Depois do almoço, Matteo decidiu levar Isabella para tomar sorvete. — A gente pode passar na sorveteria da esquina, Isabella. Aquele sorvete de morango com cobertura, lembra? — ele disse, já abrindo a porta do carro para ela como se fosse um cavalheiro da máfia. E era. — Siiiim! — ela gritou, empolgada, pulando no banco de trás. Eu fiquei em silêncio. Sentei ao lado dele, observando pelo retrovisor a menininha sorridente, tagarelando sem parar. E vi Matteo sorrindo de volta. Sorrindo de verdade. Com aquele sorriso raro, que nem para mim ele soltava com frequência. Aquela porra de sorriso que fazia o coração doer e o sangue ferver. Não era só o fato dele ser gentil com ela, era o fato dele ser diferente com ela. Um Matteo mais leve, mais disponível, mais... doce. Comigo ele era tempestade. Com ela, sol de primavera. E por mais que Isabella fosse uma criança, e eu amasse aquela menina como se fosse minha, algo dentro de mim se revirava. Ciúmes. Um sentimento baixo, mesquinho, m
O sol ainda nem tinha dado as caras direito quando senti a cama afundar do meu lado. Os lençóis estavam quentes, meu corpo exausto da noite anterior, e mesmo assim… ele queria mais. Matteo sempre queria mais. — Acorda, amore mio. — a voz dele veio baixa, rouca, daquele jeito que sempre fazia meu corpo responder antes mesmo de eu pensar. — Matteo… — murmurei, virando o rosto no travesseiro, tentando negar o óbvio — Estou dolorida. — Melhor. — ele sussurrou, beijando minha nuca, uma das mãos deslizando por debaixo do meu corpo, já procurando o que queria. — Dor significa que teu corpo lembra quem manda nele. Suspirei, dividida entre a raiva e o prazer. Ele não esperava resposta, não pedia permissão. E depois da decisão dele na noite passada, tudo em mim gritava “foge”, enquanto a outra metade implorava por mais dele. — Não precisa ser agora… — tentei de novo, mais pela hora do que por vontade. — A gente nem tomou café… Ele riu, aquele riso grave, debochado e cheio de certeza. A mã
Um mês depois... Já fazia um mês desde aquela noite em que Matteo decidiu que queria me engravidar. Um mês desde que ele deixou claro que meu corpo agora era dele, por completo, inclusive por dentro. Eu não voltei a tocar no assunto. Não questionei, não enfrentei, só aceitei. Matteo era o Don. E quando ele quer algo, ele faz acontecer. Naquela manhã, estávamos todos à mesa para o café. Isabella tagarelava algo sobre a escola, Verônica sorria, tentando acompanhar, enquanto Alessandra observava tudo em silêncio, como sempre fazia, com aquele olhar de quem já viu demais. Matteo mexia no celular, um café forte ao lado, e de vez em quando me lançava olhares que me despia sem precisar tocar. Foi quando senti de novo aquele leve enjoo. Não era forte. Mas incomodava. Uma náusea sutil, que começava no estômago e subia até a garganta. Disfarcei, levando a xícara de chá à boca. — Você está bem? — a voz dele foi baixa, mas firme. Não era uma pergunta. Era um aviso. Assenti. — Só uma indis
Esperei Isabella ir brincar no jardim. Esperei as empregadas sumirem. Esperei o momento certo. Mas com Matteo... nunca existe momento certo. Ele sempre sabe. Sempre sente. Eu estava sentada na beira da cama, as mãos entrelaçadas, as unhas marcando a palma. Matteo entrou no quarto tirando o paletó, os movimentos firmes, seguros, o homem que comanda tudo, inclusive a minha respiração. — Aconteceu alguma coisa? — ele perguntou, sem rodeios, ao me ver ali, calada. Levantei devagar. O coração batia tão alto que era quase um tambor tribal no meu peito. — Preciso te contar uma coisa. — falei, sem enrolar. Ele parou, sério. Matteo nunca foge de confrontos. — Fala. — Eu estou grávida. O silêncio foi instantâneo, cortante. Ele me encarou, o maxilar trincado, o olhar escuro mergulhando no meu. O tempo parou. — Tem certeza? — Duas linhas vermelhas. — sussurrei, com um meio sorriso nervoso. — E enjoo todas as manhãs. Não é coincidência. Ele se aproximou devagar, como uma fera prestes a
No quarto, enquanto tirava a camisa, Angeline veio atrás, com aquele olhar de reprovação que eu já conhecia bem. Braços cruzados, queixo erguido, pronta para discutir. — Você foi duro com Isabella. — ela começou, seca. — Ela é uma criança, Matteo. Cinco anos. Você precisa ter mais cautela. Revirei os olhos e joguei a camisa na poltrona. — Cautela? — ironizei. — Não sou do tipo que mede palavras, Angeline. Muito menos com minha filha. Ela precisa aprender desde cedo que o mundo não vai passar a mão na cabeça dela. — Mas você é o pai dela! Não o mundo! — ela retrucou, a voz embargada de raiva. — Você pode ensinar sem ferir. Você pode corrigir sem ser frio. — Isso é o que você pensa. Cresci com um pai que não poupava palavras, e veja onde estou. — Exatamente. — ela disparou. — Um homem endurecido, acostumado a mandar e não ouvir ninguém. Mas agora você vai ser pai de novo. E precisa entender que cada filho é diferente. Isabella já perdeu a mãe, Matteo. E eu não sou ela. Essa últim
Fechei a porta do quarto e me joguei na cama com o celular na mão. Matteo ainda estava na sala com Isabella, tentando fingir que não tinha sido grosso com a filha. Eu precisava respirar. Precisava dividir isso com alguém que não fosse ele. Toquei na chamada de vídeo. A imagem demorou, mas logo o rosto de Sofia apareceu na tela, com aquela cara séria típica de quem vive cercada de neve, armas e homens perigosos. — Até que enfim, né? — ela disse, arqueando uma sobrancelha. — Achei que Matteo tinha te trancado num porão. — Você não tá tão errada. — murmurei, tentando não rir. — Mas liguei porque... tenho uma novidade. Ela cruzou os braços, desconfiada. — Se for gravidez, eu vou desligar. Eu segurei o sorriso. — É isso mesmo. Sofia arregalou os olhos. — Puta merda, Angeline! — e depois abaixou a voz. — Desculpa, é que... sério isso? Assenti. — Confirmei hoje cedo. — Você queria? — Matteo quis. Me avisou que queria e... pronto. Eu não tive muita escolha. Foi decidido. Sofia b
Acordei com a respiração falha, o corpo reagindo antes mesmo da minha mente entender o que estava acontecendo. As mãos grandes de Matteo estavam firmes nas minhas coxas, e sua língua... ah, Deus... sua língua se movia entre minhas pernas com uma precisão que fazia meu corpo inteiro tremer. — Matteo... — sussurrei, ofegante, tentando afastá-lo com uma das mãos fracas, mais por reflexo do que vontade. — Isabella... — Já saiu do quarto. — ele murmurou entre uma lambida e outra. — Agora você é só minha. E eu ainda não comemorei porra nenhuma. Ele segurou minha cintura com mais força, me puxando contra sua boca. Gemeu baixo, como se estivesse saboreando o melhor prato da vida dele. E talvez estivesse mesmo, porque Matteo fazia aquilo com uma entrega bruta, possessiva... como se quisesse marcar cada centímetro meu com o gosto dele. Minhas mãos se agarraram aos lençóis enquanto minha pele queimava. Ele conhecia meu corpo como ninguém. Sabia exatamente onde tocar, onde lamber, onde press
O silêncio dentro do carro era sufocante. Matteo dirigia com a expressão fechada, a mão pesada no volante, como se qualquer curva fosse uma guerra. Eu, no banco ao lado, tentava controlar a náusea que já não era mais só física, era psicológica também. Estava indo confirmar o que meu corpo gritava há dias: eu estava grávida. Aos 17. Do homem mais perigoso que já conheci. Do Don. — Você está pálida. — ele soltou, sem me olhar. — Quer que eu pare o carro? — Não. Só... me deixa respirar. — resmunguei, sentindo o estômago revirar. — Você está com medo do quê, Angeline? — Ele me olhou de canto. — Eu estou aqui. A frase, dita com a voz rouca e firme, deveria me acalmar. Mas não fazia. Porque estar com Matteo significava estar em um mundo onde não existia volta. Onde decisões não eram debatidas. Onde um filho era mais do que só uma criança, era um símbolo de domínio, de legado. O hospital da máfia ficava escondido entre galpões, com fachada discreta. Matteo era recebido com reverência,