pergunta desesperada.

- Não sei – digo tentando também não chorar.

Permanecemos em silêncio até ouvirmos passos.

- Oi estamos aqui – grito tão alto quanto posso.

Ouço um barulho de porta de metal sendo aberta e fica claro, a claridade me cega momentaneamente rapidamente percebo onde estamos, é um container por isso o calor insuportável, logo aparecem homens encapuzados, há pelos uns seis homens aqui.

Logo o mais alto fala, acho que é russo, alemão ou sei lá que dialeto é esse, não entendo nada, ele gesticula para o homem a minha frente, então ele me puxa de modo brusco e cheira meu pescoço, me debato.

- Me solta, seu escroto de merda – grito e cuspo em sua cara.

Todos gargalham, recebo um tapa e acabo indo ao chão.

- Por favor me soltem, vocês pegaram a pessoa errada – digo soluçando, o homem que me bateu levanta-me, segurando-me.

Eles voltam a gargalhar, entendendo o que disse, então o maior, acho que deva ser o chefe, se aproxima.

- Ah minha menina, você é a pessoa certa – diz com um sotaque muito puxado – já tenho destino certo para você, mas não sem antes fazer um teste, depois mando reconstruir o hímen, eles nunca saberão – diz e ri diabolicamente.

Fugi para não ser violada, e do que adiantou? acabei caindo em uma armadilha, em algo muito pior.

Sou puxada como um saco de batatas e jogada em uma van, ainda amarrada e agora amordaçada, as outras garotas foram levadas para outro lugar, por que somente eu estou indo sozinha? E para onde estão me levando, em que me meti?

O sacolejo do carro me faz ter ânsia, não sei ao certo em que momento apaguei. Acordo já sem amarras dentro do que parece ser um quarto, corro até as janelas e em todas há grades, há um pequeno banheiro, como já imaginava a porta está trancada “calma Julie, você vai dar um jeito” digo a mim mesma. Reparo tudo em volta, sobre a cama há um vestido e um bilhete.

“Tome um banho e vista-se”

Meu Deus me ajude, o que vai ser de mim, faço o que foi pedido no bilhete, tomo um banho e me visto, mas com o coração na mão, me sinto fraca, nem sei por quanto estou sem comer, fico esperando alguém aparecer, tento lutar contra o sono, mas não consigo ele me vence, apenas durmo, um sono sem sonhos.

Acordo assustada com mãos passando pelo meu corpo, no instinto o chuto acertando-o precisamente nas partes baixas, o homem dá passos para trás e esbarra em uma mesa.

- Cadela – fala em inglês, o entendo, mas me faço de desentendida.

Quando se recupera, avança em mim com fúria, me puxando pelo cabelo.

- Me solta – me debato, se for para morrer, vou morrer lutando – desgraçado – grito.

- Isso luta, gosto assim – diz me cheirando.

Até tento, mas o homem é muito grande, durante a luta consigo puxar a mascará que cobre seu rosto, no susto ele me j**a ao chão e acabado batendo a cabeça.

- Vadia, agora você vai ver – quando ele me puxa pelas pernas, a porta se abre e o homem de mais cedo entra o lhe acertando um chute, outros dois homens o levam embora carregado.

- Vem docinho – fala me oferecendo a mão.

Me levanto sozinha, sob o olhar do homem corpulento, ele também está de máscara. Não tenho tempo de pensar muito, em segundos sou jogada em cima e minha roupa é arrancada, me sinto exposta, tento me cobrir, mas é em vão, tento o afastar, mas ele segura minhas pernas.

 - Por favor não faz isso – imploro chorando.

Só que o homem não me escuta, ele abre minhas pernas e me penetra de uma só vez, a dor que sinto é dilacerante, e não é somente a dor em minha intimidade, é dor na minha alma, meu coração está despedaçado nesse momento, deixei de lutar, apenas deixo ele fazer o que quiser com meu corpo, já aprendi que é melhor não lutar, só espero que minha morte seja rápida.

Mal sabia eu que aquele seria só o começo do meu inferno, fui violentada tantas vezes que na maioria apenas desmaiava, estou machucada e jogada em um chão frio, pois quase arranquei o membro de um dos homens quando ele enfiou membro na minha boca, apanhei tanto que pensei que havia morrido.

Descobri que havia sido vendida, já tinha ouvido falar sobre tráfico de mulheres, porém jamais imaginaria que seria uma vítima, escravizar mulheres para atos sexuais é asqueroso, repugnante, imundo e eu seria uma escrava agora.

Só não sei por quanto tempo irei aguentar...

Já perdi noção de tempo e espaço, não me lembro a última vez que vi a luz do sol, não sei se é dia ou noite, ou quanto tempo já estou trancada nesse porão.

Meus machucados já estão se curando, pelo que entendi das conversas que conseguir ouvir quando eles acharam que estava apagada, vou ser leiloada como virgem, tenho vontade de rir, pois eles já me viraram do avesso tantas vezes, não sei como vão conseguir me passar por virgem novamente.

Ouço barulhos, alguém está vindo, corro para o colchão e finjo que estou dormindo, foi assim que me livrei diversas vezes de ser abusada ultimamente.

- Pega ela, hora da cirurgia – diz meu carrasco, nem reluto mais – isso, seja obediente – apenas o acompanho, eles acham que não entendo inglês, mas entendo tudo, só me faço de desentendida.

Sou levada para uma espécie de sala cirúrgica.

- Deita ela aí, a médica já virá – apenas fico quieta onde me colocam, me colocam uma mascará e aos poucos adormeço.

Não sei o que fizeram comigo, mas acordo em um quarto, sinto uma dor latejante em minha intimidade, tento me sentar, mas a dor é forte.

Choro baixinho, não quero ser espancada ou violentada, peço:

“Deus, não sei o que fiz para merecer todo esse sofrimento, toda essa dor, se você realmente existe, como dizem, se você realmente faz milagres, me tirar daqui ou me leva para tua glória, pois não estou mais aguentando, eu sei se tirar minha própria vida não irei entrar em teu reino, então por favor, me ajude, ouve meu clamor” imploro em oração para ser ouvida.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo