Como todos sabiam, Haroldo, embora tivesse deixado o cargo de presidente do Grupo Marques, ainda detinha ações e era o controlador de fato de várias empresas, além de presidente honorário. A Elo Forte e a Espaço Alfa continuavam sob seu controle pessoal. Felipe, por diversas vezes, tentou se envolver nesses negócios, mas Haroldo nunca lhe deu qualquer oportunidade. Agora, no entanto, ele simplesmente entregava tudo de bandeja para Charles! Era uma demonstração clara de favoritismo único, um gesto que proclamava ao mundo que Charles era o escolhido, o herdeiro natural do Grupo Marques. — Por que está calado? Não está satisfeito com a minha decisão? — Perguntou Haroldo, com frieza no olhar. — O senhor tomou essa decisão, certamente após muita reflexão. — Felipe hesitou por um instante antes de continuar. — Mas Chad ainda é jovem, e o senhor está lhe entregando muito... Tenho receio de que isso o sobrecarregue, dispersando sua atenção e prejudicando o desenvolvimento dele no futuro.
— Sr. Diogo, esta é a Blue Mountain da Jamaica, que chegou hoje de manhã por transporte aéreo. O senhor acha que o sabor lhe agrada? Com mãos finas e delicadas, Magnolia movia-se com maestria sobre o tabuleiro de café, seus gestos elegantes transformando o preparo em um espetáculo de arte. Em poucos minutos, uma nova xícara foi colocada suavemente diante de Diogo. O aroma encorpado da bebida preencheu o ambiente, misturando-se com a névoa que subia da superfície quente. Magnolia, com seu rosto ao mesmo tempo radiante e frio, parecia uma contradição harmoniosa. Sua pele, imaculadamente clara, não tinha a menor imperfeição. Mas, pensando bem, as pessoas ao redor do senhor nunca eram comuns. Cada um ali era moldado à perfeição, cuidadosamente lapidado. Qualquer falha, qualquer deslize, e já teriam desaparecido do mundo sem deixar vestígios. — Muito obrigado, Srta. Magnolia. — Diogo ergueu a xícara, mas seus olhos, carregados de uma expressão complexa, permaneceram fixos no rosto d
— Tânia já está fora do jogo, uma peça completamente descartada. — Diogo estreitou os olhos, sua voz cheia de frieza. — Agora, no Grupo Marques, só Charles reina absoluto. Não há mais ninguém para equilibrar o poder. Tenho receio de que Felipe, por culpa ou pela pressão de Haroldo, acabe cedendo ainda mais espaço a ele. Se isso acontecer, Charles terá um controle imbatível. — Jogue. — A voz do homem atrás da cortina foi calma, enquanto ele movia uma peça no tabuleiro. Diogo apertou os lábios e, antes de fazer sua jogada, o homem voltou a falar, com um sorriso enigmático. — Sr. Diogo, você está tão ansioso para que eu volte... É mesmo por minha causa? Ou seria para ter mais um aliado, um reforço para os seus próprios planos? Será que você quer me usar contra Charles, para que ele tropece e, assim, facilite o seu caminho até Olívia? — Não, senhor! — Diogo respondeu imediatamente, sentindo o suor frio ensopar seu terno. — Eu sou completamente leal ao senhor, jamais faria algo assi
— Você não está me dizendo que ficou com medo, está? — Magnolia soltou uma risada sarcástica. — O que você fez no País F, até eu sei de cor e salteado. Agora, é só encontrar algumas pessoas para sacrificar em nome de uma causa grandiosa, algo que será lembrado para sempre. Não me diga que está hesitando? O olhar sombrio de Diogo cravou-se direto no rosto dela, onde um misto de sarcasmo e desprezo dançava livremente. Essa mulher não tinha absolutamente nada de Vivia. Vivia era a luz em sua vida sombria, a única chama que iluminava o abismo gelado em que vivia. Ela era sua borboleta delicada, seu anjo. Magnolia, por outro lado, não passava de uma ferramenta fria e calculista, um objeto bonito e eficiente que o "senhor" havia encontrado, moldado para obedecer sem questionar. — Magnolia, não fale assim. — A voz do homem atrás da cortina era calma, quase gentil, mas carregada de uma autoridade que não podia ser ignorada. — Afinal, vidas humanas estão em jogo. É natural que o Sr. Dio
— Srta. Bruna, há quanto tempo. Continua deslumbrante como sempre. — O homem lançou um olhar tranquilo para o rosto de Bruna, sereno como a luz da lua, enquanto sorria com leveza. — Agradeço o elogio, senhor. — Bruna respondeu com os cílios abaixados, a voz equilibrada, sem humildade ou arrogância. — Não é à toa que o Sr. Diogo passou anos moldando você. Tão delicada, serena e elegante. Às vezes, penso que você é Olívia. Você é, sem dúvida, o substituto mais perfeito que já vi. Bruna permaneceu impassível, mas seus olhos se tornaram densos como tempestades silenciosas. A palavra "substituto" fez com que todos os elogios anteriores do homem soassem como pura ironia. Diogo ignorou a provocação e abriu o pequeno baú que trouxera. Com cuidado, revelou o objeto que estava dentro. — Este é um vaso de porcelana com pintura em esmalte e design vazado, adquirido em um leilão no País Y. Um pequeno presente, espero que goste. Magnolia arqueou uma sobrancelha com leve surpresa. Ela
Ela refletiu sobre sua vida. Sem dúvida, houve momentos de glória. Mas, para cada passo que dava rumo ao topo, alguém precisava servir de degrau. Sempre havia alguém que pagava o preço por sua vaidade. Camila foi a primeira pessoa que ela matou. Quem diria que essa mulher, morta há vinte anos, acabaria sendo sua ruína? Na verdade, ela já havia se arrependido. Camila não precisava ter morrido. E se ela tivesse continuado viva? O que isso mudaria? Nada. Mas, naquela época, era como se estivesse enfeitiçada. O ódio por Camila a consumia, e, embriagada pelo amor de Felipe, acreditava ser intocável. Sentia-se acima de tudo e de todos, como se o mundo estivesse ao alcance de suas mãos, protegida por ele. No fim, o amor de Felipe por ela não passava de uma miragem ridícula. Tânia agarrou os cabelos com força, arrancando mechas inteiras de fios grisalhos. A dor a trouxe de volta à realidade. Enfim, ela enxergava com clareza o quão egoísta e frio ele era. Felipe nunca a amou. Mas
Diante da pergunta devastadora da filha, Tânia sentiu seu coração estremecer de dor. Ela odiava Charles, mas não podia negar que ele sempre tratou Samara muito bem. Melhor do que ela mesma, sua própria mãe, foi capaz de fazer. Pensando bem, talvez Charles não fosse tão desprezível assim. Mas e daí? A esposa de Felipe só podia ser uma. Camila, sua rival, foi uma escolha de Felipe, não dela. Tânia ficou em silêncio por um longo tempo, até finalmente murmurar: — Naquela época, eu já estava grávida de sua irmã. Eu só queria conquistar um lugar para mim... Queria garantir uma vida melhor para minha filha, para o futuro dela... — E você conseguiu! — Samara retrucou, a voz embargada pela emoção. — Papai te aceitou, você conseguiu o que queria! Mas por que, então? Por que você precisou matar a mãe do meu irmão? Samara respirou fundo, tentando conter as lágrimas que enchiam seus olhos. — Meu irmão nunca me tratou mal por ser sua filha. Ele nunca me desprezou, nunca foi frio comi
Ao sair da penitenciária, Benjamin manteve Samara firmemente em seus braços. A presença dele a envolvia, quente e protetora, mas, mesmo assim, ela tremia levemente contra o peito do homem. — Amor... — Benjamin umedeceu os lábios, hesitante. Queria dizer algo para confortá-la, mas nenhuma frase parecia apropriada. Não poderia soltar um “da próxima vez” ou, pior, “meus pêsames”, não é? — Benjamin. — Samara abaixou a cabeça, os olhos vermelhos e úmidos, com lágrimas ainda presas aos cílios. — Obrigada... Obrigada por me deixar vê-la pela última vez. Foi suficiente, realmente foi suficiente... Eu não vou mais te pedir nada. — Amor! Que conversa é essa? — Benjamin perdeu a calma, descendo de repente sobre um joelho diante dela. Suas grandes mãos envolveram as pequenas e frias mãos de Samara, enquanto seus olhos ansiosos buscavam os dela, molhados e tristes. — Como assim você não vai me pedir mais nada? O que você quer que eu faça, então? Sem você, por que eu lutaria por poder? Para qu