Noah bufou alto, mas o sorriso persistiu enquanto ele sentia o aperto carinhoso do filho em seus braços. A cena era tão simples e tão completa que ele sabia, sem sombra de dúvidas, que aquilo era tudo o que ele queria na vida.
Kira sorriu ao ver Noah bufar de maneira exagerada, como se fosse uma criança mimada que não havia conseguido o brinquedo que queria. Mas o brilho de ternura nos olhos dele traía qualquer fingimento de frustração. Bento ainda estava aconchegado nos braços fortes do pai, o rostinho colado ao peito largo de Noah enquanto soltava suspiros suaves de um sono tranquilo.
Kira se ajeitou na cama, os lençóis macios envolvendo seu corpo enquanto ela se recostava no travesseiro. Por mais exausta que estivesse, era impossível não sorrir ao observar os dois homens da sua vida tão próximos e conectados.
— V
O sol despontava timidamente pelas frestas da cortina, derramando raios dourados que dançavam sobre a cama. Kira despertou primeiro, os olhos piscando contra a luz suave enquanto se espreguiçava preguiçosamente. O corpo relaxado e o coração tranquilo.Virou-se para o lado e encontrou Noah ainda adormecido, o rosto pacífico e os cabelos bagunçados descansando contra o travesseiro. Bento, porém, já não estava ali. Era típico do garoto sair da cama logo cedo para explorar o mundo como um pequeno furacão.Ainda sorrindo, Kira deslizou para fora da cama e vestiu um roupão leve, sentindo o tecido macio acariciar sua pele, mas antes de se levantar sentiu braços fortes envolverem a sua cintura e a puxarem para cama.
Foi quando a campainha tocou. Noah foi até a porta e a abriu com um sorriso polido.— Bom dia, Gertrudes! — Ele cumprimentou a babá, uma mulher que causava medo em Noah, mas Bento adorava.— Bom dia, senhor Fitzgerald! — respondeu seriamente, entrando na casa com seu jeito profissional. — Onde ele está?— Aqui! — Bento gritou do tapete da sala, onde brincava com um caminhão de brinquedo que ele arrastava de um lado para o outro com pura empolgação.— Oi, Bentinho! Pronto para brincarmos hoje? — Gertrudes perguntou enquanto se abaixava para cumprimentá-lo.— Siiim! — Bento respondeu com animação, já correndo até ela para mostrar todos os seus brinquedos.Enquanto Gert
O campus da Universidade da Califórnia fervilhava de estudantes apressados e professores caminhando com pastas e livros em mãos. Kira passou pelo corredor movimentado com o coração batendo acelerado. Era sua primeira aula como professora convidada e ela queria que tudo saísse perfeito.Ela havia passado semanas preparando aquele material. O nervosismo de falar para uma plateia exigente a deixava ansiosa, mas o apoio constante de Noah fazia tudo parecer mais fácil. Sempre que se sentia insegura, lembrava-se das palavras dele: “Você nasceu para isso. Não existe ninguém mais preparada que você.”Entrou na sala de aula e foi recebida por dezenas de rostos atentos. Com a respiração profunda e um sorriso confiante começou e tudo fluiu perfeitamente. A aula foi um sucesso, os alunos participaram, discutiram, elogiaram. Ela se sentia no topo do mundo.— Parabéns, Kira! — Uma voz animada se fez ouvir quando ela saiu da sala. Era sua colega de trabalho, Rachel, uma mulher divertida e extroverti
— Noah… — Kira tentou intervir, mas sua voz era baixa demais.Brandon soltou uma risada curta, tentando parecer despreocupado.— Talvez você esteja exagerando um pouco, Noah. Só estou tentando aproveitar a companhia da sua esposa… que, aliás, é uma mulher incrível. Não sei como você teve tanta sorte.— Sorte? — Noah repetiu, com os punhos cerrados ao lado do corpo. — Não, Brandon. Não foi sorte. Foi amor, dedicação e respeito. Coisas que você claramente não entende.— Ah, vamos lá. — Brandon continuou, agora com um tom provocativo. — Ela é uma mulher linda, inteligente… e eu tenho certeza que qualquer homem faria tudo por ela.Foi o bastante.A explosão d
O sol ainda estava nascendo quando Noah acordou. Os primeiros raios de luz filtravam-se pelas cortinas do quarto, iluminando suavemente o rosto adormecido de Kira. Ele a observou por alguns minutos, o peito apertando com uma mistura de amor e culpa. Ela merecia um homem que confiasse plenamente nela. Mas ele não conseguia controlar o impulso de protegê-la a qualquer custo.Ainda na cama, Noah pegou o celular e começou a fazer algumas ligações. Primeiro, para um de seus contatos no ramo imobiliário, que poderia facilitar o acesso às informações financeiras da clínica onde Kira trabalhava. Depois, para seu advogado, Liam, pedindo que fizesse uma pesquisa aprofundada sobre os proprietários da clínica e se havia a possibilidade de comprá-la.Enquanto esperava as respostas, Noah se levantou e foi tomar um banho rápido. A ideia de colocar aquele Brandon em seu devido lugar o deixava energizado. Talvez fosse irracional. Talvez fosse possessivo demais, mas ele não se importava. Se havia algo
— Por que vocês tão pelados?A pergunta veio como um raio em céu azul.Kira cobriu a boca com a mão para abafar a risada, enquanto Noah soltava um som que era metade riso nervoso, metade pânico absoluto. Ele estava sentado na beirada da cama, os cabelos bagunçados, uma expressão de quem acabara de ser pego no flagra. E bom… ele tinha sido mesmo.— É… é que… o papai e a mamãe estavam com muito calor, campeão. — disse Noah, a voz ainda sonolenta, tentando parecer absolutamente normal mesmo estando completamente nu sob o lençol.— Calor? — Bento franziu a testa. — Mas o ar-condicionado tá ligado, papai. Tá gelado aqui!Kira virou o rosto para o lado, tentando não explodir de rir.— É verdade, filho… — Noah concordou, olhando desesperado para todos os cantos do quarto como se procurasse por um manual de “Como responder perguntas embaraçosas de uma criança de 5 anos”. — Mas às vezes, mesmo com o ar ligado, a gente sente calor… interior.— Calor interior? — Bento repetiu com as sobrancelhas
O resto da manhã passou em meio a risadas e panquecas. Bento comeu três, como prometido, e passou o resto do tempo desenhando uma “aranha invisível mutante” com lápis de cor, enquanto os pais trocavam olhares cúmplices e sorrisos de canto.Quando o sol começou a descer no céu e a tarde chegou com preguiça, Kira colocou Bento para cochilar, deitado em sua cama com o ursinho de pelúcia agarrado ao peito e o desenho da aranha colado na parede ao lado. Ela ficou alguns minutos o observando dormir, sentindo o coração transbordar de amor e proteção.Quando voltou à sala, encontrou Noah sentado no chão, de costas para o sofá, com um caderno velho no colo. Ele usava uma camiseta desbotada e calça de moletom, os pés descalços, e havia algo tão sereno na expressão dele que o coração de Kira se apertou.— O que é isso? — perguntou, se aproximando devagar.Noah levantou os olhos e sorriu.— Um caderno antigo. Achei dentro de uma caixa no armário do corredor. — disse, e bateu no espaço ao lado. —
O som dos saltos de Kira cortava os corredores da clínica como chicotes no mármore. Havia pressa em seus passos, mas também um tipo de fúria contida, do tipo que assusta até quem não sabe o motivo.Ela segurava uma pasta de documentos com força, os dedos pressionando a capa como se ela fosse uma extensão do autocontrole que tentava manter.Ao passar pela recepção, um dos atendentes tentou chamá-la, mas Kira apenas ergueu a mão, sem parar de andar.— Não agora. Preciso resolver algo com o doutor Sinclair.Brandon, por sua vez, estava sentado em sua sala espaçosa, com as pernas cruzadas sobre a mesa, olhando-se no reflexo escurecido do monitor desligado. A vaidade exalava até nos gestos mais simples.A porta se abriu sem anúncio.— Kira! — ele disse, sorrindo com uma satisfação lasciva. — Até que enfim voltou a usar roupas que valorizam seu corpo. Essa saia é quase um convite…Ela parou à frente da mesa, com os olhos faiscando.— Você pode repetir isso?Brandon levantou da cadeira e se