ALICEVê-lo tão próximo e com aquele olhar intenso faz toda a raiva que sinto horas atrás desmoronar, tornando impossível resistir. Por mais que esteja magoada, o sentimento dentro de mim sempre fala mais alto e me empurra diretamente para ele. PG é meu ponto fraco, mas isso precisa mudar. Não sei quando ou como, mas preciso encontrar uma maneira de me fortalecer.Assim que o beijo termina, ele sorri de lado, como se soubesse exatamente o efeito que causa em mim, e isso me irrita. Tento desviar o olhar, focar em qualquer outra coisa, mas ele se aproxima ainda mais, e meu coração dispara.— Você pode fingir o quanto quiser, mas sei que sente algo forte por mim, assim como eu por você — diz ele, a voz baixa e rouca, me arrepiando dos pés à cabeça.Engulo em seco. Não quero dar razão a ele, mas meu corpo me trai. Meu peito sobe e desce rápido, minha respiração fica irregular, e minha vontade de fugir briga com o desejo de me jogar em seus braços.— Isso não muda nada — murmuro, tentando
AliceO peso do dia turbulento ainda prende meu corpo ao colchão, mas a inquietação cresce dentro de mim. Damares não hesitaria tanto se fosse algo sem importância. Algo me diz que a visita lá embaixo tem o poder de complicar ainda mais minha vida – como se isso fosse possível.Solto um suspiro pesado antes de finalmente me levantar. Meus passos são lentos, arrastados pelo cansaço emocional que PG deixou para trás. Inconscientemente, meus dedos pousam em meus lábios; ainda sinto o gosto do beijo, tão intenso quanto o que sinto por ele. Confesso que gostaria de senti-lo novamente, tão perto quanto instantes atrás.— Ai, Deus, preciso urgentemente resolver essa situação, ou corro o sério risco de surtar — murmuro, exausta.Faço um coque no cabelo e, vagarosamente, desço para ver quem chegou para falar comigo. Só espero que não seja nenhuma brincadeira da Damares, porque, se for, eu juro que estrangulo essa garota. Acabei de passar por uma situação complicada, por assim dizer, e ainda te
AliceA tensão piora. Todos se entreolham, mas nenhuma palavra é dita. E eu fico ali, parada entre Laranjinha e Joel, sem saber o que fazer. Confesso que esperava de tudo nesta noite, menos a chegada inesperada do Joel. Depois da discussão sem sentido que tivemos, imaginei que ele não quisesse me ver.Permaneço em silêncio, observando atentamente os gestos de ambos. O ar na sala fica ainda mais pesado. Se antes minha cabeça já estava um caos, agora sinto que posso explodir a qualquer momento.Joel está aqui. Depois de dias sem notícias, sem sequer uma ligação, ele simplesmente aparece na minha porta com essa expressão indecifrável. O que ele quer? Me enlouquecer?Laranjinha se remexe ao meu lado, claramente desconfortável com a presença de mais alguém. Já Damares cruza os braços, observando a cena com interesse. Essa daí nunca perde uma oportunidade de fofocar.— Bom, já que apareceu mais gente, acho que minha parte aqui está feita — Laranjinha diz, ajeitando a jaqueta. — Só queria cu
AliceO trajeto até o carro é tranquilo, apesar dos olhares curiosos que nos acompanham pelo caminho. Algumas pessoas parecem surpresas ao nos ver juntos, mas ignoro. Joel continua segurando minha mão, o toque firme, mas confortável.Entramos no carro, e ele liga o rádio em uma estação qualquer. A melodia suave preenche o silêncio entre nós. Por um momento, me permito relaxar, observando as luzes da cidade piscando do lado de fora da janela.— Tá nervosa? — pergunta Joel, desviando o olhar da estrada por um instante para me encarar.— Não… Só estou processando tudo — respondo, suspirando.— Entendo — diz ele, com um pequeno sorriso. — Hoje foi um dia intenso para você.Solto uma risada curta.— Isso é um eufemismo. Você sempre suaviza situações difíceis.Ele ri também e balança a cabeça.— Mas, pelo menos, agora você vai ter um momento de distração.Concordo, mesmo sabendo que minha mente não vai parar tão fácil. E muito menos conseguirei parar de pensar em PG, a minha perdição.PG é
Horas Antes do SequestroPGSentir o corpo dela, o gosto do seu beijo, seus pelos arrepiados e suas mãos segurando com firmeza minha camisa me leva para outra dimensão. E confesso: a sensação de ter a mulher que amo nos meus braços, mesmo por alguns instantes, é boa pra caralho. Muitas mulheres já passaram pelas minhas mãos, mas nenhuma chega aos pés da Alice, da minha professorinha, e muito menos me faz sentir algo tão intenso num simples beijo.Eu não posso perder essa mulher. Ela precisa entender e saber tudo o que sinto por ela e como mudei desde que a conheci. Faço o que faço para protegê-la e sempre será assim enquanto houver ar nos meus pulmões. Ninguém toca no que é meu, muito menos nas pessoas que são importantes pra mim. Me chamam de louco, obsessivo e até dominador. Mas tô me fodendo pra isso. O que me importa é o bem-estar e a felicidade dos meus. E pode crer: a Alice significa muito mais pra mim do que ela imagina. Se for preciso ir até o inferno para conquistar o seu amo
PGO tempo para.O ar some dos meus pulmões, como se alguém enfiar a porra de uma faca no meu peito e torcer bem devagar. Meu estômago se revira, e uma náusea quente sobe pela minha garganta. A visão embaça por um segundo, mas logo volta, cruel e nítida demais.Alice está ali. Na minha frente. Com ele.E a porra do mundo inteiro desaba em cima de mim.A cena me queima por dentro. Cada detalhe me atinge como um soco. O jeito que ela sorri, tímida, mas sincera. A forma como ele segura a mão dela, como se tivesse algum direito. Como se fosse dono de algo que nunca deveria ter sido dele.Minha mente grita que isso não pode estar acontecendo, que é só um delírio fodido da minha cabeça, um pesadelo do qual eu vou acordar a qualquer momento. Mas eu não acordo. Estou bem acordado. Vivo. Sentindo cada porra de segundo dessa tortura. Nunca senti isso na vida, e vou te falar uma coisa: perder quem amamos dói pra caralho.Meu peito aperta tanto que chega a doer fisicamente. Meus punhos cerram por
PGMeu pensamento está fixo no meu objetivo: ter a mulher que amo nos meus braços. Custe o que custar, faço Alice entender que não existe ninguém neste mundo que a queira mais do que eu. Nunca perco nada na minha vida, e não vai ser agora que isso muda. Ela é a mulher que invadiu a minha vida sem pedir permissão, e não vou perde-la para um merda feito aquele mauricinho.Eu sei que ela sente algo por mim. Comprovei quando a tive nos meus braços nas duas oportunidades, assim como tenho certeza de que o tapa que recebi foi apenas para mostrar quem mandava na situação. E, no fundo, ela está certa. Sem que eu percebesse, Alice foi ganhando espaço e dominando a minha vida. E quem disse que isso é ruim? É bom pra caralho saber que sou correspondido por uma mulher foda como ela.Exatamente uma hora depois do telefonema, já estou frente a frente com meu contato, um parceiro da época em que vivia na rua, mas que, por uma merda que fez, acabou se afastando. Mas Muralha é o único cara capaz de ex
No CativeiroALICEMinha cabeça dói, e meus braços estão dormentes. Tento me mexer, mas algo prende meus pulsos atrás do corpo. Meu coração dispara, e o medo me assombra. Onde estou?Forço os olhos, tentando enxergar no escuro. O cheiro de madeira úmida e mofo enche minhas narinas. Tento lembrar o que aconteceu, mas minha mente é um borrão. Sei que estava na rua, voltando para casa com Joel, e depois... nada.Meu peito sobe e desce em um ritmo descontrolado, como se meu próprio corpo lutasse para conter o pânico. O ar está pesado, denso, e cada respiração parece insuficiente. Meu estômago se revira, e um gosto amargo sobe à minha garganta. Tento engolir, mas minha boca está seca, e minha língua parece áspera como papel.Minhas mãos estão presas atrás de mim, e quando me mexo, sinto algo áspero raspar contra minha pele. Cordas. Apertadas, firmes o suficiente para que um formigamento suba pelos meus braços. Tento puxar, mas a dor vem rápida e cortante. Um nó aperta minha garganta.Há um