Como duas felinas perigosas, fomos a um barzinho próximo à praia. Pop's Drive, o lugar conhecido como a perdição dos estudantes, era muito aconchegante, dançante e a brisa que vinha do mar completava a sensação. Fui azarada por vários carinhas, assim como Melissa, pois se íamos curtir, tínhamos que arrasar no look. Colocamos vestidinhos soltos e curtos, rasteirinhas delicadas, uma maquiagem leve, porém com um delineado incrível e colorimos a boca com vermelho — a cor da paixão. Provamos vários drinks diferentes enquanto rapazes do time de futebol nos devoravam como um prato farto de carne. Ignoramos cada flerte e somente curtimos a noite, o ápice foi quando pedimos tequila, aí danou-se tudo.
Nem sei como conseguimos chegar em casa, mas minha consciência voltou quando me vi jogada no sofá, com Melissa ao meu lado.
— Bebemos demais&hell
Ao som de We found love, da Rihanna, corri pelas calçadas largas das praias de Los Angeles recebendo naquela manhã uma energia mágica que contagiou todo o meu dia. Em casa, preparei um arroz com legumes e frango, comida de verdade, made in Brasil, faltou o feijão — como sentia falta de feijão fresquinho.Viver nos Estados Unidos não me proporcionava uma alimentação saudável e decidi mudar isso naquele início de semana. Durante o preparo, em uma chamada de vídeo papeei com a Raica, rimos, choramos e por pouco não encerrei a ligação, visto que todos os outros amores — Lucca, Renan e Théo — apareceram no fundo da chamada. Não segurei a emoção, a saudade e muito menos o choro.Tornei-me uma chorona incurável.— Tudo bem? — Melissa chegou de repente e flagrou meu momento nostálgico. — Porque está
Por sorte o evento foi dinâmico, então pude concluir todas as etapas rapidamente e designar um novo itinerário para o motorista, voltaria para Nova Iorque, pela manhã havia compromissos que necessitavam da minha estada. E se caso a Valéria me colocasse em outra furada, estaria demitida, sinalizei-a por mensagem. E a filha da mãe riu por meio de emojis, veja só, estava sem moral até com a minha assistente.Relaxei no assento, o carro percorria as ruas belíssimas de Los Angeles, me deixei fascinar pelo mar iluminado, a brisa que embalava os grandes coqueiros e tudo de belo e exótico que a paisagem me oferecia. Inevitavelmente, meu peito apertou com o aviso do que minha mente forçou em recordar, viajei nos próximos segundos em detalhes inesquecíveis da linda garota. Até meu celular vibrar, relutei em atender, contudo o Ruben nunca me importunou, se ligava era importante.&mdas
Finalizei a ligação ao lançar o celular sobre o sofá, segui meu trilho até a porta e girei a maçaneta com um misto de muita coisa incitando minhas veias. Movimentar a madeira nunca havia sido tão angustiante, desejoso.Desuni e, ele verdadeiramente estava ali. Os braços apoiados no batente, cabeça baixa, mas ergueu-se lentamente até que seus olhos se unissem aos meus. Estáticos, permanecemos nos conectando com o contato, intenso, ferido, magoado, nosso encontro de almas.Procurei no milésimo de segundo colher tudo que pude e era inevitável não perceber seu aspecto magro, seu rosto mais fino, havia uma sombra escura embaixo das pálpebras e me identifiquei com a feição, dias anteriores ao conseguir me encarar no espelho, encontrei os mesmos sinais. Inspirei, ele também. Sorri, ele também. Ao passo que tudo à frente se tornou emba&ccedi
Festa de aniversário de casamento dos pais de David Queen.A orquestra parou de repente e, no mesmo instante, palmas invadiram o som até então harmônico, não eram aplausos, lamentavelmente, eram somente duas mãos se chocando vis, fúnebres, duras. Girei na direção da entrada ao mesmo tempo em que segurei a mão fria de David, um arrepio correu minha espinha logo que cruzei com os olhos do diabo. Ele sorria de canto enquanto saudava os convidados, desfilando entre os corpos como o astro que sentia ser. Seus passos cravavam em linha reta, sem desvio, nós éramos seu destino.Impossível não se alterar, meu todo gritava por socorro e, mesmo se houvesse uma saída estratégica a qual pudesse escapar, David não permitiria, seus dedos esmagavam os meus, fundindo-se, álgidos. Houve três oportunidades para eu evita
— Calma, David. — Ele soltou minha mão e voltou-se com os olhos vermelhos, furiosos. Não, nem em sonho partiria do escritório sem ter conhecimento desse fato. — O que houve, David? Eu quero saber.Ele inspirou fundo.— Aurora, isso não é problema seu — Sara afirmou.— Talvez não fosse mesmo — rondei cada olhar pávido do ambiente —, mas agora é, sei que tem um segredo, desculpe… David, quero saber por você.— Fale, David… — Nicholas afrontou. — Fale, seu traidor…— Seu desgraçado. — O avanço fatal aturdiu o movimento, vi Sara cobrir a boca e Robert perpassar na direção. — Maldito…Um soco, outro e outro… golpes trocados.Retirei a sandálias e corri na tentativa de deter o massacre. Mútuo.— Pare, David,
Tempos antes...— David, qual o seu problema?Perdi o ar quando através dos vidros escuros avistei o jatinho — que para mim não passava de um aterrorizante convite para o desespero —, olhei aflita antecipando sua entrada, um longo tapete vermelho indicava o caminho.— Amor, como seria possível ir a Nova Iorque… — Quê? Nova Iorque? Juro, o choque me calou. — De trem?— Deus, você é maluco.Um dos seguranças abriu a porta e me pus para fora. Admito, senti- me parte da família real com toda aquela proteção, estávamos cercados por seguranças, armados e alertas como se protegessem o presidente. Provavelmente os dias de cativeiro o fizeram diferente, acredito que toda essa cautela refletia no quanto aqueles momentos agonizantes transformaram sua rotina (sua vida). O estado grave em que David deu entrada no hospital foi o relato físico da tortura, da desumanidade daqueles bandidos, da monstruosidade sem limites do d
Desembarcamos em Nova Iorque, logo a temperatura arrepiou a minha pele, David não permitiu que trouxesse uma mala, mas providenciou roupas que vestiriam um país inteiro assim que nos acomodássemos no hotel mil e uma estrelas. O período na cidade dos sonhos seria curto, porém o suficiente para um tempo só nosso, como eu disse, uma pausa do mundo real. Fora isso, ele teria duas reuniões que não fez questão de priorizar, ordenou que sua assistente desmarcasse, gerando muita dor de cabeça para a coitada da Valéria.Entre as peças escolhida a dedo por ele, uma em especial, a que vestia naquele instante paralisou-me diante do espelho — o tom escarlate coloria o tecido de seda, num caimento justo que marcou cada curva da minha silhueta. O comprimento tocava o chão com elegância, o vestido era o sonho de princesa, algo surreal.— Você está linda! — A rouquidão na voz moveu meus ombros.— Muito linda!David segurou minha cintura e nosso reflexo se formou ali. Ele
Não demorou nada e um blecaute inebriou tudo, para que canhões colorissem a entrada dos atores e bailarinos, a primeira canção foi Grease e depois de algumas cenas de atuação Summer Night. Olhei para David com um sorriso enorme no rosto, fiz uma careta engraçada e voltei para o espetáculo regado por champanhe. Por mais que tentasse descrever, não seria possível, era magnífico — a sincronia dos atores, as coreografias e o romance entre Danny Zuko e Sandy Olsson, soando em notas musicais e acordes, era lindo testemunhar o colegial dos anos 70, a gangue dos garotos T-Birds com suas jaquetas de couro liderados por Zuko e a turma das garotas Pink Ladies, nem piscava com medo de perder algum detalhe, cantava baixinho cada canção, eu conhecia todas. Durante a apresentação os atores fizeram algumas referências a nós dois, eu suspirava como uma boba, sorrindo para eles.