Pamela— Eu não quero que isso seja apenas um contrato.As palavras dele ainda ecoavam na minha mente.Eu pisquei algumas vezes, tentando absorver o que ele havia acabado de dizer.— Como assim? — perguntei, minha voz soando mais hesitante do que eu gostaria.Caleb me olhava com seriedade, os olhos fixos nos meus, como se já tivesse tomado uma decisão.— Quero dizer que a gente não precisa ser casado apenas no papel.Ele se inclinou um pouco para frente, apoiando os cotovelos na mesa.— Nosso casamento já foi consumado.Meu coração disparou.Ele estava falando do que aconteceu entre nós naquelas noites em que nos entregamos um ao outro sem pensar no amanhã.— Podemos fazer isso dar certo. — ele continuou.Minha garganta secou.— Até o final do contrato?Caleb balançou a cabeça.— Não, Pamela.Minha respiração ficou presa.— Eu quero ficar com você.Meu peito se aqueceu com aquelas palavras.Mas então…— Sempre soube o que sentia por mim. E então, eu quero fazer as suas fantasias se to
PamelaAcordei ainda com a raiva entalada na garganta. A proposta absurda de Caleb ainda ecoava na minha mente, como uma provocação constante que não me deixava em paz. Como ele teve a audácia de me oferecer um acordo… de me usar como uma solução conveniente para os problemas familiares dele? Eu não era uma moeda de troca.Vesti-me com mais intenção do que o habitual. Uma blusa de tecido leve, quase transparente sob a luz certa, e uma saia lápis justa que marcava cada curva com perfeição. Meus saltos soaram alto contra o chão do apartamento enquanto caminhava até a porta. Se ele queria jogar sujo, eu mostraria que também sabia brincar.Cheguei na empresa antes dele, como sempre. A sala ainda estava silenciosa, os corredores pareciam suspensos num momento de pausa. Sentei na minha mesa e mergulhei no trabalho, tentando ao máximo ignorar cada lembrança do seu toque, cada eco da voz dele no meu corpo.Mas, claro, não durou muito.— Bom dia, Pamela — ele disse quando passou pela minha mes
PamelaEu saí da sala dele com o gosto dele ainda nos meus lábios e um nó preso na garganta. Meus passos eram rápidos, quase apressados, como se quisessem fugir daquilo que meu coração ainda não tinha coragem de encarar. O som dos meus saltos contra o piso frio era a única coisa que me mantinha firme. Eu não podia desabar ali. Não agora.O problema é que eu não estava chateada com Caleb. Estava chateada comigo. Por me entregar. Por querer tanto alguém que me vê apenas como um corpo disponível. Eu sou melhor do que isso. Ou pelo menos era. Antes dele.Voltei para minha mesa tentando me concentrar, tentando parecer inteira, mas por dentro… eu estava um caos. As horas se arrastaram até o fim do expediente, e quando o relógio bateu seis da tarde, não tive coragem de ir direto para casa. Eu precisava respirar. Pensar. Me entender.Saí andando pela rua sem rumo certo, o vento bagunçando meus cabelos e meus pensamentos. Foi então que meu celular vibrou no bolso da jaqueta. Olhei a tela e, pe
Caleb“Solta ela agora… antes que eu esqueça que ainda estou sendo educado.”As palavras saíram da minha boca sem filtro, com a força de alguém à beira de perder o controle. Meu punho já estava fechado antes mesmo que ele se virasse. E quando o idiota me encarou com aquele olhar arrogante, eu soube que não havia outra forma de resolver aquilo.— Qual foi, cara? Eu vi ela primeiro.O som do soco foi seco. Preciso. Meu punho encontrou o rosto dele com toda a força que eu vinha acumulando desde que a vi sair de casa com aquele maldito vestido. A cabeça dele virou, e ele caiu no chão com uma expressão de choque e dor estampada no rosto.Minhas narinas ardiam de raiva, o coração disparado. Mas eu não estava ali por ele. Estava por ela.Pamela me olhou surpresa, mas logo rolou os olhos e se virou para a amiga.— Olha, Mel… é o meu marido chato — disse, e riu logo em seguida, tropeçando um pouco ao virar o corpo.Ela estava bêbada. Irritantemente linda, perigosamente solta, e completamente v
PamelaA luz que atravessava as cortinas me fez apertar os olhos. Minha cabeça latejava. Minha boca estava seca. Tudo girava devagar, como se eu tivesse atravessado um furacão na noite passada — e, de certa forma, tinha mesmo.Virei o rosto devagar e levei um susto ao ver Caleb… sentado no chão, encostado na lateral da cama.Ele estava com os cotovelos apoiados nos joelhos, a cabeça baixa. A respiração era lenta, pesada. Dormia — ou algo bem próximo disso.Não pude evitar de observá-lo por alguns segundos. Os cabelos bagunçados, a expressão cansada, as mangas da camisa dobradas até os cotovelos. Tinha um charme que me irritava profundamente. Ele era exatamente o tipo de homem que fazia promessas com os olhos e destruía com o silêncio.E eu estava apaixonada por ele.Uma dor aguda se espalhou no meu estômago. Talvez fosse a bebida… ou a verdade crua que vinha junto com ela.Me levantei com cuidado, tentando não fazer barulho, e segui para o banheiro. Assim que fechei a porta, me ajoelh
PamelaO cheiro do café era forte, mas não o suficiente para me fazer esquecer o gosto amargo na boca. A ressaca ainda martelava na minha cabeça, e o silêncio entre mim e Caleb deixava tudo ainda mais pesado.Estávamos sentados à mesa, frente a frente, e eu mal conseguia olhar para ele. A noite anterior insistia em voltar como flashes desconexos: a dança que não aconteceu, o cara que me puxou, Caleb chegando... e eu desmaiando feito uma adolescente inconsequente.Ele não disse nada desde que acordei. Apenas preparou o café, colocou o prato na minha frente e se sentou. Queria interpretar aquilo como uma gentileza genuína, mas a parte mais machucada de mim gritava que era só mais uma jogada para me levar de volta pra cama dele.Mas isso não vai acontecer de novo. Eu não vou mais me permitir ser usada.Foi quando a campainha tocou.Eu ergui os olhos, surpresa, mas Caleb se levantou rapidamente e foi até a porta. A expressão dele mudou no instante em que viu quem estava do outro lado.— P
PamelaO som das malas sendo fechadas ecoava no quarto como pequenas marteladas na minha consciência. Eu me movia devagar, sem vontade, como se cada dobra de roupa me lembrasse do motivo pelo qual eu ainda estava casada com Caleb.Não por amor, embora meu coração fosse teimoso.Mas por necessidade.O acordo com a família Belmont garantia que eu não perderia a casa que foi dos meus pais… e mais do que isso, a mesada que minha madrasta e minha irmã recebiam mensalmente. Era estranho — eu odiava ambas, mas odiava ainda mais a ideia de ver minha família, por pior que fosse, afundar por minha causa. Era como estar presa a uma corrente invisível, feita de obrigações e culpa.— Você não precisa arrumar nada — a voz de Caleb me tirou dos meus pensamentos. Ele apareceu na porta, apoiado com indiferença no batente, usando aquela camisa branca que sempre deixava os braços dele ainda mais atraentes, o que só me irritava mais.— Como assim?— Alguém vai vir organizar tudo. Suas roupas, seus livros
Caleb— Eu esperava mais de você, Caleb.A voz do meu pai cortou o ar como uma faca. Seca. Firme. Cheia de decepção.Eu estava sentado à frente da grande mesa de carvalho no escritório da mansão Belmont. Aquele lugar sempre me pareceu frio, mesmo com a lareira acesa. Mas hoje, o que gelava mesmo era o olhar dele. Bernardo Belmont. Meu pai. Meu modelo. E, naquele momento, meu maior acusador.— Você é um irresponsável! — ele continuou, andando de um lado para o outro como um touro bravo. — Eu coloquei minha confiança em você. Achei que o casamento com a Pamela te faria crescer, te tornaria mais maduro, mais... humano! Mas olha só pra onde você nos levou!Não falei nada. Só continuei ali, quieto, olhando para o chão.— Está em todos os sites! TV, jornais, redes sociais. Caleb Belmont, o CEO que sai de uma balada carregando a sua mulher bêbada! Isso é o que você quer ser? Um moleque mimado? Um playboyzinho que só pensa no próprio prazer?Ele me olhou nos olhos, a voz tremendo de raiva.—