Cap. 1: casamento sem noivo?
Hanna estava à beira de um marco significativo em sua vida, embora não fosse exatamente por escolha própria. Um casamento arranjado e apressado estava longe de ser o cenário romântico com o qual ela sempre sonhara. No entanto, considerando as circunstâncias, era a única opção que tinha para conseguir o que precisava naquele momento.Naquela manhã, Hanna já tinha recebido tudo que precisava para se preparar para o casamento. Uma legião de empregados estava à sua disposição, prontos para atendê-la. Ela se perguntava por que todo aquele aparato era necessário para um casamento que, no fim das contas, era apenas para cumprir um contrato.Aquela roupa cara e toda aquela dedicação em deixá-la apresentável a fazia desejar que seu casamento fosse com alguém que ela amasse, afinal... por que se dedicar tanto e ter tanto cuidado em planejar algo que é falso?
“Um dia quando esse acordo acabar... se eu pensar em me casar nunca vou conseguir superar a organização impecável dos Farrugia eu nem mesmo tive que me mover para nada.” Pensava ela suspirando várias vezes a cada vez que aquelas pessoas a tocava, fazendo sua maquiagem, seu cabelo, ela nunca teria condições de contratar tantas pessoas para esse momento.
Embora não estivesse entusiasmada com a idéia do casamento, Hanna não podia negar a ansiedade que sentia. Afinal, os Farrugia eram uma família de grande importância na cidade e naquele momento ela não tinha opção a não ser se casar, era como se tivesse em um beco sem saída./ Senhora Ortiz, você tem apenas dois dias para fazer o depósito. — ela lia a mensagem no celular enquanto roía a unha em seguida averiguando seu saldo bancário.
— céus... — resmungou ao ver que tudo que sua mãe tinha deixado já tinha acabado, não tinha nem mesmo centavo em sua conta bancaria. — seria pedir demais um milagre que não fosse a droga de um casamento sem amor? — murmurou baixinho ao se lamentar.
Se ela não cumprisse esse acordo até determinada data, ela não poderia ter os benefícios e nem ser aparada naquela família, Hanna não entendia o porquê era tão importante cumprir esse acordo, então se lembrou que mesmo no leito de hospital, sua mãe ainda tinha uma vida estável e segura sem se preocupar com nada, seus tratamentos eram sempre pagos e nunca tinha com o que se preocupar, supostamente a família Farrugia os mantinha e pagava todas as suas despesas.— Por favor, que tudo dê certo… — ela murmurou uma oração, com as mãos juntas perto do coração, enquanto um dos serviçais enviados penteia o seu cabelo, por várias vezes ela hesitava pensando em falar com eles, mas nem mesmo as encarava, era como se fossem robôs apenas cumprindo ordens.A família Farrugia é uma família poderosa e bastante rica, ela ainda não conseguia entender porque a sua mãe tinha um acordo com aquela família tão poderosa mesmo sendo uma mulher simples e sem origem nobre e nem os motivos de sua mãe revelar sobre o acordo apenas quando já estava a beira da morte.
Ela não tinha ideia de quem seria seu noivo, a não ser o básico que ela conseguiu pesquisando pelos sites de fofoca, mas as fotos que tinham mal se podia ver realmente o rosto de Davis Farrugia, um homem de 26 anos, aparentemente ele é de boa aparência, o que deixava Hanna mais aliviada, nada pior que ter que ser jogada para um velho, então ele sendo jovem até mesmo cogitava a ideia de se apaixonar por ele.
No entanto, a mansão Farrugia está em alvoroço. Parece que alguém desapareceu.
— Como é possível que o noivo tenha sumido em um momento tão crítico? — No escritório, Morgan rosna furioso, enquanto os empregados correm pela mansão em desespero.
— O que vamos fazer? — pergunta uma mulher de cinquenta anos, andando de um lado para o outro, impaciente.— Encontrá-lo! — responde Morgan, secamente.— Morgan… — suspirou ela, impaciente. — Já foi uma lástima essa mulher ter entrado em contato. Se não fosse isso… talvez não estivéssemos sendo obrigados a cumprir esse acordo.— Eu sei! Todos nós sabemos quais são as condições desse casamento desde que nossa avó morreu há dez anos. Mas nunca pensei que essa mulher, que nem mesmo chegamos a ver, entraria em contato para exigir que cumpríssemos o acordo. — resmungava Morgan, andando de um lado para o outro sem ideia de onde estar seu filho.— E para nossa desgraça, ela decidiu exigir isso um dia antes do acordo vencer. Eu realmente acreditei que o acordo seria revogado, mas a parte B se pronunciou antes disso. — sorriu ele, cético. — Ela foi muito esperta, pensou que em cima da hora para impedir que tentássemos qualquer coisa para impedir o cumprimento.— Parece que não estamos lidando com qualquer mulher. Temos que ter cuidado, pode ser que ela venha apenas para conseguir destruir nossa família. — sugeriu a mulher de aparência mediana e olhar cansado de preocupação.— Abigail… — suspirou ele, pesadamente. — A velha Melin já fez isso no momento que fez esse acordo com uma empregada! — asseverou ele, emburrado. Então Abigail se sentou em silêncio.Após vasculharem a casa toda naquela manhã, eles não encontraram Davis. Ele tinha realmente fugido.— Era de se esperar que ele fizesse isso, afinal… foi ele quem sobrou. Ninguém quereria se casar sem amor e ainda por cima com uma mulher deformada. Só de pensar nas vezes que visitei aquela mulher ainda no leito do hospital, penso que será um martírio viver ao lado da filha dela. — comentou Morgan pensativo.— Sim! Não tiro Davis da razão! — anunciou outra mulher carrancuda, entrando no escritório sem nem mesmo pedir licença Morgan apenas deu as costas ao se virar para encarar o lado de fora da janela, se seu humor já estava ruim, agora ficara bem pior.Ver aquela mulher todos os dias era seu martírio. Liara, a ex-sogra de Morgan, saía raramente de sua mansão. Era de costume ela estar ali como um carrapato, sugando cada gota de humor que havia em Morgan. Contudo, ninguém ousava colocá-la para fora, já que, sendo esposa de um deputado, ela tinha bastante influência na cidade e, assim, também na família Farrugia.— O que faz aqui? — perguntou Morgan.— Bom… estão todos preocupados, supostamente com a fuga de seu filho Davis. O casamento terá que ser cancelado, afinal… era um dos poucos jovens na família que poderia aceitar o acordo. — sugeriu ela observando ele com um certo ar de desprezo.— Sim, não temos mais ninguém agora. — suspirou ele, inquieto. Contudo, Liara não parecia estar incomodada.— Morgan, você tem que resolver isso! — anunciou Abigail, desesperada.— Não sei o que fazer… — suspirou ele, encarando o relógio. Faltava apenas meia hora para o casamento. — Teremos que adiar até amanhã. Vou avisar a noiva! — anunciou ele, saindo a passos pesados do escritório, levando consigo o celular.Cap. 2: Acordo com o pai do noivo. Morgan caminhou até a varanda do seu quarto no segundo andar, encarando com desprezo o número de celular na tela. Hesitou várias vezes antes de fazer a ligação. Mal conseguia suportar ouvir a voz de Hanna, ainda mais sendo o homem que presenciou de perto o que a doença daquela família podia fazer com uma pessoa. Mesmo que não fosse contagiosa, era algo incômodo de se observar e também lamentável. Hanna atendeu o telefone no mesmo segundo. /Olá, senhor Farrugia? - perguntou, ansiosa. — Pensei que vocês mandariam um carro para me buscar. Falta menos de meia hora para o casamento! Por que estão demorando tanto? Morgan engoliu em seco, com o olhar perdido. /Senhorita... Ortiz — ele pigarreou levemente antes de prosseguir. — Infelizmente, teremos que adiar o casamento. Hanna franziu o cenho, confusa, enquanto se encarava no espelho, toda enfeitada. Ela mal podia acreditar. /Discordo! Esse casamento não pode ser adiado! Se for assim, então... como s
Cap. 3: minha noiva desfiguradaMorgan saiu do quarto deparando-se com toda a família reunida, aguardando ansiosamente por notícias. Assim que ele mencionou o acordo com Hanna, que ele seria o noivo temporário até que seu filho voltasse, um silêncio sepulcral se abateu sobre o ambiente. Sua ex-sogra, com o rosto contorcido em desaprovação, foi a primeira a se manifestar.— Você me fez uma promessa, Morgan! Não pode simplesmente quebrá-la agora. Não ouse se envolver em um novo relacionamento, ainda mais um desse porte, depois de tudo que fez no passado! – ela resmungou, repreendendo-o com veemência. – William Morgan! – asseverou de repente, segurando a gola do terno dele. – Não se atreva a renegar sua promessa! Você não merece nada além da vida que tem! – rosnou, soltando-o com força.Morgan se afastou, massageando a região da garganta.— Não estou fazendo isso por vontade própria. Desde que minha avó firmou esse maldito acordo de casamento, estamos todos presos nesse inferno, esperand
Cap. 4: enfim casados.Hanna se posicionou ao lado de Morgan, mantendo uma distância que nenhum dos dois se encostasse. O clima era tenso e silencioso entre as pessoas, parecia mais um funeral do que um casamento. A única coisa que quebrava o silêncio era o barulho dos flashes da câmera que tiravam fotos como provas para poderem ser registradas e comprovar o cumprimento das exigências no testamento.Assim que o discurso padrão do juiz de paz terminou, ambos confirmaram o desejo de se casar e assinaram os papeis, unidos matrimonialmente.— Está satisfeito, senhor rabugento? — perguntou Hanna sem o encarar.— Por enquanto, senhora Ortiz. Aproveite o buffet. Ninguém vai te incomodar até a hora de partir.— Claro! — resmungou ela com rispidez, dando-lhe as costas e seguindo para uma mesa distante no salão de festas.Isso permitiu que a ex-sogra de Morgan se aproximasse dele.— Ela é mesmo tão feia assim? — perguntou ela, agora com deboche.— Deve estar se divertindo vendo minha vida virar
Cap. 5: a vida é injusta com Hanna.— Se aquela mulher vier para este lugar, ela deve permanecer no anexo e não deve frequentar a mansão! — asseverou ela. Morgan suspirou impaciente.— Está com medo que eu me dê uma chance com ela? — sorriu Morgan cético.— Não é isso. Afinal, seria bem difícil você conseguir se manter na vida de uma mulher após o que você fez com a vida da minha filha e neto. Por isso, sei que se você se arriscar, vai apenas arruinar mais vidas.Morgan suspirou pesadamente, engolindo suas palavras sem debater com ela.— Pense como quiser, se é assim... você está certa então.— Claro que estou.— Quando vai conseguir me perdoar por isso? Vai ficar a vida inteira me infernizando? Você não vai deixar isso nunca se curar? — perguntou aflito.— Nunca! Morgan... nem eu e nem você vamos ter paz com isso! — confessou ela, comprimindo os lábios com amargura.Ele a encarou sem reação, ao mesmo tempo, ajeitando a gravata. Apesar de ser um homem muito maior que Liara, que tinha
Cap.6: decisão de Morgan. Morgan ordenou que alguns seguranças buscassem informações no bairro de Hanna. Foi uma busca inútil até interrogarem a última pessoa que viu Hanna; então souberam que ela tinha ido para outro lugar e que estava bem. Morgan visitou a casa de Hanna acompanhado de sua mãe. Ambos estavam parados em frente àquela ruína, andando por entre o que restava, podendo encontrar até mesmo vestígios do vestido de noiva, documentos e pertences de Hanna. — Parece que estava tentando matá-la, não acha? — perguntou Abigail. — Com certeza… — confirmou ele, apreensivo. — Mas isso é muito ruim. Tenho que manter esse casamento por pelo menos três anos, e quase não conseguimos nem por vinte e quatro horas. — Verdade, querendo ou não, será melhor mantê-la debaixo do nosso nariz, caso contrário, nossa família vai se afundar com ela. — Mas ainda temos que descobrir onde ela está. — Você não conseguiu ligar para ela? — Já liguei, o advogado já ligou, mas ela não atende. — comento
Cap.7: os seguranças vão buscar Hanna.Meio-dia após o expediente, Hanna se sentou na cantina, abrindo o e-mail que Morgan lhe enviara. Uma risada cética acompanhava cada linha que seus olhos percorriam. A suposta tentativa de assassinato a que ele se referia servia apenas como pretexto para uma lista de imposições que visavam, na verdade, atender aos seus próprios interesses.Hanna moraria na mansão Farrugia, mas não exatamente na mesma casa que os Farrugia. Um anexo, como uma segunda casa separada, era a sua designação. O acesso a essa parte da propriedade se dava por outra porta, completamente independente da entrada principal. Para ver qualquer membro da família, Hanna precisaria sair do anexo, atravessar o jardim até a entrada principal e solicitar autorização.— O que ele quer? Me manter prisioneira? — questionou-se ela, cética, a cada linha que lia. — ter que continuar escondendo meu rosto... Bom, isso não será ruim. Assim, evitarei que ele crie interesse por mim. — suspirou el
Cap.8: Astucia é meu nome do meio.Assim que o carro parou, ela saltitou para fora, seguindo em direção à farmácia. Ninguém sabia o que a moça fardada, com boné cobrindo o rosto, planejava, mas seu sorriso maldoso era evidente.— Ataduras, pomadas, protetores… Violeta genciana e… — Ela hesitou por um momento, antes de pedir a substância nociva de cor rosa.Com um sorriso de orelha a orelha, a menina saltitante retornou ao carro. Os seguranças informaram Morgan sobre a parada na farmácia e o trajeto percorrido, enquanto Hanna, discretamente, aplicava uma pomada branca no rosto, criando pintas brancas que cobriam algo.Empolgada, ela suspirou ao chegar ao local que a fez relembrar seu infeliz casamento. De repente, Murilo surgiu em sua mente. No fundo, sentia-se culpada por tê-lo rejeitado, mas já estava casada, sem opções. Apesar de considerá-lo um bom pretendente para o futuro, seria injusto deixá-lo esperando enquanto cumpria o acordo.Após passarem pelo grande portão e virarem à esq
Cap.9: Uma ex sogra direto do inferno.Liara, após a saída dos seguranças, captou as palavras de Morgan. Um olhar maldoso se formou em seu rosto ao presenciar a miséria em que ele vivia./ Espero que tenham notícias dele o mais rápido possível! Afinal, pago a vocês para serem eficientes! — Morgan asseverou ao telefone, lendo mais uma resposta negativa sobre as buscas por seu filho Davis.— Você já está casado com ela, por que insiste em encontrar Davis? — perguntou Liara, interrompendo Morgan. Ele bufou e desviou o olhar.— O que faz aqui? Fico admirado como uma mulher casada com o deputado tem tanto tempo para cuidar da minha vida — resmungou ele de mau-humor.— Como poderia te deixar sozinho? Tenho que garantir que esteja tudo conforme a minha vontade — respondeu Liara.— Tem se agradado? — questionou Morgan com ironia.— Até agora sim — respondeu ela com indiferença. Morgan riu cético e se manteve em silêncio. — Então? Ela já está na mansão? —— Quem? — perguntou ele entediado.— Q