Capitulo 1

Alice Greco

  Qual é o preço da liberdade? Talvez não o valor que todo o dinheiro do mundo pode comprar. Algumas pessoas precisam se redimir para serem livres nas ruas, pagar suas dívidas ou cumprir penas de prisão pelo que fizeram. Mas como posso ter minha liberdade se meu único erro foi ter 

nascido em uma organização criminosa? Às vezes é difícil acreditar que estou fugindo da minha antiga vida, de um noivo que não vejo há dez anos.

Califórnia-EUA

***

  Estava em meu quarto procurando entender aparição de mamãe ao me pedir que tomasse um banho e vestisse um lindo vestido, quando de repente eu ouvi outra vez a discussão com papai. Já os vi em meio de um desentendimento, sempre o meu nome estava envolvido e antes eu não entendi, mas agora eu consigo entender. Irina falava sobre a minha opção de escolha e papai deixava claro que tanto a sua opinião como meu livre arbítrio não pesava sobre a balança. 

 desci até a porta, que por sorte estava entreaberta. "O menino acabou de ocupar o lugar de Julian e você viu o que ele fez na cerimônia! "Faz parte da tradição, de acordo com nossos costumes. Ele não é mais um menino, ele é um homem agora.

Curiosa sobre o que estavam falando, desci até a porta, que por sorte estava entreaberta.

 — Aquele rapaz acabou de assumir o lugar de Julian, você viu o que ele fez na cerimônia! 

— Aquilo faz parte da tradição, se conforme com nossos costumes. 

Ele não é mais um rapaz, é um homem agora.

— Sebastian é um máquina mortífera, Marco. Vai mesmo entregar a nossa filha para um homem sombrio como ele? — Mamãe segurou o braço de papai forte, ele a olhou como se pudesse esmagá-la como um inseto, desfez do seu aperto com violência.

— O acordo está selado desde que ela era um bebê, aceita de uma vez que sua filha vai se casar com um Mortalla! 

— A nossa filha, Marco! — Mamãe o corrigiu — É bom se lembrar que você é o causador da situação de Alice, graças a ela você ainda respira.

— Graças a esse acordo eu recuperei o meu cargo na Cosa Nostra, sem nenhum arranhão. — Se gabou com orgulho.  

— Não cante vitória, os Mortalla não confiam mais em você!

— Não importa se confiam em mim ou não, enquanto o acordo estiver de pé eu continuarei com o meu cargo. 

   Depois disso, ficaram calados, Irina perguntou:

— Que horas ele virá?

— Esta tarde, ela já tem dez anos e antes do casamento é normal que se vejam. 

— O casamento ainda está longe, deveria esperar para avisá-la. 

— Foi Sebastian quem decidiu, eu não posso fazer nada!

— Você nunca tentou. - Mamãe o corrigiu — Alice nunca vai te perdoar por isso, você a conhece tão bem quanto eu, ela não vai aceitar facilmente.  

— Ela não vai me desobedecer, mas se ousar eu a colocarei em seu lugar. — Irina o encarava com decepção e repulsa, papai ignorou — Vá comunicá-la, ele chegará em breve. 

   Estava procurando forças para me mante de pé e processar a conversa que acabei de ouvir, papai não era o mesmo homem quem me criara com tanto zelo e amor, parecia um mafioso qualquer me envolvendo em um negócio sem demonstrar nenhum sentimento. Sem perceber, mamãe abriu a porta e me encarou espantada, deduziu que eu ouvi o que conversaram. Como se esperasse minha reação negativa, ela tampou a minha boca com o receio de que Marco ouvisse, então me levou para o quarto e trancou a porta.

— Isso não pode ser verdade! 

— Você precisa ficar calma, pequena.

— Como papai fez isso comigo? — Perguntei com a decepção evidente em minha voz.

— Alice, eu jamais quis isso para você.

— Eu não vou me casar com alguém que não conheço!

— Fale baixo, por favor.. — Suplicou em voz baixa — Eu nunca quis que o seu futuro ficasse nas mãos de seu pai. 

— Você não quis, mas não fez nada para inverter isso. — Eu falei com o ódio reluzente em minhas órbitas. 

  Irina olhou para mim com culpa, e eu sabia que não era culpa dela. Como pode ser? Eu sei que seu casamento foi arranjado e sua voz no mundo em que vivemos não é ouvida e tudo bem. Ela se sentou na minha cama e gentilmente me pediu para me juntar a ela, e eu não protestei. 

— Há dez anos,  seu pai tentou roubar a Cosa Nostra. 

— Eu ouvi,  você me contou uma vez. E disse também que ele foi perdoado.

— Meu amor, na máfia não existe perdão. Eu tentei ajudá-lo oferecendo as terras da minha família que ganhei no meu casamento.

— Eu não entendo.. 

— O chefe da máfia decidiu aceitar o acordo através do seu noivado com o neto dele.

— Mas eu não quero, mãe. 

  Ela olhou para mim com pena, lágrimas escorrendo pelo seu rosto e me puxando para um abraço.

— Eu sinto muito, pequena. Não quero que o seu destino seja o mesmo que o meu.  

    Sentia meu coração tão rápido, a sensação de que minha vida se tornou inseparável de um casamento arranjado me afastou do livre arbítrio e da sensação de escolher com quem me casar, não esperava que papai fizesse uma coisa tão astuta

— Ele virá esta tarde.

— Ele quem?

— Seu noivo, Sebastian Mortalla.

— O que fará aqui?

— Serão apresentados.

— Eu não quero vê-lo! 

  Irina quebrou o abraço e me olhou apavorada, ela sabia que eu não estava acostumada com avisos rígidos e importantes, nem dela, nem mesmo do papai.

— Não nos desafie princesa, não dessa vez. Não quero que nada aconteça com você. — Estudei a sua reação, estava com medo, por mim.

***

  Ouvi uma batida na porta do quarto e saí de minhas lembranças. Podia sentir o cheiro doce do bolo recém-assado da irmã da minha mãe, tia Danielle. Outra batida, sinto preguiça de responder que estou acordada, odeio falar de manhã, aprecio o silêncio, gosto de aproveitar o máximo que posso.

— Bom dia, Alice. — Ela me cumprimentou quando abriu a porta. — Poderia falar que estava acordada, pouparia tempo.

— Bom dia, tia Daniele. — Me levantei e sentei-me na beirada da cama. — Sabe que não gosto de falar quando ainda estou com sono.

— Hum... Mas tudo bem, você vai para a faculdade?

— Você sabe que eu faço o meu melhor para aproveitar minha liberdade, então sim, eu vou!

— Você se arrisca tanto por uma vida que não pode ter. 

— Se você pode, eu também posso. -

— São situações diferentes, eu forjei minha morte e você fugiu. Seu noivo deve estar procurando freneticamente por você.

— É melhor ser um fugitiva do que aceitar um casamento arranjado. 

 — Você mais do que qualquer outra pessoa, deveria ter aceitado esse casamento, já que nasceu dentro da organização, diferente de mim e da sua mãe. A única diferença de você para as outras é que a sua mãe acreditava numa vida longe daquele inferno. Nem todas estão dispostas a ter a coragem que teve, tudo por uma breve liberdade. 

— Uma breve liberdade? Eu fugi há três anos.

— Alice, Você realmente acha que essa fuga vai durar para sempre?

— O que eu queria que fizesse? Aceitasse de bom grado ser usada como um negócio?  — Perguntei com completo desdém.

— Não se esqueça que eu forjei a minha morte, então eu não acho que fez errado. Só acho seu pensamento muito ingênuo,  por constar que sua liberdade irá prevalecer por muito tempo.

— Por que você duvida disso?

— Você está prometida a um Mortalla e eles não aceitam perder, especialmente para uma mulher.

— Não sou ingênua, mas quero acreditar que esse Sebastian tenha se agradado por ter fugido. Quero acreditar, mas sei que está longe da verdade. 

— Se apresse para a faculdade, ou você vai se atrasar. — Ela deixou o quarto, deixando-me pensar sozinha.

    Me levantei da cama e andei até o banheiro, parei em frente ao espelho e encarei meu rosto, estava um caco de tão sonolenta pela má noite de sono. Tia Daniele tem razão, fugir não é liberdade, estarei sempre acompanhada pelo medo de ser encontrada, um medo que desperta quando saio de casa e ando pelas ruas da Califórnia. Os primeiros cinco minutos desde que deixei a Itália foram cheios de emoção e alegria quando finalmente consegui impedir aquele casamento, mas quando parei para pensar o que aconteceria comigo se fosse encontrada por aquele homem, o medo gritou internamente.  Eu escapei daquela prisão com um único desejo: viver. Sei que tenho que tomar cuidado daqui para frente, mas mesmo sabendo dos riscos, estou tentando levar uma vida normal como todo mundo, como sempre quis. Saí para beber, passei a noite fora, fiz amigos. Rebecca e Luana,  as conheci atualmente na universidade em que estou estudando.  

   Tirei a minha camisola e entrei no box, liguei o chuveiro e deixei a água morna cair em minha cabeça. Passei o sabonete liquido sobre minha achando o volume considerável dos meus seios estranho, meu corpo mudou drasticamente após a fuga, mas não apenas os havia mudado. Decidi cortar os meus cabelos curtos, acompanhados por uma franja, um simples corte mudou meu visual. Depois de encerrar o banho, eu parei na frente do espelho e me enxuguei, admirei a linda tatuagem que fiz abaixo do seio direito, era três lindas borboletas pequenas, me representava esperança, liberdade. Voltei para o quarto e andei até a cômoda, vesti um conjunto de lingerie simples e uma calça jeans azul com uma blusa branca e uma jaqueta de couro. Penteei meus cabelo, não fiz nada casual no rosto, apenas coloquei meu acessório importante, óculos. 

  Deixei o quarto e junto ao meu ombro estava minha bolsa, coloquei encima do sofá da sala e andei para a cozinha, onde estava tia Daniele e seu gato de estimação tomando café da manhã.

— Dormiu bem esta noite?

— Sim. — Respondi, enquanto me servia com um copo de leite gelado.

— Bem, eu fiz um bolinho para você. — A encarei com um sorriso, sei que a vezes sou dura com ela, mas ela sabe como me ganhar.

— O de chocolate com coco ralado?

— Esse mesmo. — Ela tirou a tampa da onde o havia colocado. — Não vai sair antes de comer.

— Hum...delícia!

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