Olhou pelo retrovisor e viu aquela luz irritantemente contra seus olhos. Estava muito forte. Seu carro recebeu outro impacto e ela começou a se preocupar. Desacelerou o carro após dar passagem, mas seja quem estivesse no outro carro não fez menção de que passaria. Na verdade, continuou atrás, provocando. O que ele ou ela queria? Buzinou várias vezes e colocou a mão para fora, e então viu que aquela pessoa, seja ela quem fosse, não estava para brincadeira. Ela jogou o carro contra o seu. Uma, duas, três vezes. Ela acelerou e o outro também. Mas não ficou atrás dessa vez. Seu coração deu um pulo quando o outro carro bateu na lateral do seu carro. Um novo impacto. Fechou os olhos, forte, apertando as mãos no volante com tanta força, que dava para enxergar os nós nos dedos, e quando os abriu, estava em cima de um poste. Tentou desviar, girando o volante com desespero, mas foi pior, teve de girar novamente, tentando desviar de outro carro. E quando viu, seu carro estava batendo contra
— Não quero atrapalhar, mas eu trouxe alguém que quer muito ver você. A rosada imediatamente identificou quem estava atrás da ruiva. Ela havia se afastado um pouco para que seus olhos pudessem ver os pequeninos de roupas de frio. Ambos com moletom. Um de vermelho e a outra de cor-de-rosa. Suas cores preferidas. Havia em suas cabeças, toucas, e nas mãos, luvas. Realmente estava muito frio naquele dia. Mais do que qualquer um dia daquele ano. Mas aquilo não era o importante. E sim seus filhos. Ambos, acanhados, mas ainda assim, ela não deixou de sorrir. Ela podia entender o motivo de eles não terem se aproximado, afinal, se lembrava bem de como havia sido desde que perdeu a memória. — Eu não vou ganhar nenhum beijo? Natalie sorriu e então correu para a mãe, pulando na cama — enquanto escutava o pai dizer para tomar cuidado —, lhe deu um beijo e a abraçou, apertado. Foi correspondida de imediato, ganhando vários beijos, e a moreninha se encolheu naqueles braços, sentindo lá no fundo
— Sua teimosia supera os limites. Mia revirou os olhos ao escutar as palavras de sua melhor amiga. — Se não fosse pela ruiva, você poderia estar em uma vala qualquer. E... pouco me importa se esse é ou não o momento de palavras grosseiras. – Gesticulou, se antecipando antes de escutar uma repreensão. – Tudo bem, você estava confusa, facilmente manipulável, mas aceitar um convite daquela cobra é demais para eu aceitar. — Luna, eu já escutei um sermão... — Vai escutar de mim, e de quem mais quiser te dar sermão, e caladinha. – A cortou, vendo-a pedir um pedido mudo de socorro para seu noivo. — Não sou capaz de te defender da loira. A rosada fez um biquinho. — Ele sabe o que é bom para ele. — Estou com a loira. — Eu também. Mia então fitou seus irmãos, indignada. — O que eu posso dizer? Você fez besteira. — E das grandes. – Elliot completou. – Se aquela tal de Freya tentou te matar, imagino o que teria feito com você no dia em que aceitou sair com ela. — Não saí com ela.
— Nós vamos ter um filho. Liam sorriu, ainda que estivesse preocupado com aquela situação que estava passando com a amada, ainda assim sorriu. Estava feliz. Emocionado. Seria pai de novo. Quantas vezes quis contar isso a alguém? Quantas vezes pensou em contar pelo menos para uma pessoa, para que pudesse conversar, se livrar do que estava sentindo, principalmente. Primeiro não contou por causa da falta de memória de sua mulher e depois por causa do envenenamento. Mia já estava passando por tantas coisas, ela não precisava passar por mais uma. E ela precisava dos amigos e familiares fortes ao lado dela, e se contasse a eles o que estava acontecendo, seria bem diferente. Ninguém conseguiria esconder algo de Mia. Ela os conhecia como ninguém. Ele só passou despercebido... Vai saber por quê. Teve sorte. Muita sorte. — Nós vamos. — Seremos pais de novo. Liam tocou o rosto dela com ambas as mãos. — Sim, nós seremos. De repente, o sorriso saiu de seus lábios e seus olhos se arregalaram
Mia não conseguia parar de pensar no bebê. Não se preocupava com o que o veneno estava fazendo a ela, na verdade, se preocupava apenas com o bebê. Não podia perder outro filho. Precisava que desse tudo certo. E enquanto pensava nisso, pensava também no que gostaria de fazer com aquela pessoa horrível que a envenenou. Freya. Sabia que tinha sido ela só pelo olhar de seu noivo. Ele não disse uma palavra. Não foi necessário. Haviam descoberto que ela havia sido envenenada no mesmo dia em que sofreu o acidente. A prova havia sido a seringa e outras coisas mais que haviam encontrado no apartamento dela. Havia fotos. Dela. De Liam. Planos. Freya realmente queria sumir com ela. E isso, apenas Liam e Finn estavam sabendo por enquanto. A rosada fitou seu pai, sentado ao seu lado, lhe doando sangue. Acharam que teria um efeito melhor se fizessem daquela forma. Uma mangueira passava o sangue dele para ela. Ele não havia pensado duas vezes antes de aceitar. Havia aparecido cerca de meia hora dep
— Ela vai ser liberada, mas vai ficar de repouso. — Infelizmente. — Não seja teimosa, está bem? É pelo bem desse bebê aí dentro de você. — Eu sei, não faria nada que pudesse fazer mal a ele. – Diz ao pai, levando a mão a barriga, sentido em seguida, a mão do noivo sobre a mão dela. – Nós vamos ficar bem. — É claro que sim. Você é forte e seu filho também é. A rosada sorriu para o pai. O primeiro sorriso em tanto tempo. Ele não sabia a última vez que a viu sorrir para ele. De verdade. Com aqueles olhos verdes brilhando. E ele se sentiu tão bem. Talvez ele não devesse, não merecesse, mas estava acontecendo. E ele aproveitaria aquilo ao máximo. — Bom, eu vou indo. Não gosto de ficar muito tempo fora. – Se levantou quase ao mesmo tempo em que o filho adentrava o quarto. — Elliot. — Como está se sentindo? O médico disse para mim que vai ser liberada. — Estou bem. Ele balançou a cabeça. — Só preciso esperar que o resultado seja positivo. — E vai ser. – Fitou o “cunhado”. – F
— Você está para entrar no seu primeiro trimestre. Mia olhou para a médica loira, que tinha um sorriso nos lábios. — Sério? — Apenas dois dias. O casal trocou um olhar emocionado. — Vai precisar ser mais cautelosa. — Eu sei. — Mas estaremos acompanhando-a o tempo todo, então não tem por que não ficar bem. — Mesmo com o veneno no meu corpo?— Nós acreditamos de verdade que a transfusão que fizemos hoje deu um bom resultado. Mas é como eu disse, ficaremos de olho, então não tem porque nos preocuparmos. Mia Balançou a cabeça. — Eu sei que passou por uma gravidez complicada há anos atrás, e imagino que sua mente deve estar à mil, voltando a se lembrar desse passado, mas confie em mim, não diria nada... se não acreditasse que posso realmente cumprir. Você vai ficar bem e seu bebê também. — Eu disse. Mia olhou para o noivo.— Ela é boa, e vai cuidar muito bem de vocês. — Eu vou mesmo, ainda mais quando essa criança é tão esperada por pais tão ansiosos.— E... por falar em a
— Querida, você parece estar muito bem. Mia trocou um olhar com o namorado, mesmo sem deixar de ter seus pequenos em seus braços. Eles haviam decidido não contar a ninguém mais sobre o veneno. Não queria preocupar sua família e também sentia que já estava resolvido. Não tinha por que preocupar as pessoas, principalmente quando tinham algo muito mais importante e especial para eles saberem, então sua resposta foi apenas um sorriso e um “estou me sentindo muito bem”. Sua sogra havia feito seus pratos preferidos. Quando chegou, já estava tudo pronto. E ela tinha de admitir, estava faminta, e aquele cheiro só realçava sua fome. Agora compreendia melhor a fome que vinha sentindo e aquela água na boca que sentia quando pensava em alguma comida. Como foi com o hamburguer há alguns dias trás, como foi quando pediu um donuts no café-da-manhã. Era desejo. Bem que estranhou seu noivo não se importar e ir comprar o bendito donuts. Ele chegou com uma caixinha com quatro sabores, um mais deli